domingo, 31 de outubro de 2010

Milhares de pessoas manifestam-se em Donostia contra a tortura

Milhares de pessoas secundaram a manifestação que teve lugar ontem à tarde em Donostia para denunciar a «realidade oculta e silenciada» da tortura e exigir compromissos claros para a sua erradicação e «desmontar toda a rede que torna possível esta mácula».

A marcha partiu às 17h45 do túnel do Antiguo por entre aplausos e gritos de «Torturarik ez». Vítimas da tortura e seus familiares, representantes do TAT e familiares dos jovens independentistas detidos na última operação levavam a faixa. Muitos deles não conseguiram conter o choro.

A manifestação seguiu lentamente por entre a multidão que esperava para se poder juntar nos passeios do Kontxa Pasealuku. Duas furgonetas da Ertzaintza iam à frente, a uns 200 metros da faixa.

«Ez, ez, ez, torturarik ez» (não, não, não, tortura não), «herriak ez du barkatuko» (o povo não perdoará), «errepresioa ez da bidea» (a repressão não é o caminho) e «euskal presoak etxera» (os presos bascos para casa) foram algumas das palavras de ordem que os manifestantes fizeram ouvir.

Durante o trajecto, um grupo de pessoas representou diversos métodos de tortura como «o saco», a aplicação de eléctrodos ou «a banheira».

Em Donostia estiveram presentes, entre outros, representantes da esquerda abertzale (Jone Goirizelaia, Tasio Erkizia, Niko Moreno, etc.), do EA (Maiorga Ramírez) e do Aralar (Oxel Erostarbe, Rebeka Ubera), além de membros das organizações sociais e sindicais que apoiaram a convocatória, como a secretária-geral do LAB, Ainhoa Etxaide, e o do ELA, Adolfo Muñoz.

«Uma realidade oculta e silenciada»
A cabeça da manifestação chegou ao coreto do Boulevard pelas 18h35. Ali teve lugar o acto político, no qual os organizadores recordaram uma a uma as treze pessoas que nos últimos 50 anos morreram por causa da tortura, mencionando os seus nomes por entre os aplausos do público.

Ane Ituño e Lorea Bilbao (TAT) afirmaram que a tortura é «uma realidade oculta na nossa terra», cuja utilização «se decide às escondidas nalguns gabinetes de Madrid», e que «as centenas de testemunhos de tortura são sistematicamente escondidos e silenciados».

No entanto, salientaram que, com a manifestação de ontem e com os acontecimentos das últimas semanas – os julgamentos dos guardas civis e polícias acusados de torturar Mattin Sarasola, Igor Portu e Maite Orue –, a realidade da tortura veio a público e «demos passos importantes para superar de uma vez por todas esta violência brutal, desumana e sexista».

«Egoi Irisarri tem de ser a última pessoa hospitalizada depois de ser torturado na esquadra, não podemos permitir que os torturadores tenham impunidade para poderem enfiar mais algum saco na cabeça de um detido, nem permitir que as mulheres detidas continuem a sofrer humilhações e vexações sexuais», afirmaram.

Desmontar a rede
Para isso, consideraram necessário acabar com o regime de incomunicação e «desmontar toda a rede que torna possível esta mácula, a começar pelos gabinetes da Moncloa e a acabar nos calabouços da Polícia Nacional, Guarda Civil e Ertzaintza».

Os organizadores sublinharam que a tortura é uma decisão política e que acabar com ela tem de ser, como tal, uma decisão política. «Temos de obrigar os responsáveis políticos pela tortura a tomar essa decisão e isso requer trabalho», destacaram, ao mesmo tempo que exigiram compromissos claros e fizeram um apelo à denúncia e à mobilização.
Fonte: Gara

Mais fotos: ekinklik argazkiak

Ver também: «Uma multidão pede em Donostia o desaparecimento da tortura», de Gari MUJIKA e Maider EIZMENDI (Gara)

Milhares de pessoas nas ruas de Donostia para acabar com a tortura

Fonte: apurtu.org

Leituras

«Política basura», de Carlo FRABETTI, escritor e matemático



Mais de 5000 pessoas mobilizam-se pelos direitos dos presos num só dia

Como acontece na última sexta-feira de cada de mês, em muitas localidades bascas houve mobilizações a favor dos direitos dos presos políticos e para exigir o seu repatriamento, reunindo mais de 5000 pessoas nas que aqui são referidas.

Em Gasteiz mobilizaram-se 520 pessoas; 63 em Agurain; 27 em Araia; 25 em Zuia; 87 em Laudio; 41 em Amurrio e 45 em Urduña.

Em Bilbo, 250 pessoas concentraram-se no Arriaga e 100 em frente à Sabin Etxea; 206 em Ondarroa; 78 em Portugalete; 70 em Barakaldo; 132 em Lekeitio; 25 em Bermeo; 21 em Mundaka; 35 em Busturia; 86 em Aulesti; 31 em Sopela; 100 em Galdakao; 42 em Ugao; 20 em Berriz; 11 em Muskiz; 48 em Arrigorriaga; 11 em Sondika; 20 em Algorta; 27 em Trapagaran; 8 em Plentzia; 33 em Larrabetzu; 7 em Urduliz; 45 em Bakio e 10 em Lemoiz.

Em Iruñea foram 322; 20 em Uharte; 43 em Barañain; 18 em Gares; 47 em Lizarra; 12 em Lekunberri; 63 em Etxarri-Aranatz; 80 em Altsasu; 20 em Irurtzun; 53 em Lesaka; 30 em Irunberri e 35 em Berriozar.

Em Gipuzkoa, juntaram-se 300 em Arrasate; 35 em Deba; 65 em Soraluze; 235 em Hernani; 38 em Andoain; 32 em Urnieta; 85 em Villabona; 216 em Errenteria; 20 em Anoeta; 40 em Aretxabaleta; 20 em Alegia; 65 em Beasain; 68 em Bergara; 25 em Elgeta; 75 em Lazkao; 50 em Segura; 60 em Zumaia; 32 em Pasai San Pedro-Trintxerpe; 75 em Zaldibia; 65 em Ordizia; 57 em Usurbil; 141 em Zarautz; 89 em Azkoitia; 15 em Ikaztegieta; 13 em Zizurkil e 100 em Urretxu-Zumarraga.

Em Azpetia, na semana passada anunciaram uma nova iniciativa, que também irá decorrer na última sexta-feira de cada mês e que consistirá em formar um fila humana com bandeirolas a favor dos presos.
Fonte: Gara

A política de dispersão provoca o décimo acidente deste ano
Numa nota de imprensa, a Etxerat fez saber que na sexta-feira passada, 22 de Outubro, uma amiga do preso basco Zigor Blanco e o condutor do veículo em que viajava sofreram um acidente na Bizkaia. A rapariga que ia visitar Blanco devia ser transportada primeiro de Galdakao para Derio e, uma vez ali chegada, apanhar o carro que a levaria até à prisão de Curtis (na Corunha). No caminho, quando estavam parados num semáforo vermelho, uma outra viatura veio bater contra eles.
No regresso da visita a Curtis, a acidentada passou pelo hospital de Galdakao, onde lhe foi detectada uma contractura no pescoço e lhe colocaram um colar cervical. Sofre de tonturas. Na nota de imprensa, a associação de familiares e amigos de presos políticos bascos Etxerat denunciou mais uma vez esta situação, lembrando que a dispersão já custou a vida a 16 familiares e amigos de presos bascos.
Também fez saber que no último fim-de-semana se voltaram a perder numerosos encontros nas prisões espanholas «em consequência das tentativas de inspecção humilhante». Isso verificou-se com os familiares do preso político Javi Martinez na prisão de Jaén (onde houve protestos contra estas revistas), com os do preso Fernan Elejalde em Puerto I e com os de Iker Lima em Cáceres; em Almeria também se perderam dois encontros.
Notícia completa: etxerat.info

Ver ainda:
«A Etxerat deu a conhecer a realidade que as presas e os presos políticos bascos vivem em Copenhaga (Dinamarca)» (etxerat.info)

O Colectivo Jon Anza de Toulouse convocou uma concentração para a próxima terça-feira

Em seguida, apresentamos o comunicado que o colectivo emitiu a este propósito:

Disparition et mort du militant basque JON ANZA
Mardi 2 novembre, à 11h, rassemblement place St Etienne à Toulouse
NOUS VOULONS LA VERITE!

Ce rassemblement est organisé par le collectif Ion Anza composé par différentes organisations Toulousaines (LDH, Europe Ecologie, Front de Gauche, Les Motivé-e-s,…)

Informations relatives au cas JON ANZA
«Monsieur JON ANZA, militant de l'ETA, a disparu le 18 avril 2009 alors qu'il se rendait à Toulouse en train au départ de Bayonne, le 30 avril, de cette même année, il est trouvé, inconscient, dans le centre-ville de Toulouse et admis, sous X, au Centre Hospitalier de PURPAN, avant que son décès ne soit constaté le 11 mai 2009 et son corps entreposé à la morgue de Toulouse.

Le parquet de Bayonne, saisi de la disparition de JON ANZA depuis le 15 mai 2009, n'a été avisé de la présence du corps de JON ANZA à la morgue de Toulouse que le 11 mars 2010, date de son indentification, soit près d'un an après sa disparition. Durant cette période, le parquet de Bayonne a multiplié des démarches afin de retrouver JON ANZA, sans jamais faire le lien entre le corps retrouvé à Toulouse et JON ANZA.

Une instruction est en cours à Toulouse. Toutes les hypothèses sur les causes de sa disparition et de sa mort sont ouvertes. Compte tenu de la multiplicité des dysfonctionnement lors de l'enquête menée par le parquet de Bayonne, une des possibilités envisagée est la dérive de la coopération antiterroriste franco-espagnole qui ne saurait en aucun cas justifier d'éventuelles violations des droits reconnus à tous par la loi.

Face à cette situation de nombreuses initiatives se mettent en place pour demander que toute la vérité sur cette mort soit faite.»

Euskal Herrian, 2010eko Urriaren 29an

Fonte: askatu.org

E não param! A extrema-direita espanhola vê «txosnas sobre rodas» em Bilbo

A Câmara Municipal vai estudar o caso da «txosna sobre rodas da Komantxe konpartsa», que foi vista pelo elemento da extrema-direita espanhola Carlos García (PP).
Este partido já desautorizou algumas vezes o seu membro por causa das tiradas a propósito da questão da Aste Nagusia.
Bilbo * E.H.
O membro do PP Carlos García afirmou no seio da comissão de festas de Bilbo que a Komantxe Konpartsa, que não teve autorização municipal para montar uma txosna na última Aste Nagusia, não tinha acatado a decisão «percorrendo o recinto das festas» com um «balcão móvel» colocado «numa caravana puxada por um carro».

Fonte: SareAntifaxista

Euskal Presoak? Kalera! Etxera!


Elkartasunak ez du etenik izango! Eutsi gogor!

sábado, 30 de outubro de 2010

Membros da Mesa de Altsasu de 1977 apoiam um novo projecto político comprometido com as vias pacíficas

Altsasu foi o palco de uma conferência de imprensa carregada de referencialidade histórica, mas que olha para o futuro. Membros dos partidos da Mesa de Altsasu, criada em 1977 e que representou a primeira expressão da política de alianças da esquerda abertzale, manifestaram a sua aposta «num projecto político e organizativo democrático e, portanto, comprometido com as vias exclusivamente pacíficas e políticas». Pedem que se fundamente «na rejeição da violência como forma de alcançar objectivos políticos» tanto «no seio como fora» desse projecto. Baseado, pois, «no convencimento, na adesão democrática e na mobilização popular como instrumentos de acção política», acrescentam.

Manifesto

Editorial do Gara: «Historia, presente y futuro cercano»

Bideoa/Vídeo: http://www.gara.net/bideoak/101029_altsasu/

«Se a Mesa de Altsasu foi o grupo político que possibilitou posteriormente o desenvolvimento da Unidad Popular, hoje, em 2010, perante uma nova fase política, a memória daquela Mesa de Altsasu deve servir para dar vida a um novo projecto político e organizativo para os abertzales de esquerda de Euskal Herria. Este é o desafio colectivo nos próximo tempos políticos», afirmaram os presentes, que pertenciam ao HASI, EIA, ESB, ANV e LAIA, cujos porta-vozes foram Txomin Ziluaga, Arantza Arruti e Karmel Etxebarria. Com eles estavam também Izaskun Larreategi, Marije Ostolaza, Simón Loiola, Patxi Goenaga e muitos, muitos outros, havendo ainda os casos de alguns que não puderam acudir, como Jose Luis Alvarez Enparantza, Txillardegi.

Fazem este apelo com base numa convicção: «Neste largo período de tempo de resistência e luta, gerou-se uma consciência colectiva não assimilável por autonomismos convertidos em delegações do Governo central. Por isso, julgamos indispensável acentuar os esforços e compromissos para abrir uma nova fase política, a fase política da mudança real em Euskal Herria, a fase política do reconhecimento nacional, da soberania, a fase política em que o soberanismo e os sectores de esquerda se posicionem como via central para alcançar avanços».
Fonte: Gara

Movimentos políticos em Euskal Herria:
«O EA diz que Zapatero já não tem desculpas para vetar a esquerda abertzale»

«Os signatários do acordo de Gernika vão-se reunir com agentes navarros, de forma a conseguir novas adesões»

«Erkizia apela à "prudência e seriedade" face às tentativas de sabotar o processo»

Ver também:
«Sempre acossados mas mais vivos que nunca», de Iñaki IRIONDO (Gara)
O Estado espanhol nunca deixou de acossar o independentismo basco. Antes da ilegalização, desde o seu nascimento, as expressões políticas da esquerda abertzale foram perseguidas e os seus militantes detidos, torturados e mortos em atentados. Apesar disso, o projecto seguiu em frente e tem continuidade histórica.

Futuro com Memória - «Santi Brouard: abertzale ta sozialista»

Um exemplo. Santi Brouard, natural de Lekeitio (Bizkaia, 1919), médico pediatra e dirigente da esquerda abertzale, foi eleito pelo Herri Batasuna para o Senado, desempenhou o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal de Bilbau e, perseguido pela ditadura franquista, teve de se exilar em França em 1974. No dia 20 de Novembro de 1984 foi abatido a tiro no seu consultório de pediatria em Bilbau por assassinos a soldo dos GAL.

105 pessoas apresentaram denúncias de tortura em 2009 em Euskal Herria


A Coordinadora para la Prevención y Denuncia de la Tortura (CPDT) contabilizou, no seu relatório anual relativo a 2009, 105 denúncias de tortura em Euskal Herria, sendo que 45 se verificaram na sequência de uma detenção em regime de incomunicação.

Relatório 2009 sobre a tortura no Estado espanhol (1,7 MB)

Editorial do Gara: «El éxito del final de la tortura será vasco»

Representantes do Behatokia, Salhaketa, Eskubideak e TAT, organismos integrantes da Coordinadora para la Prevención y Denuncia de la Tortura (CPDT), apresentaram ontem em Donostia o relatório sobre a situação da tortura em Euskal Herria, no qual incluíram 29 casos de tortura, que afectam 105 pessoas.

Das 105 pessoas que denunciaram maus tratos e/ou tortura, 45 fizeram-no depois de permanecerem em regime de incomunicação (43%), o que, para esta plataforma, «confirma a necessidade de acabar com o período de incomunicação como modo de prevenir a tortura».

Por territórios, a Bizkaia registou a maior parte dos casos (nove), que afectam 54 pessoas. Em Gipuzkoa, 25 pessoas apresentaram queixas, em Araba quinze e em Nafarroa onze pessoas.

Quanto ao corpo policial que é alvo das denúncias, 43 pessoas disseram ter sido torturadas ou maltratadas pela Polícia espanhola, 37 pela Ertzaintza, 19 pela Guarda Civil, uma pela Polícia Foral de Nafarroa e outras duas por polícias locais. Em duas ocasiões, as denúncias apontam para funcionários prisionais e numa outra para pessoal de centros de menores.

O relatório não inclui todas as denúncias
Iratxe Urizar (Behatokia), Carlos Hernández (Salhaketa) e Joseba Belaustegi (Eskubideak) explicaram que no relatório não foram tidos em conta todos os casos denunciados de tortura e maus tratos de que a coordenadora teve conhecimento em 2009, já que alguns foram excluídos por pedido expresso das vítimas do maus-tratos e outros porque a informação recebida era insuficiente ou não estava suficientemente fundamentada.

Para além disso, ressaltaram o facto de que muitos casos de tortura ou agressão por parte de funcionários policiais ou de prisões não são denunciados nem nos tribunais nem em nenhuma outra instância.

A CPDT confirmou, de facto, que se mantém a tendência observada em 2008 de não denunciar as agressões sofridas pelas pessoas que participavam em mobilizações sociais, por temerem ver-se envolvidos em processos de contra-denúncias por parte dos agentes policiais e pela desconfiança em relação aos órgãos encarregues de investigar as agressões.
Por isso, insistiram que o relatório não abrange a totalidade das denúncias de tortura e/ou maus tratos.

Fonte: Gara

Tortura: Amaia Izko e Amparo Lasheras na Info7 Irratia

Hoje, manifestação nacional em Donostia, às 17h30, a partir dos túneis do Antiguo.
Torturarik ez! Não à tortura!

AMAIA IZKO
http://www.info7.com/2010/10/29/Amaia-Izko/
A advogada de Mattin Sarasola e Igor Portu avalia o julgamento, que decorreu nos últimos dias na Audiência Provincial de Donostia, de 15 guardas civis acusados de torturar os dois presos políticos bascos.

AMPARO LASHERAS
http://www.info7.com/2010/10/28/torturak/
Amparo Lasheras apresenta uma reflexão sobre a tortura no «Talaiatik». (Dispensem, por favor, os três minutos.)

Grande-Marlaska dá ordem de prisão a Iratxe Yáñez, entregue por Portugal

De acordo com a agência Europa Press, Iratxe Yáñez, que tinha sido entregue anteontem pelas autoridades portuguesas no posto fronteiriço de Caia-Badajoz, de onde foi levada para Madrid, foi presente ao juiz Fernando Grande-Marlaska, que lhe deu ordem de prisão.
Foi detida em Janeiro em Portugal juntamente com Garikoitz García, depois de uma fuga e de uma perseguição que terminaram com as suas detenções. García foi extraditado no passado dia 23 de Julho.
Fonte: Gara
O advogado de defesa denuncia a «irregularidade» da entrega de Iratxe Yáñez
O defensor de Iratxe Yáñez Ortiz de Barron considerou esta quinta-feira «anómalo» e «no mínimo irregular» que a alegada «etarra» tenha sido esta quinta-feira entregue às autoridades espanholas sem a notificação prévia e o conhecimento do seu advogado de defesa, escreve a Lusa.

Iratxe Yáñez Ortiz de Barron, 28 anos, em prisão preventiva desde Janeiro último, após ter sido detida em Torre de Moncorvo, em Bragança, juntamente com um outro alegado membro da ETA (já transferido para Espanha), foi entregue esta quinta-feira, cerca do meio-dia, pela Polícia portuguesa à Polícia Nacional espanhola, no Centro de Cooperação Policial e Aduaneiro Caia/Elvas, perto da cidade espanhola de Badajoz.

Em declarações à Lusa, José Galamba, advogado de Iratxe Yáñez, revelou que tomou conhecimento pela comunicação social da entrega da sua constituinte às autoridades espanholas, o que, em sua opinião, configura uma «situação anómala» e «no mínimo irregular», pois, por lei, tinha que ser previamente notificado da decisão.

José Galamba referiu que o mandado de detenção europeu enviado por Espanha foi deferido pelo Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) «há bastante tempo», mas com «entrega deferida», ou seja até que fosse decidido o processo de delegação de competências do Estado português para o espanhol no sentido de investigar e julgar os alegados crimes cometidos pela arguida detida em Torre de Moncorvo.

«No caso dela não fui notificado de nada. A última palavra para a delegação de competências compete ao ministro da Justiça», disse o advogado, que garante não ter sido notificado ou informado de tal despacho ministerial que é «indispensável» para a entrega da arguida às autoridades espanholas.

A agência Lusa pediu um esclarecimento sobre o assunto ao Ministério da Justiça, mas não obteve resposta até ao momento.
Fonte: diario.iol.pt

Nota: As declarações do advogado de defesa relativas ao decorrer do processo e à entrega em particular são por si só bastante elucidativas e não precisam de acrescentos. No entanto, não podemos deixar de condenar a extradição de uma cidadã basca para um Estado que é sistematicamente advertido a nível internacional pelo regime de incomunicação que aplica aos «rebeldes bascos» ou pela prática da tortura e que ainda há pouco foi condenado, a esse respeito, pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Respiram-se novos ares em Euskal Herria, os apoios internacionais são cada vez mais fortes e fazem-se sentir a diversos níveis institucionais, mas Portugal colabora servilmente e, pelos vistos, de forma irregular com aqueles que insistem na manutenção de estratégias repressivas.

«Camisetas para la ocasion» - tal & qual


Erromo auzoa, Getxo * E.H.
Na mais recente operação repressiva contra a SEGI, a que na semana passada levou à detenção de 14 jovens independentistas bascos em diferentes pontos de Hegoalde, os polícias nacionais levavam T-shirts negras. Nas costas e no peito, lia-se a seguinte inscrição:
«POLICÍA. CNP – BPI. 64.511». A identificação corresponde ao número de caderneta profissional do polícia nacional espanhol Eduardo Puelles, morto numa acção armada da organização ETA.

Fonte: SareAntifaxista via boltxe.info

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O magistrado do MP e a acusação particular põem em evidência o falso testemunho dos guardas civis

O magistrado do MP na Audiência de Gipuzkoa, Jaime Goyena, sustenta que Igor Portu e Mattin Sarasola foram torturados pelos seus captores e mantém, por isso, a acusação de crime de prática de tortura contra quatro guardas civis e de lesões corporais contra outros seis. A acusação particular solicita que os quinze agentes sejam punidos. Prevê-se que a audiência oral termine hoje.

O magistrado do MP da Audiência Provincial de Gipuzkoa, Jaime Goyena, considera provado que Igor Portu e Mattin Sarasola sofreram «torturas graves» por parte dos guardas civis que os detiveram e «custodiaram». Entende que a sua versão não oferece qualquer credibilidade e é «tudo menos plausível» em inúmeros aspectos.

Nas suas conclusões, Goyena destacou que as lesões mais graves foram provocadas por membros dos GAR quando os presos foram detidos, enquanto nas transferências participaram outros agentes, que também lhes causaram feridas, mas não tão graves. Em concreto, exime de culpas os condutores dos veículos utilizados para transferir os dois jovens, e ao responsável pela sua custódia no quartel de Intxaurrondo, ao dar-se «um vazio probatório» sobre se este soube que se estava a maltratar os detidos nos calabouços.

O magistrado criticou o facto de os guardas que não participaram nos maus tratos não terem evitado que os seus companheiros o fizessem. Salientou que os agentes «agrediram de forma deliberada» Portu e Sarasola e que as lesões foram fruto de «uma acção de agressão reiterada, continuada e unilateral», e não consequência de uma disputa.

O representante do Ministério Público disse que os acusados mentiram durante o julgamento, criticou a Audiência Nacional espanhola por não ter investigado as denúncias de tortura e também a «parcialidade» e «falta de independência» dos peritos da defesa. Também expôs as «dificuldades jurídicas» que existem para julgar os casos de tortura.

Considerou válida a versão da testemunha que presenciou as detenções e mostrou dúvidas sobre o alegado manual da ETA para denunciar tortura. O magistrado não crê que Portu e Sarasola seguissem esse suposto manual, já que considera provado que ambos foram metidos em veículos diferentes e não num, onde teriam preparado a «cantilena», como sustenta a Guarda Civil.

Por todo isto, o magistrado mantém o pedido de dois e três anos de prisão para quatro guardas civis, pela prática do crime de tortura, enquanto acusa os outros seis de um crime de lesão corporal.

Acusação particular
Por seu lado, Amaia Izko, advogada da acusação particular, também considerou provado que os dois jovens de Lesaka foram torturados pela Guarda Civil. Salientou os relatórios forenses, que consideram compatível o relato de Portu e Sarasola com as lesões que apresentavam, não assim o dos agentes.

Na mesma linha que o magistrado do MP, argumentou que não teria lógica que metessem ambos num mesmo veículo, se, como dizem os guardas, momentos antes tinham exercido uma «violência desmesurada» durante a detenção.

Pôs em destaque, para além disso, as contradições no testemunho de um dos militares e os erros de tradução existentes nos documentos policiais.

Izko mantém o seu pedido de seis a 17 anos de prisão para os quinze arguidos e solicita a mesma responsabilidade para todos, ao considerar que há «uma unidade nos factos» e não se podem fazer distinções.

Tanto a advogada de acusação particular como o magistrado do MP demonstrado que o testemunho dos guardas civis é falso, já que os tickets da auto-estrada que registaram a passagem dos jipes no dia da detenção (6 de Janeiro de 2008) não coincidem nas horas com os horários apresentados pela Guarda Civil.

Médicos e forenses reiteram a gravidade das feridas de Portu
O julgamento foi retomado hoje com o depoimento do director do Hospital Donostia, que disse que, quando chegou ao hospital, o estado de Igor Portu tornava necessário o seu internamento na unidade de cuidados intensivos (UCI). Foi ele mesmo que avisou o Tribunal de Guarda que Portu se encontrava ali, e também falou com o juiz da Audiência Nacional espanhola Ismael Moreno.

Por seu lado, o médico que deu ordem de entrada a Portu na UCI confirmou que o seu estado era muito grave, que a sua vida corria perigo e que o lesakarra lhe contou que tinha sido vítima de maus tratos.

Explicou que as feridas não tinham sido «tratadas» e que, se não recebesse tratamento médico, correria «risco de vida».

Lembrou também que Portu lhe disse que estava detido e que as lesões se ficavam a dever aos pontapés e socos recebidos.

O médico que atendeu Portu quando chegou ao hospital reiterou a gravidade do seu estado – de extrema gravidade, disse –, e afirmou que, quando deu entrada no hospital , se notava que estava cansado e que mantinha uma postura forçada, e também que o jovem lhe disse ter sido agredido.

A forense que elaborou o primeiro relatório sobre Igor Portu também verificou a gravidade das suas feridas, que o faziam correr risco de vida, segundo referiu. Contou que foi levado para ali sem T-shirt, e que a sua roupa e botas tinham pó e lama. Portu contou-lhe que tinha sido torturado e que lhe tinham tirado a T-shirt porque estava molhada. Tendo em conta o estado que apresentava, decidiu que fosse levado para o hospital, ao que os guardas responderam que sim, que tinha de ser nesse momento.
Na sua opinião, as lesões resultaram de um «agente externo».

Sobre Mattin Sarasola, lembrou que, quando o examinou, sofria de grande ansiedade e não contava nada, já que naquele estado não podia. Afirmou ainda que as feridas que apresentava não eram fruto de uma lesão provocada a si mesmo.

Tensão à entrada
Como aconteceu desde que se iniciou a audiência oral, hoje também se viveram momentos de tensão no momento de aceder à sala, uma vez que guardas civis à paisana se colocaram novamente em frente à porta para impedir que os familiares e os amigos de Portu e Sarasola entrassem. Estes fizeram queixa ao secretário judicial e, finalmente, os primeiros puderam entrar.

Fonte: Gara

Ver também: «Teve início o julgamento de cinco polícias acusados de torturar Maite Orue, que não pôde comparecer» (Gara)

«El éxito del final de la tortura será vasco» (editorial do Gara)
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Fotos: em cima, concentração em Donostia, hoje ao meio-dia, em frente ao tribunal; em baixo, concentração contra a tortura e solidária com os detidos (imagem de arquivo). 

Carta a los torturadores, de Alfredo Irisarri (*)

No hace falta que me presente, sabéis quien soy y donde vivo.

La otra noche irrumpisteis en mi hogar, rompiendo nuestra intimidad, nuestra tranquilidad, nuestra familia, pero vosotros sabéis tan bien como yo, que no rompisteis nuestra dignidad.

Mentisteis, como es habitual en vosotros, pues me asegurasteis que no ibais a utilizar ciertos métodos (la verdad, no os creí). Nos extrañó tanto tacto y corrección, pero ahora lo sé: era sólo una careta. Una careta que debajo esconde el odio y la maldad.

¿Alguna vez os han dicho vuestros padres las veces que le dije yo a mi hijo, cuánto le quería y lo orgulloso que estaba de él?

No os odio, no, es algo peor. Os tengo miedo.

¿Qué sois capaces de hacer?

(*) Alfredo Irisarri é o aita (pai) de Egoi Irisarri, detido pela Polícia espanhola
Fonte: apurtu.org

A esquerda abertzale trabalha num novo projecto organizativo

Tal como exigia a resolução «Zutik Euskal Herria», aprovada em Fevereiro pela sua base social, a esquerda abertzale está abordar o desafio de criar uma nova força política de âmbito nacional, independentista e socialista, com a qual possa participar em igualdade de condições na relação entre partidos.

Segundo o Gara pôde saber, essa força teria uma articulação organizativa democrática e um compromisso público com as vias exclusivamente pacíficas e com o repúdio do uso da violência para atingir objectivos políticos.

Na resolução «Zutik Euskal Herria», as bases determinaram que, para desenvolver a sua aposta política, «no futuro a esquerda abertzale deverá dispor de uma força política legal para a intervenção político-institucional, bem como para participar na mesa de partidos políticos onde se venha a alcançar o acordo político de resolução».

Acrescentava-se que «cabia à dita força, seja qual for o seu nome e estrutura legal, ser a referência de todos os independentistas e socialistas de Euskal Herria na prática política, de massas, ideológica e institucional a desenvolver no processo democrático».

Ontem, o representante da esquerda abertzale Txelui Moreno confirmou numa entrevista à Onda Vasca que «se está a trabalhar para sermos legais, para apresentar novos estatutos em Madrid, um novo nome e para estar nas instituições», ainda que sem apontar datas.

Na sequência, ver as secções: Independentista / Socialista / Luta Institucional e de massas / Igualdade de condições / Exigência maioritária

Ainda: Basagoiti pede uma «quarentena» e que não sejam legalizados «mesmo que digam missa»

Iñaki IRIONDO
VER: Gara

Ver também: «Aznar não quer a PAZ em Euskal Herria» (kaosenlared.net)
O ex-presidente Aznar afirma que a legalização do Batasuna seria uma derrota e que a única coisa válida é acabar com a ETA. Posiciona-se contra qualquer negociação para acabar com o conflito.

Signatários do Acordo de Gernika mobilizam-se contra a operação contra jovens independentistas

Com o lema «Aski da! Bake bidean aterabide demokratikoa orain» (Chega! No caminho para a paz, solução democrática agora), signatários do Acordo de Gernika concentraram-se ontem em Bilbo, Gasteiz, Iruñea e Donostia contra as operações policiais como as iniciadas na sexta-feira passada com a detenção de catorze jovens independentistas, encarcerados pelo juiz Grande-Marlaska depois de denunciarem maus tratos durante o período em que permaneceram incomunicáveis.



A integrante da esquerda abertzale Miren Legorburu afirmou em Donostia que a operação «mostra uma vez mais que a resposta do Estado ao novo cenário que estamos a conhecer em Euskal Herria é a repressão, sinal de que tem medo de um confronto democrático, que é o lhe temos vindo a pedir uma vez e outra», referiu, antes de fazer um apelo à sociedade para que se mobilize «contra essa lacra que é a tortura», convidando-a a participar na marcha contra a tortura que terá lugar no sábado em Donostia.

Em Gasteiz, o secretário-geral do EA, Pello Urizar, disse que as últimas pessoas detidas «estavam pelo processo de mudança que há-de trazer a paz e a normalidade a Euskal Herria».

«É preciso denunciar o facto de que, com estas actuações, a única coisa que fazem é colocar obstáculos no caminho», referiu.
Fonte: Gara

Ver também: «Protesto em frente à Câmara Municipal de Gasteiz em denúncia das últimas detenções e torturas» (kaosenlared.net)
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Em cima: imagem da concentração em Iruñea; em baixo: jovens a serem identificados pela Ertzaintza numa concentração em Gasteiz.

Leituras

«Erradiquemos juntos la tortura», de Victoria MENDOZA, psicoterapeuta

«Mentira y falacia», de Antonio ALVAREZ-SOLÍS, jornalista

«Los movimientos en Euskal Herria empiezan a desbordar los manuales de PSOE y PP», de Iñaki IRIONDO

Pau aceita o mandado europeu contra Uberka Bravo e deixa-o em liberdade vigiada

O Tribunal de Apelação de Pau aceitou o mandado europeu emitido pela Audiência Nacional espanhola contra Uberka Bravo e deixou em situação de liberdade vigiada. O mandado europeu afirma que Bravo é membro da Askapena, «organização dependente de ETA-Ekin-Batasuna», segundo o juiz Pablo Ruz, que dirigiu a operação contra o movimento internacionalista e encarcerou seis dos seus militantes.
O natural de Irun foi preso em Hendaia (Lapurdi) pelas forças policiais francesas e espanholas no dia 11 de Outubro, depois de o juiz Pablo Ruz ter solicitado a sua captura. Anteontem, o Tribunal de Pau pronunciou-se a favor do mandado europeu mas, simultaneamente, decidiu que Bravo, preso no cárcere de Seysses desde a sua detenção, fique livre sob controlo judicial.

De acordo com a sua advogada, Amaia Rekarte, que disse ainda ignorar se o seu cliente irá recorrer da decisão do Tribunal, Uberka Bravo deveria ter sido posto em liberdade na segunda-feira. «É muito curioso e bastante revelador que a Justiça francesa ponha em liberdade uma pessoa suspeita de pertencer à ETA», acrescentou Rekarte.
Ver também: «Cubillas pede para comparecer»
Notícia completa: Gara

Dois prisioneiros de Lapurdi recusam a alimentação
Os prisioneiros bascos Eñaut Aramendi e Mattin Olzomendi, encarcerados em Châteauroux, começaram a recusar a alimentação em solidariedade com os prisioneiros bascos que se encontram na prisão de Meaux, em greve de fome desde 14 de Outubro pelo facto de a juíza Le Vert não conceder autorização de visita à filha de um deles. Iker Beristain é pai de uma menina com um mês e já estava preso no momento da concepção, e a juíza, partindo do princípio de que «as relações sexuais são proibidas na prisão», não o deixa ver a filha porque não lhe reconhece a paternidade.
Concentrações
Por outro lado, para esta sexta-feira, em Ipar Euskal Herria (País Basco Norte), estão convocadas diversas concentrações para exigir a repatriação dos presos políticos bascos, nomeadamente em Maule (18h00), Baiona (18h30), bem como em Uztaritze, Hendaia, Donibane Lohizune, Kanbo, Azkaine, Senpere, Angelu e Biarritz (19h00); em Hazparne será no sábado de manhã.
Fonte: Lejpb-EHko_kazeta

Eguzki Irratia, nova temporada


Apresentação da nova temporada da Eguzki Irratia, uma rádio livre de Iruñea. Mais informação em http://www.eguzki.net/ (via apurtu.org)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Portu e Sarasola reafirmam que foram torturados pela Guarda Civil


Igor Portu e Mattin Sarasola voltaram a relatar a tortura que denunciaram anteriormente e explicaram detalhadamente os maus tratos que sofreram desde que foram detidos em Arrasate, em 6 de Janeiro de 2008. A sessão de hoje ficou concluída e será retomada amanhã.

O primeiro a depor foi Igor Portu, pouco antes das 10h00. Respondendo ao magistrado do MP, referiu que antes de serem presos não tinham qualquer ferida. Contou que foram «abordados» pelos guardas civis, que os identificaram e lhes revistaram as mochilas enquanto eles permaneciam no outro lado da estrada. Negou ainda que tenham tentado escapar, como sustenta a versão oficial.

Portu contou que os meteram em dois jipes e que, de seguida, lhes começaram a bater, sobretudo na cabeça. Depois, dirigiram-se para uma estrada florestal, onde se encontrava outro jipe. Ali, viu retirarem Mattin Sarasola do veículo e, depois de terem metido o companheiro novamente na viatura, levaram-no a ele pelo mesmo caminho. Foi ali que o agrediram de forma mais violenta, disse.

Os guardas levaram-no para um ribeiro, onde lhe meteram a cabeça e o corpo todo debaixo de água, por entre ameaças de morte. De regresso ao veículo, os seus captores disseram-lhe que esses tinham sido os primeiros 20 minutos e que ainda tinha cinco dias pela frente. Dali foi levado para o quartel de Intxaurrondo, onde os maus tratos prosseguiram, e do quartel para Lesaka, para participar nas buscas à casa dos seus pais.
Portu referiu que tinha grandes dificuldades em respirar e que no trajecto de volta a Donostia foi novamente agredido. Fez referência a pontapés e socos nas costelas e no ventre, entre outros tormentos.

Depois foi levado à presença do médico forense, não sem antes ser ameaçado caso contasse alguma coisa. Apesar disso, contou. Respondendo a questões da advogada de acusação particular, explicou que tinha hematomas por todo o corpo e o peito inchado, e foi levado para o hospital depois de o forense ter falado com os guardas civis. Ali, contou ao médico o que se tinha passado e recebeu a visita de um juiz de Donostia e também a de um da Audiência Nacional.

Mattin Sarasola
O depoimento de Portu prolongou-se até quase às 11h30 e a essa hora começou o de Mattin Sarasola. O relato que faz da detenção em Arrasate coincide com o de Portu. Respondendo a questões colocadas pelo magistrado do MP, disse que foram metidos cada qual num Nissan Patrol e que os maus tratos começaram logo ali.

Tal como o seu companheiro, foi levado para uma estrada florestal, onde, depois de o retirarem do veículo, lhe apontaram uma pistola à cabeça, ameaçando matá-lo como a Mikel Zabalza. A diferencia de Portu, referiu que não o mergulharam no rio mas sim agredido.

Sarasola disse que, depois de esperar no jipe aproximadamente meia hora, o levaram para Intxaurrondo, onde foi interrogado e torturado por agentes à paisana. Dali foi conduzido até Lesaka, e depois ao forense. Neste ponto, e respondendo à sua advogada, disse que mostrou ao médico as feridas e hematomas que tinha, mas não denunciou os maus tratos até ser presente a um juiz.

Contou que caminho de Madrid também foi constantemente agredido e que, uma vez ali, os maus tratos prosseguiram, que não denunciou ao forense da Audiência Nacional por causa das ameaças que lhe tinham feito. Referiu que, entre outros métodos de tortura, lhe aplicaram «o saco».

Testemunha da detenção
O seu depoimento terminou por volta das 12h40, e em seguida o magistrado do MP começou a interrogar uma testemunha da detenção que na altura depôs no tribunal de Bergara.
Esta pessoa confirmou que Portu e Sarasola não tentaram fugir quando foram detidos e que pensou que se tratava de uma questão de droga. Foi depois de ouvir a versão do ministro do Interior e, tendo a noção de que não coincidia com o que tinha visto, que decidiu ir ao tribunal.
A defesa dos polícias pediu que seja aberto um processo por «falso testemunho» contra esta testemunha.

A enfermeira que atendeu Portu no hospital
Depois desta testemunha, foi a vez de a enfermeira que atendeu Igor Portu no Hospital Donostia. Disse que este estava em roupa interior, e que lhe chamou a atenção o facto de, quando lhe devolveram a roupa, as meias estarem molhadas. Na consulta, havia duas pessoas encapuzadas que a proibiram de falar com o lesakarra.
O autarca de Aramaio, Asier Agirre, era para depor a seguir à enfermeira, mas, como não havia tradutor de euskara disponível, o seu depoimento foi adiado para amanhã.

Dois guardas civis «peritos»
Na sua vez, testemunharam como «peritos» dois guardas civis especialistas na luta contra a ETA, que elaboraram um relatório em que se agarram à tese da existência de supostos manuais da ETA para realizar falsas denúncias de tortura.
Estes dois agentes, respondendo à advogada de acusação particular, admitiram que o relatório foi elaborado sabendo que existia um processo a decorrer contra vários guardas civis por torturarem Portu e Sarasola e que isso podia ajudar a sua defesa.
A audiência oral foi suspensa já passava das 15h00, e prossegue hoje às 9h00.

Familiares e amigos impedidos de entrar na sala com violência
Igor Portu e Mattin Sarasola, cujo paradeiro era desconhecido ontem pelas suas famílias e os seus advogados, foram levados pela Ertzaintza até à Audiência Provincial de Gipuzkoa, onde chegaram em viaturas policiais às 9h30, segundo divulgou a Infozazpi Irratia. Foram retirados algemados dos carros e rapidamente metidos no tribunal por uma porta traseira.

A expectativa mediática que se vivia nas imediações do tribunal de Donostia por causa da transferência dos dois presos lesakarras era enorme. A zona estava completamente tomada pela Polícia.
Para além disso, a maioria dos familiares e amigos que pretendiam entrar na sala em que decorre a audiência oral não o pôde fazer, já que foram impedidos por dezenas de guardas civis que se tinham colocado à porta e que, ao contrário dos familiares, não passaram pelo detector de metais da Audiência.

Incidentes à entrada, e até apalpões
Segundo denunciaram, os agentes colocaram-se em grupo em frente à porta e, quando a abriram, pegaram-se com os amigos de Portu e Sarasola que pretendiam entrar, empurrando-os e agredindo-os, chegando a atirar ao chão uma mulher de idade. Também apalparam algumas mulheres.

Nem os trabalhadores da Audiência nem a Ertzaintza intervieram e o resultado foi que todos os militares puderam entrar na sala, enquanto os familiares e amigos ficaram do lado de fora, excepto alguns familiares directos, que entraram por outra porta. «Foi selvajaria pura e dura», afirmaram.
Depois do que se passou, vários advogados apresentaram uma queixa na Audiência Provincial.
No interior da sala, a tensão também era palpável entre familiares e amigos dos dois jovens lesakarras e guardas civis.
Fonte: Gara
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Adenda (27/10): «Os médicos forenses que examinaram Portu e Sarasola desmontam a versão da Guarda Civil» (Gara)
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Entrevista: «Este julgamento deve ser um impulso para acabar com o regime de incomunicação» (apurtu.org)
Amaia Izko, advogada dos presos políticos Igor Portu e Mattin Sarasola, analisa nesta entrevista o julgamento dos quinze guardas civis acusados da prática de tortura.
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Ver também:
«Guardia zibilek torturatu egin zituztela berretsi dute Portuk eta Sarasolak» (Berria)

«Concentração do LAB em Lesaka contra a tortura» (Gara)
Em virtude de estar a decorrer o julgamento dos guardas civis acusados de torturar Igor Portu e Mattin Sarasola, o LAB realizou uma concentração ontem ao meio-dia em Lesaka (Nafarroa). Para quinta-feira está convocada uma outra em Donostia, na San Martin kalea, em frente ao tribunal.

O Olhar de Tasio

Tasio (Gara)

Grande-Marlaska dá ordem de prisão a mais nove detidos na operação contra a SEGI

O magistrado da Audiência Nacional Fernando Grande-Marlaska decretou prisão incondicional, ontem à noite, para nove dos dez jovens independentistas que ontem passaram pelo seu tribunal: trata-se de Igarki Robles, Julen Zuaznabar, Ainara Ladrón, Xabat Morán, Ikoitz Arrese, Imanol Beristain, Imanol Salinas, Xabier Arina e Egoi Irtisarri. Marina Sagaztizabal tem de pagar uma fiança de 10 000 euros para poder escapar à prisão. Todos eles se juntam aos quatro que já tinha encarcerado no dia anterior: Ander Maeztu, Xabier Bidaurre, Rubén Villa e Ibon Esteban.


Os 14 jovens, que as autoridades espanholas relacionam com a Segi, foram detidos na sexta-feira numa operação levada a cabo em Euskal Herria e Barcelona – Sagaztizabal foi presa na capital catalã.

Denúncias de maus tratos
Horas antes de este último auto de prisão vir a público, o Movimento pró-Amnistia tinha informado que os jovens encarcerados no dia anterior afirmaram ter sofrido maus tratos físicos e psicológicos nas mãos da Polícia espanhola.

No caso de Maeztu, o jovem iruindarra contou que foi alvo de agressões por todo o corpo e que lhe aplicaram o método conhecido como «o saco», quase até ficar sem respirar. No período de incomunicação, foi também alvo de pressões e ameaças, segundo denunciou. No caso dos outros três jovens, os maus tratos foram de natureza psicológica: pressões e ameaças constantes e simulacros de aplicação do «saco».

Jornada de mobilizações
A primeira reacção foi a da esquerda abertzale, que denunciou de forma «veemente» o encarceramento dos treze jovens e dos três que o Governo italiano entregou na sexta-feira passada à Audiência Nacional. Insistiram também na ideia de que a operação representa «um ataque contra o cenário que se está a criar em Euskal Herria». Por isso, desafiaram as pessoas a virem para a rua e denunciar o ataque, e também a «construir um cenário democrático» através da mobilização dos cidadãos.

Para além disso, anteontem à tarde, os grupos signatários do Acordo de Gernika compareceram em Donostia para afirmar que não vão ficar calados face a estas operações e que «chegou o momento de dizer ao Governo espanhol que 'já chega'». Com esse objectivo, convocaram para hoje quatro concentrações: às 19h00 em Iruñea e às 19h30 em Bilbo, Donostia e Gasteiz.

Às concentrações da tarde há que somar a paralisação e as mobilizações convocadas pela GazteHerriak, com o lema «Gazte altxa!» (jovem, levanta-te!), em centros educativos e universidades bascas entre as 11h30 e as 12h30. O Presoen Aldeko Taldea já anunciou que levará a denúncia a todos os campus.

Em Santurtzi (Bizkaia), jovens independentistas, além de reivindicarem a liberdade do seu conterrâneo Asier Rodríguez e dos outros detidos, referiram que este era alvo, há já dois anos, de «contínuas ameaças e vigilâncias».

Em Getxo (Bizkaia), os eleitos da esquerda abertzale apresentaram na segunda-feira no registo municipal uma moção pela liberdade dos detidos na última operação dirigida por Grande-Marlaska para que seja tratada na sessão plenária que tem lugar na sexta-feira. Um dos presos pela Polícia espanhola, Imanol Beristarin, é habitante do bairro de Erromo, onde se foram efectuadas buscas na sede da Branka Kultur Elkartea. No texto solicita-se a liberdade dos jovens independentistas e pede-se que a Câmara Municipal desafie o Executivo de José Luis Rodríguez Zapatero a cessar estas operações jurídico-policiais.

No capítulo das mobilizações, na segunda-feira em Elgoibar (Gipuzkoa), de onde é natural Ainara Ladrón, 115 pessoas manifestaram-se, tal como o fizeram ontem. Em Burlata (Nafarroa), uma assembleia informativa em que participavam 75 moradores teve de ser dissolvida em virtude da presença da Polícia. Em Sestao (Bizkaia), apesar de a Ertzaintza ter identificado um dos assistentes, 90 pessoas participaram numa assembleia. Em Galdakao (Bizkaia) foram 150 os habitantes que se mobilizaram contra a operação. Em Astigarraga (Gipuzkoa), pelos presos, concentraram-se 90.

Fonte: Gara via boltxe.info / Gara

Fotos: Manifestação contra a operação policial em Bilbau (Branka) / Manifestação em Elgoibar (Gara)

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Adenda: «Egoi Irisarri teve de ser hospitalizado durante o período de incomunicação, na sequência dos maus tratos sofridos» (apurtu.org)
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Entrevista à advogada Jaione Karrera (apurtu.org)

Udalbiltza: os processados pedem ao tribunal que «não feche as portas aos horizontes de paz»


Os 21 cidadãos e cidadãs julgados na Audiência Nacional espanhola desde 15 de Julho pelo trabalho desenvolvido na Udalbiltza receberam o apoio de uma ampla representação política e social basca que se deslocou até à capital espanhola no último dia da audiência oral.

Os arguidos tiveram hoje a oportunidade de intervir pela última vez, ficando agora a aguardar pela sentença. Maribi Ugarteburu e Joseba Garmendia fizeram uso da palavra em nome de todos, e dirigiram-se ao tribunal para lhe pedir que «não feche as portas aos horizontes de paz» em Euskal Herria, depois dos acontecimentos das últimas semanas.

«Pedimos, rogamos que não seja este tribunal a fechar esse futuro que se vislumbra melhor para todos e todas aqui e lá», manifestou Ugarteburu, depois de destacar que a Udalbiltza «não nasceu contra nada nem contra ninguém», mas como «um instrumento válido nessa busca da paz, que ainda não terminou».

Garmendia insistiu nesta vertente e pediu ao tribunal que os julgou que «não coloque barreiras» aos instrumentos «para aprofundar a democracia e a paz».

Ambos negaram que a Udalbiltza seguisse directrizes da ETA e lembraram que os polícias que depuseram na audiência oral não puderam provar qualquer ligação entre os processados e a organização armada basca.

«Surpresa. Aqui diz-se que somos da ETA mas somos sem o saber», referiu.
Antes da intervenções de Ugarteburu e Garmendia, os advogados de defesa apresentaram as suas conclusões.

A sentença, não antes de um mês
Assim, Kepa Landa insistiu no facto de só existir uma Udalbiltza e não duas, como defendem as acusações, e negou valor aos depoimentos dos polícias «peritos» por não serem imparciais, já que participaram na instrução do processo. Criticou ainda a Dignidad y Justicia pelo facto de se ter limitado a «cortar e colar» os relatórios policiais e do magistrado do MP.

Por seu lado, Jone Goirizelaia insistiu nas irregularidades que se verificaram nas intervenciones telefónicas, nas quais as acusações sustentam as suas teses.

O presidente do tribunal, Javier Gómez Bermúdez, disse que a sentença não será pública antes de um mês.

Fonte: Gara

Fotos: UDALBILTZA (Berria)

Ver também: Udalbiltza Auzia (blog relacionado com o processo movido contra a instituição nacional basca)

Askapena: número 14 do «boga!»: «O nosso agradecimento, o nosso compromisso»



O número 14 do boga! é composto por uma pequena crónica do «dia do internacionalismo», uma jornada político-festiva anual que a Askapena realiza, e por uma secção em que fazemos alusão a todas (?) as mensagens e manifestações de apoio e solidariedade que nos fizeram chegar, após o ataque político-judicial que deixou oito militantes internacionalistas a aguardar julgamento na Audiência Nacional espanhola, seis dos quais na prisão.

Fonte: askapena.org

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Grande-Marlaska interroga os primeiros jovens independentistas e os signatários de Gernika unem-se contra as detenções


Enquanto os jovens detidos pela Polícia espanhola iam passando, incomunicáveis, perante o juiz, os grupos signatários do Acordo de Gernika deram uma conferência de imprensa em Donostia para afirmar que não vão ficar calados perante estas operações e que «chegou o momento de dizer ao Governo espanhol que 'já chega'». Com esse objectivo convocaram para amanhã quatro concentrações: às 19h00 em Iruñea, e às 19h30 em Bilbo, Donostia e Gasteiz.

Adenda: Dos quatro jovens independentistas encarcerados, um denuncia tortura física e os outros maus tratos psicológicos (Gara)

Os signatários do Acordo de Gernika vão levar para as ruas a exigência de que se acabe com as operações como a de sexta-feira. Para amanhã, convocaram concentrações às 19h00 na Praça do Município, em Iruñea, e às 19h30 no Boulevard de Donostia, na Praça do Arriaga, em Bilbo, e na Praça da Virgem Branca, em Gasteiz. Nelas, vão passar a mensagem de que são necessárias «soluções democráticas» e de que, como tal, «chegou o momento de dizer ao Governo espanhol que 'já chega'. No caminho para a paz, é preciso acabar com a perseguição ideológica», diz o texto.
Trata-se de um documento acordado e que foi apresentado ontem na conferência de imprensa. Da sua leitura encarregaram-se membros dos colectivos juvenis que, numa clara resposta às tentativas de intoxicação em torno desta operação, recordaram que «os jovens independentistas subscreveram o Acordo de Gernika, dando um sinal claro do seu compromisso com um novo cenário político».

«Não nos podemos calar perante isto», realçaram numa conferência de imprensa em que estiveram presentes, entre outros, Rufi Etxeberria (esquerda abertzale), Pello Urizar (EA) e Ainhoa Beola (Aralar). Depois de expressarem a sua preocupação relativamente à forma como os jovens poderiam estar a ser tratados na esquadra, acrescentaram: «queremos olhar para o futuro. Queremos construir um cenário em que o diálogo traga consigo a paz e as soluções democráticas, e que sejam respeitados os direitos humanos, bem como os direitos civis e políticos».

«Para tal é necessária uma situação de ausência de violência. Queremos uma situação em que não haja operações policiais, em que a juventude basca, a sociedade em geral, possa desenvolver as suas actividades políticas em igualdade de condições».

Marlaska manda para a prisão os quatro primeiros
Os catorze detidos na sexta-feira estão a ser conduzidos à presença do juiz Fernando Grande-Marlaska desde ontem de manhã cedo, mas, uma vez que o procedimento vai continuar hoje, isso ocorreu em absoluto segredo. Todos permanecem incomunicáveis. Só ao início da noite as agências deram conta de que quatro jovens tinham deposto na presença do juiz e que este os tinha mandado para a prisão, embora se desconheça se a decisão é definitiva ou se ficam à espera de que os restantes deponham. Trata-se de Xabier Bidaurre (Galdakao), Rubén Villa (Sestao), Ibon Esteban e Ander Maeztu (ambos de Iruñea).

Na parte da manhã, familiares dos detidos tentaram reunir-se com o Defensor do Povo do Parlamento navarro, cuja atitude criticaram, pois não os recebeu nas últimas visitas. «Há um mês viemos com os familiares de Roxika Iriarte, Joxe Aldasoro e Eneko Compains. Não nos quis receber. Hoje vamos entregar-lhe os seus testemunhos de tortura», afirmaram.

E mais disseram: «os juízes ordenam as detenções sob regime de incomunicação graças a leis aprovadas pelos políticos espanhóis. Os polícias estão incumbidos de torturar durante cinco dias de total obscuridade. Os juízes recorrem a isso para encarcerar e condenar. Os políticos voltam a tapar os olhos e aplaudem a eficácia policial. E o papel de instituições como o Defensor do Povo é o de silenciar, garantir impunidade».

À tarde repetiram-se as mobilizações, que em muitos casos estão a ser diárias. A mais tensa ocorreu em Sestao (Bizkaia), onde ertzainas, ali chegados em duas furgonetas, fizeram identificações, primeiro, e se colocaram depois em duas filas para «insultar e empurrar os manifestantes com as pontas das espingardas, numa atitude bastante provocadora», segundo denunciaram os participantes, cerca de uma centena.

Contra as detenções e pelos presos houve 140 pessoas em Astigarraga, 160 em Erromo, 120 em Santurtzi (especialmente por Asier Rodríguez), 73 em Ondarroa, 21 em Ataun, 25 em Zornotza, 55 em Laudio, 8 em Euba, 22 em Otxarkoaga, 14 em Zaldibar, 21 em Altza e 17 em Añorga. Em Bergara houve intensos protestos também desde sexta-feira, quando se manifestaram 400 pessoas. Amanhã haverá paralisações nas escolas e uma manifestação. E o Presoen Aldeko Taldea levará o seu protesto para os campus.
R.S.
Fonte: Gara

Ver também:
«Os signatários do Acordo de Gernika convocam mobilizações para quarta-feira» (ezkerabertzalea.info)

«Familiares dos detidos denunciam o silêncio do Defensor do Povo perante o regime de incomunicação» (apurtu.org)