Os 14 jovens, que as autoridades espanholas relacionam com a Segi, foram detidos na sexta-feira numa operação levada a cabo em Euskal Herria e Barcelona – Sagaztizabal foi presa na capital catalã.
Denúncias de maus tratos
Horas antes de este último auto de prisão vir a público, o Movimento pró-Amnistia tinha informado que os jovens encarcerados no dia anterior afirmaram ter sofrido maus tratos físicos e psicológicos nas mãos da Polícia espanhola.
No caso de Maeztu, o jovem iruindarra contou que foi alvo de agressões por todo o corpo e que lhe aplicaram o método conhecido como «o saco», quase até ficar sem respirar. No período de incomunicação, foi também alvo de pressões e ameaças, segundo denunciou. No caso dos outros três jovens, os maus tratos foram de natureza psicológica: pressões e ameaças constantes e simulacros de aplicação do «saco».
Jornada de mobilizações
A primeira reacção foi a da esquerda abertzale, que denunciou de forma «veemente» o encarceramento dos treze jovens e dos três que o Governo italiano entregou na sexta-feira passada à Audiência Nacional. Insistiram também na ideia de que a operação representa «um ataque contra o cenário que se está a criar em Euskal Herria». Por isso, desafiaram as pessoas a virem para a rua e denunciar o ataque, e também a «construir um cenário democrático» através da mobilização dos cidadãos.
Para além disso, anteontem à tarde, os grupos signatários do Acordo de Gernika compareceram em Donostia para afirmar que não vão ficar calados face a estas operações e que «chegou o momento de dizer ao Governo espanhol que 'já chega'». Com esse objectivo, convocaram para hoje quatro concentrações: às 19h00 em Iruñea e às 19h30 em Bilbo, Donostia e Gasteiz.
Às concentrações da tarde há que somar a paralisação e as mobilizações convocadas pela GazteHerriak, com o lema «Gazte altxa!» (jovem, levanta-te!), em centros educativos e universidades bascas entre as 11h30 e as 12h30. O Presoen Aldeko Taldea já anunciou que levará a denúncia a todos os campus.
Em Santurtzi (Bizkaia), jovens independentistas, além de reivindicarem a liberdade do seu conterrâneo Asier Rodríguez e dos outros detidos, referiram que este era alvo, há já dois anos, de «contínuas ameaças e vigilâncias».
Em Getxo (Bizkaia), os eleitos da esquerda abertzale apresentaram na segunda-feira no registo municipal uma moção pela liberdade dos detidos na última operação dirigida por Grande-Marlaska para que seja tratada na sessão plenária que tem lugar na sexta-feira. Um dos presos pela Polícia espanhola, Imanol Beristarin, é habitante do bairro de Erromo, onde se foram efectuadas buscas na sede da Branka Kultur Elkartea. No texto solicita-se a liberdade dos jovens independentistas e pede-se que a Câmara Municipal desafie o Executivo de José Luis Rodríguez Zapatero a cessar estas operações jurídico-policiais.
No capítulo das mobilizações, na segunda-feira em Elgoibar (Gipuzkoa), de onde é natural Ainara Ladrón, 115 pessoas manifestaram-se, tal como o fizeram ontem. Em Burlata (Nafarroa), uma assembleia informativa em que participavam 75 moradores teve de ser dissolvida em virtude da presença da Polícia. Em Sestao (Bizkaia), apesar de a Ertzaintza ter identificado um dos assistentes, 90 pessoas participaram numa assembleia. Em Galdakao (Bizkaia) foram 150 os habitantes que se mobilizaram contra a operação. Em Astigarraga (Gipuzkoa), pelos presos, concentraram-se 90.
Fonte: Gara via boltxe.info / Gara
Fotos: Manifestação contra a operação policial em Bilbau (Branka) / Manifestação em Elgoibar (Gara)
Adenda: «Egoi Irisarri teve de ser hospitalizado durante o período de incomunicação, na sequência dos maus tratos sofridos» (apurtu.org)