sábado, 10 de dezembro de 2005

Inaxio e Imanol torturados: Estado espanhol terrorista!

Inaxio Olabezela e Imanol Uria ainda não acreditam em tudo o que lhes aconteceu no passado fim-de-semana. Depois de jantarem em casa de uns amigos em Iruñea, depois da manifestação proibida, encontraram-se perante uma carga policial e foram detidos. Depois de passarem duas noites na esquadra, ambos saíram com hematomas e traumatismos, e no caso de Uria, com uma ferida na fronte que teve de levar dez pontos. Este, para além do mais, foi detido nas dependências policiais.

No sábado tinham ido à manifestação convocada por organismos sociais e vários sindicatos a favor dos direitos civis e políticos. A mobilização nem chegou a iniciar-se. A Delegação do Governo tinha-a proibido.

O assunto ficou por ali e ambos os jovens foram jantar em casa de uns amigos. Por casualidade nesse mesmo sábado fecharam a casa juvenil okupada de Errotxapea e, pela noite, realizou-se uma manifestação de protesto na Parte Velha de Iruñea. Enquanto jantavam escutaram uma carga policial.

Ao sair de casa, Olabezela encontrou dois agentes da Polícia espanhola junto ao portão. "Vai-te embora para ali", disseram-lhe, e explica que assim o fez. "Meti-me num bar e, de imediato, entraram vários polícias. Estava perto da porta. Começaram a golpear-me, agarraram-me e levaram-me para o fundo ao pontapé. Meteram-me as algemas. Já na carrinha, obrigaram-me a pôr-me de joelhos num canto. Recebi golpes e insultos como "filho da puta, etarra", relatou ao Gara Olabezela.

Uma vez na esquadra, contou que teve de estar durante duas horas a olhar para a parede com as algemas postas. "Disseram-me que não voltasse a cabeça, e cada vez que desviava o olhar davam-me golpes na cabeça, costas e pescoço", denunciou ao mesmo tempo que mostrava os hematomas ainda visiveis.

"Um dos polícias disse-me literalmente "vamos-te torturar porque aqui tortura-se", destacou o jovem zarauztarra.

[...]

A prisão de Uria produziu-se quando foi à esquadra saber do seu amigo e viu como o prendiam. Sublinha que entrou sem um arranhão e saiu com dez pontos na fronte. "Pediram-me o BI, mostrei-o e comunicaram-me que estava detido, sem saber porquê. Não queriam que lhes visse a cara. Deram-me golpes por todos os lados. Estando encolhido, deram-me um forte golpe que me estampou contra a parede. Comecei a sangrar bastante. Apesar do meu estado, na carrinha não pararam de me pontapear e insultar. "Tu mereces dois tiros na cabeça, como fazem vocês", diziam-me", relatou Uria a este diário.

Já no hospital, a enfermeira quis saber como tinha acontecido semelhante ferida, e ao explicar-se um dos agentes "disse-lhe que não fizesse caso porque "é um terrorista". No centro sanitário inteirou-se de alguns dos crimes que se lhe acusa, entre eles, "desacato", "agressões" e "insultos".


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