terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Operação Ogro, 32 anos depois

Há 32 anos amanhecia em Madrid como habitualmente. Franco, que tomou o poder através de uma guerra que matou mais de um milhão de pessoas, prosseguia a sua política fascista. Inúmeros presos políticos enchiam as prisões espanholas, a censura silenciava a comunicação social, os partidos políticos tinham de se movimentar na clandestinidade, os povos do Estado espanhol viviam na miséria.


Luís Carrero Blanco, Primeiro-Ministro, um dos pilares do sistema repressivo, dirigia-se, como habitualmente, à Igreja de São Francisco de Borga. Não sabia ele que se instalara, desde há meses, um comando da ETA na capital espanhola. Os combatentes bascos alugaram um andar na rua que dava acesso à Igreja e, durante semanas, abriram um túnel que findava por baixo da estrada.


Momentos antes um electricista parecia arranjar o sistema eléctrico num dos edificios junto à Igreja. O electricista não era mais que um dos mais emblemáticos dirigentes da ETA, Argala, que fazia as últimas ligações entre os sistemas explosivos.


Carrero Blanco e um guarda-costas eram conduzidos pelo seu motorista rumo à Igreja quando um militante da ETA, num café, fez explodir o subsolo, através de um sistema de controlo remoto. A potência da bomba era tal que o automóvel do Primeiro-Ministro saltou pelos ares e foi parar às traseiras da outra rua. Era o começo do fim do franquismo.