segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Atentado em Madrid

No dia 30 de Dezembro, um atentado destruiu parte importante de um bloco do parque de estacionamento do Aeroporto de Barajas, em Madrid. Uma hora antes, um anónimo alertou para a colocação de artefactos explosivos no local no sentido de se evacuarem todas as pessoas. O anónimo disse falar em nome da organização independentista basca ETA.

Zapatero, o presidente do governo espanhol, anunciou a interrupção de qualquer tipo de diálogo com as organizações independentistas bascas. Os jornais repetem-lhe o discurso noticiando que o processo de paz foi interrompido pelas bombas. É, aliás, dessa forma que o Diário de Notícias titula a informação dada sobre o atentado.

Na verdade não foi o atentado que interrompeu o processo de paz mas sim a inacção dos governantes espanhóis que em quase um ano de cessar-fogo da ETA não mostraram qualquer interesse em alcançar a paz. Há que encarar os factos com seriedade, a ETA foi a única das partes que trabalhou pelo fim da violência. Calou as armas durante meses a fio. O Estado espanhol, pelo contrário, manteve a sua postura repressiva. Manteve a ilegalização de organizações independentistas bascas, não houve qualquer mudança na política penitenciária (os cerca de 700 presos políticos continuam nos cárceres e dispersos), continuaram as prisões a militantes independentistas, reprimiu manifestações, torturou cidadãos e em nenhum momento mostrou querer uma paz negociada com base no direito à livre escolha por parte do povo basco. Foi isso mesmo que o Batasuna denunciou após ter declarado que os atentados não devem bloquear a construção de um processo que conduza à paz.

No Estado espanhol prosseguem as manifestações contra a ETA e contra o processo de paz. Não admira que tal aconteça num ambiente de constante contaminação e mentira por parte dos órgãos de comunicação social.