O comício em solidariedade com os presos políticos estava marcado para ontem. O estádio de Anoeta, em Donostia, o lugar escolhido, estava bloqueado por centenas de 'ertzainas' [polícia autonómica basca] e havia postos de controlo montados pela guardia civil no sentido de impedir a aproximação das pessoas. As ruas circundantes foram, no entanto, poucas para suster os milhares de pessoas que aí acorriam. Foi então que impossibilitado o comício, por proibição das autoridades espanholas, se iniciou uma manifestação improvisada.
As pessoas desfilaram e protestaram gritando por independência, pela libertação de Iñaki de Juana Chaos e contra o PNV e a polícia. Durante meia hora sentaram-se no chão e terminaram o protesto cantando o 'Eusko Gudariak' [hino basco]. Logo de seguida, uma brutal carga da polícia fez dezenas de feridos. Uma mulher de 50 anos foi atingida por uma bala de borracha no tórax e um homem de avançada idade desmaiou. Algumas pessoas encontraram um jovem inconsciente depois de ter sido agredido pela polícia. Foram ainda detidas duas pessoas, uma das quais está no hospital por ter sido espancado durante a detenção. Também foi detido um membro da delegação internacional convidada para o comício.
Naturalmente, a revolta instalou-se. Dezenas de contentores foram atravessados na estrada e incendiados. Contra os disparos da polícia, os manifestantes utilizaram pedras em legitima defesa. O final de uma manifestação pacifica que exigia a democracia no País Basco acabou com a única resposta que deu o Estado espanhol durante 9 meses de cessar-fogo da ETA: repressão e mais repressão.
Fotos: El Mundo
Texto: Com Gara