[De Manuel Augusto Araújo] Maio 68 é a não-revolução que marca o fim de uma época, inicia uma outra em que a ideia de revolução se fragmenta em lutas importantes para mudanças na evolução das sociedades, mas que deixam intocadas as suas fundações.
Maio 68 é o momento nuclear desse processo. Uma revolução sem programa político, uma revolução sem revolucionários que faz um sobre investimento no existencial.
Faz isso enquanto abre o caminho para processos ousados que introduzem novas formas de luta na longa luta das mulheres, na nova luta pelos direitos dos homossexuais e, de forma embrionária, nas lutas ecológicas. Abrirá o caminho para novas frentes, a interrupção voluntária da gravidez, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, etc.
Faz isso mas também um desinvestimento em identidades instituídas o que produz uma paisagem aleatória em que se interroga o significado do que é político. As frentes de luta abertas por Maio 68, que se assumem como fracturantes, mesmo quando centrais de uma alteração de atitude social, não são mudança social, nem estão realmente empenhadas em transformações sociais radicais. (Abril)