[De Manuel Pires da Rocha] Acontece, porém, que o que importa perceber na correria dos Caretos, na sonoridade do seu chocalhar, nas cores vivas do trajar, na austeridade endiabrada da máscara, não é o potencial turístico do fenómeno, mesmo que a ele não seja possível fugir. O que interessa perceber é a ligação daquelas figuras à cultura agrária que as gerou, celebrando a abundância que a conjugação dos elementos naturais com o suor dos humanos havia de assegurar.
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O Entrudo celebra a transformação. Do velho em novo, da escassez em abundância, espalhando pelas ruas de Podence – que ali representam o vasto mundo – sacerdotes de cores garridas afrontando os deuses e suas proibições. (avante.pt)