segunda-feira, 2 de março de 2020

«Em Podence, o Entrudo»

[De Manuel Pires da Rocha] Acontece, porém, que o que importa perceber na correria dos Caretos, na sonoridade do seu chocalhar, nas cores vivas do trajar, na austeridade endiabrada da máscara, não é o potencial turístico do fenómeno, mesmo que a ele não seja possível fugir. O que interessa perceber é a ligação daquelas figuras à cultura agrária que as gerou, celebrando a abundância que a conjugação dos elementos naturais com o suor dos humanos havia de assegurar.
[…]
O Entrudo celebra a transformação. Do velho em novo, da escassez em abundância, espalhando pelas ruas de Podence – que ali representam o vasto mundo – sacerdotes de cores garridas afrontando os deuses e suas proibições. (avante.pt)