Numa declaração dirigida à cidadania basca, a Mesa Nacional do Batasuna reflecte sobre os últimos acontecimentos registados em Euskal Herria e sobre a situação gerada pela aposta repressiva do Estado espanhol. “Não pretendemos negar que não nos fizeram mossa, porque é evidente que, uma vez mais, isso aconteceu. Mas, a cada golpe que nos dão, levantamo-nos novamente”, asseguram.
Depois de reconhecerem que trabalhar em prol do projecto independentista “nunca foi fácil na história recente de Euskal Herria – e a prova é a opressão e repressão sofridas pelo povo basco nas últimas décadas –” e que a situação actual é “bastante dura”, consideram que “há razões para a esperança”. Concretamente, assinalam que se vive “momentos de mudança” em que se colocam duas opções a Euskal Herria: “Seguir presos na jaula da Constituição na sequência de uma nova fraude ou alcançar uma situação democrática que abra de par em par as portas da independência. A esquerda abertzale, juntamente com os sectores populares e os trabalhadores, está disposta a levar esta segunda opção até ao final”.
Em seu entender, as bases para percorrer esse caminho “já estão assentes: dar a palavra ao povo para resolver o conflito, a territorialidade e atingir um cenário em que todos os projectos políticos possam concorrer em igualdade de condições”.
Depois de destacar que a esquerda independentista “não vê a curto prazo, mas considera antes os seus objectivos políticos”, e que sempre se soube adaptar às condições políticas de cada momento, a Mesa Nacional manifesta com clareza que a sua “arma mais eficaz consiste em continuar a trabalhar nas cidades, aldeias e bairros com diversas dinâmicas. A esquerda abertzale, através do trabalho e da luta, será capaz de levar a este povo até à independência”.
“No tempo dos GAL, e agora”
Na sua declaração, o Batasuna afirma que “são tempos para o compromisso e para a luta”, momento de “unir forças a favor da independência e em resposta à situação de excepção que Euskal Herria vive”. E, nesse contexto, enquadra a greve geral convocada para hoje, apelando ao conjunto dos cidadãos e, especialmente, a “todos os abertzales e progressistas” para que adiram.
Em relação aos processos de ilegalização e à última batida contra membros da esquerda independentista, recordam que nos últimos anos “foram incessantes as interpelações para que participássemos na vida política; e agora, em 2008, perseguem, atacam e ilegalizam a esquerda independentista, e prendem os seus militantes por fazerem política. No tempo dos GAL e de Felipe González diziam-nos que devíamos participar nas instituições, e agora, com Zapatero, mediante a ilegalização, indicam-nos que nos é impossível fazer política”.
O Batasuna considera ainda que a política repressiva do Governo espanhol, que conta “com a colaboração dos sectores regionalistas encabeçados pelo PNV”, pretende “acabar com o movimento que luta pela independência e pelo socialismo”.
Fonte: GARA