sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Makazaga, Adin e Galarraga, em liberdade depois de ‘erros’ de Madrid

Iñigo Makazaga e Ainhoa Adin sairam em liberdade anteontem. Eneko Galarraga, na semana passada. A sua libertação foi apenas noticiada, mas anteriormente as detenções alcançaram um grande mediatismo. Dos poucos que ontem saíram, houve títulos como este: “Ainhoa Adin: de estar entre as etarras mais procuradas, a sair em liberdade sem pena”.
“A Polícia francesa detém em Hendaya Ainhoa Adin, uma das mais procuradas em Espanha”, podia ler-se na semana passada em informes do Governo espanhol. Afirmava-se que Adin estava “fugida” desde Março de 2001, para além de apresentar como prova que era a “companheira do etarra Iastorza Dorronsoro, que fazia parte dum comando criado em 1994”, algo que não está confirmado.
Algo semelhante aconteceu no caso de Galarraga: “Detido em França o presumível etarra Eneko Galarraga, um dos mais procurados”, podia ler-se há sete dias. Na notícia, assegurava-se, sem dúvidas, que este morador de Villabona “se dedicava ao recrutamento para a ETA”.
As informações baseavam-se em fontes do Ministério do Interior ou directamente policiais. Sem dúvida, Adin e Galarraga viviam com total normalidade em Hendaia e Urruña, respectivamente. E durante esse período de suposta “fuga” chegaram a formar família. Adin, por exemplo, tem três filhos.
Adin foi posta em liberdade na quarta-feira, depois de a Polícia francesa a ter capturado um dia antes na sua casa em Hendaia. No que diz respeito a Eneko Galarraga, o Tribunal de Primeira Instância de Pau decretou na terça-feira a sua liberdade. Tinha sido detido em casa. A libertação foi apenas notícia.
Maior tinha sido o silêncio sobre Iñigo Makazaga. Ao contrário da sua prisão em Inglaterra, em 2001, que foi muito falada. Na Audiência Nacional era acusado “de colaboração com grupo terrorista”, “posse de explosivos” e “assassinato terrorista em grau de tentativa”.
Makazaga saiu anteontem em liberdade, depois de passar mais de seis anos na prisão, cinco deles em cárceres de Inglaterra. A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola solicitava uma condenação de dez anos de prisão e uma sanção monetária de 300 000 euros como indemnização e dez anos mais fora da sua terra natal. Mas a audiência de terça-feira não chegou sequer a realizar-se, um acordo entre as partes acordou os anos de cativeiro do morador de Gasteiz. Foi imposta uma condenação de três anos e três meses de prisão, por já ter cumprido mais do dobro da pena imposta, Makazaga recuperou a liberdade e voltou a Euskal Herria.
A esquerda independentista de Irun juntou-se, ontem, aos parentes de Adin e denunciou esta detenção. Afirmaram que este sucesso evidencia “o estado de excepção de que sofre Euskal Herria” e, em concreto, situaram as detenções de Adin e Galarraga dentro do “ataque contra o colectivo de refugiados”.
A seu ver, tanto o Estado espanhol como o francês “valendo-se da repressão, pretendem debilitar o independentismo basco”. Não obstante, destacaram que “estão enganados” e afirmaram que esta estratégia “só tornará mais amplo o conflito político e armado”.
Iñigo Makazaga, morador de Gasteiz foi preso pela Polícia britânica a 25 de Abril de 2001 no porto de Dover, Inglaterra. Passou cerca de cinco anos na prisão de Belmarsh, em regime de segurança especial e sofrendo duras condições de vida. Em Fevereiro de 2006 as autoridades inglesas deram avalo à sua extradição para o Estado espanhol, onde a Audiência Nacional o acusava dos delitos de “colaboração com grupo terrorista”, “posse de explosivos” e “assassinato terrorista no grau de tentativa”. Uma vez no Estado espanhol, cumpriu mais dois anos de prisão preventiva até sair em liberdade na terça-feira. No total, quase sete anos de prisão para três de condenação.
“Uma das mais procuradas, a mais sanguinária… mãe de três filhos e vivia com normalidade”
Os parentes de Ainhoa Adin compareceram ante os meios de comunicação para denunciar as “intoxicações, manipulações e mentiras” que se difundiram sobre ela. Explicaram que a jovem vivia com total normalidade em Hendaia e que durante esse tempo foi mãe de três filhos. “Essa é a realidade e não outra”, afirmaram.
“A outra realidade – prosseguiram – é que Ainhoa teve de abandonar a sua casa em Hernani por causa da detenção da sua amiga e companheira de casa, Iratxe Sorzabal”. Recordaram as torturas brutais denunciadas por Iratxe nas mãos da Guardia Civil e lembraram que as “declarações arrancadas” a Sorzabal provocaram mais detenções e processos judiciais.
Os familiares, acompanhados por membros da izquierda abertzale de Irun asseguraram que se ser independentista e de esquerda é um crime, “Ainhoa é culpada”, não só, mostraram-se “muito orgulhosos” disso.
Para finalizar, exigiram aos meios de comunicação a “imediata rectificação” das afirmações sobre Adin e instaram-nos a não continuar “nessa linha”.

em GARA