sexta-feira, 28 de março de 2008
Eleitos independentistas vincam a sua legitimidade face às moções de censura
“Porque nos querem afastar da gestão municipal?”, perguntaram os eleitos independentistas a quem deseja apresentar moções de censura e aos que apoiam essa proposta. Na sua opinião, o verdadeiro motivo para a exclusão é a tentativa de acabar com a prática política que demonstra que há uma alternativa para construir este povo a partir da esquerda. “O nosso modelo de povo, de país, confronta o daqueles que impulsionam as moções de censura”.
Representantes eleitas e eleitos independentistas explicaram ontem, em Donostia, o seu posicionamento relativamente à moção de censura que o PSE pretende apresentar contra a presidente do município de Arrasate. Compareceram perante os meios de comunicação o vice-presidente do município de Pasaia e os presidentes dos municípios de Lezo, Antzuola, Urretxu, Legazpi, Usurbil, Azpeitia, Hernani e Arrasate. Em nome de todos, tomaram a palavra Iñaki Zabala e Marian Beitialarrangoitia, primeiros edis de Urretxu e Hernani, respectivamente, dirigindo-se “aos que se empenham em apresentar moções de censura e aos que apoiam essa proposta”, e recordando-lhes que o facto de a EAE-ANV estar a trabalhar em municípios e instituições resulta de uma decisão tomada pelos cidadãos nas eleições de 27 de Maio. “Apesar das ilegalizações, das agressões e de todo o tipo de dificuldades”, recordaram que receberam o apoio de quase 200 000 cidadãos e cidadãs, e que em vários municípios foram a lista mais votada.
“A legalidade e a legitimidade foram-nos conferidas pelos cidadãos e pelas cidadãs. Fomos a opção mais votada pelos residentes de Arrasate, e é precisamente pelo apoio da cidadania ao nosso projecto político e programa municipal que hoje ostentamos o município de Arrasate”, assinalaram. Por isso, consideraram que todas as moções de censura que se possam apresentar contra si vão também contra o desejo e a vontade dessa parte da cidadania que neles votou, contra a democracia, o respeito pela decisão dos cidadãos. Apreciaram estas actuações no contexto da estratégia repressiva que o PSOE mantém contra a esquerda abertzale, considerando que as moções de censura são mais um instrumento de repressão contra a esquerda independentista, e denunciaram uma lei de partidos que procura “levar a cabo um apartheid político nos municípios, afastando do caminho a esquerda abertzale para que o PNV e o PSOE possam materializar uma nova fraude neste país”.
Zabala indicou que as decisões de desfazer os governos municipais em que participa a EAE-ANV não são algo inédito. Recordou que essas atitudes e receitas “foram frequentemente utilizadas neste povo para isolar e criminalizar a esquerda independentista”, e afirmou que hoje é mais evidente que nunca que são estratégias fracassadas, “decisões que não nos levam a lado nenhum ou, melhor dito, que nos levam a afastarmo-nos da verdadeira solução do conflito”.
Os eleitos independentistas crêem que o PSE propõe receitas que já fracassaram porque “nem as ilegalizações, nem as agressões, nem a repressão, nem a criminalização, nem as mensagens para nos isolar, nem as vias policiais conseguiram acabar com a esquerda abertzale”. Por isso, “se alguém pensa que a solução é possível marginalizando a esquerda independentista, como tem acontecido até agora, estará equivocado”, avisaram.
Raízes firmes
“O que as eleições de 9 de Março evidenciaram é que a esquerda abertzale é um sector político firmemente enraizado neste povo e que, mesmo nas situações mais difíceis, conta com o apoio de milhares e milhares de cidadãs e cidadãos bascos”, avaliaram os eleitos independentistas.
PNV, EA, Aralar e EB “deverão tomar as suas próprias decisões”
Os representantes eleitos independentistas comunicaram ao PNV, EA, Aralar e EB que não lhes vão pedir que não apoiem as moções de censura. Indicaram que estas formações políticas deverão decidir se se unem a quem “impôs a este povo um novo estado de excepção” ou se optam por respeitar a decisão da cidadania e trabalham pelo diálogo sem exclusões. “Todos e todas sabemos que a chave está em abordar as raízes do conflito político e armado, e que as condenações de um lado ou do outro não vão solucionar o problema”, asseguraram.
Fonte: GARA