O ponto alto da jornada foi o comício que teve lugar ao fim da tarde na tenda principal, onde os jovens independentistas Ainara Bakedano e Ion Telleria reafirmaram que Euskal Herria é um povo que “pensa, exerce e se constrói como tal”. Afirmaram que “só a construção de um Estado basco e socialista garantirá todos os direitos deste povo”, pelo que se comprometeram a lutar por esse objectivo, com a organização como ferramenta.
Com uma plateia imensa, os primeiros a entrar em cena foram as personagens da Constituição espanhola e o galo, símbolo da República francesa – os protagonistas do spot feito para dar a conhecer este Topagunea. O grande livro rojigualdo (vermelho e amarelo), com um inequívoco e gracioso acento andaluz, congratulava-se pelo trabalho realizado pelos estados espanhol e francês para “aniquilar e colonizar” Euskal Herria, citando Txiberta, os tempos dos GAL, as euro-ordens, a repressão dos últimos meses... Os grandes ecrãs que se encontravam na tenda exibiam imagens que mostravam o percurso de Euskal Herria nos últimos anos, e que iam recebendo apupos ou aplausos dos presentes.
Tanto a intervenção das personagens como o vídeo transmitido tornaram-se manifesto da situação actual de Euskal Herria, que, no entender dos jovens independentistas, se resume a duas opções: a submissão à Constituição espanhola e à República francesa, por um lado, ou a independência de Euskal Herria, por outro.
Dezenas de jovens subiram ao palco para destruir os símbolos estatais, acreditando, assim, que a independência é a sua opção política.
Sete jovens provenientes de cada uma das províncias que constituem Euskal Herria tomaram a palavra para exigir, cada um, desde a sua mais próxima realidade, um marco democrático para Euskal Herria.
Os jovens independentistas destacaram que a única proposta que existe hoje em dia é a Proposta do Marco Democrático, defendida pela esquerda abertzale (independentista). No comício, explicaram ainda o seu conteúdo, detalhando as duas autonomias com direito a decidir sobre as em que se constrói a alternativa; uma para as províncias ao norte do Bidasoa e outra para as quatro a sul. Assim, depois de recordar que esta proposta possibilita materializar todos os projectos políticos, destacaram que traria consigo a resolução do conflito político e armado que sofre este país, dando lugar ao “retorno a casa dos refugiados e presos políticos”, segundo afirmaram.
Com o hino da Internacional como fundo, os membros da delegação internacional tomaram a palavra. Os jovens palestinos e curdos explicaram a situação de ocupação e submissão que sofrem, enquanto um jovem irlandês fez referência especial aos processos de resolução.
Os dantzaris tiveram a seu cargo a parte final do comício, onde um vídeo emotivo deu conta da “situação miserável” que sofrem tanto a juventude como os cidadãos de Euskal Herria. Precariedade, acidentes laborais, universidades submetidas aos interesses económicos, criminalização de movimentos juvenis como o Gaztesarea ou Kaskagorri, terras destruídas por construções… Sucederam-se, um depois do outro, como espelho da situação actual. Por oposição, o vídeo também mostrou a luz, o trazer à cena da luta o movimento juvenil de Euskal Herria. A resposta trazida às ruas de Donostia no passado 12 de Outubro, aquando da convocatória fascista, a luta pelo direito à habitação ou contra o processo de Bolonha foram recebidas com aplausos.
O momento mais emotivo chegou pela mão do escritor exilado Joseba Sarrionandia, que, através de uma gravação, saudou os jovens comprometidos e incentivou-os a prosseguir a luta pela independência e pela construção de um Estado basco. Afirmou ainda que é essa a via para “nos encontrarmos todos em casa”. A emoção do momento converteu-se em risos e alvoroço quando a tenda, repleta, começou a saltar ao ritmo do “Sarri Sarri”.
O final do comício foi dirigido por Telleria e Bakedano, que asseguraram não haver alternativa senão “conseguir a independência para Euskal Herria”. Sublinharam que a luta levada a cabo durante anos chegou a uma etapa onde “se deve escolher entre continuar sob o jugo dos estados espanhol e francês ou optar pela independência”. E afirmaram que hoje “não existem terceiras hipóteses”.
A seu ver, a maioria social de Euskal Herria está de acordo tanto sobre o direito a escolher a sua própria cidadania como sobre a articulação territorial do país e a metodologia, baseada no acordo e no diálogo, para superar o contencioso político. Na opinião da juventude independentista, os estados espanhol e francês opõem-se frontalmente a estes eixos, pelo que incentivaram a lutar contra esta imposição.
Asseguraram que a juventude basca é capaz de construir o seu próprio futuro, como está a fazer durante quatro dias neste Gazte Topagunea 2008.
“A luta e a organização são o caminho”, afirmou Telleria, antes de destacar que “ninguém poderá travar” uma juventude comprometida com a construção do Estado socialista basco.
Fonte: GARA