domingo, 27 de abril de 2008

Julgamento contra o Movimento Pró-Amnistia: acusados afirmam que a AN “é parte interessada na negação dos direitos de Euskal Herria”

Josu Beaumont e Julen Larrinaga compareceram hoje em Donostia acompanhados por outros 18 elementos constituídos réus no processo contra o movimento pró-amnistia e reafirmaram a decisão que deram a conhecer na última segunda-feira, coincidindo com o início do julgamento, de renunciar à sua defesa. No momento em que tinha início o julgamento na Casa de Campo, os acusados tornaram público, através da página de Internet www.askatu.org, um manifesto no qual explicavam o seu posicionamento perante o julgamento.

De acordo com o que expuseram, decidiram dar “passos concretos” no âmbito do seu objectivo de “erguer um muro contra a repressão”, e esta renúncia à defesa é um deles, com o qual pretendem mostrar a sua “total convicção” de que o movimento pró-amnistia vai ser condenado neste processo e de que os direitos democráticos básicos como o de reunião, associação ou mobilização não podem ser julgados num tribunal.

“Pensamos que essa batalha já está ganha em Euskal Herria”, onde existe “uma convicção maioritária de que a Audiência Nacional actua por impulsos políticos e é mais um braço da aposta repressiva do Estado”, acrescentou Larrinaga, que explicou ainda que agora pretendem destacar que o debate não deve girar em torno da questão da legalidade do movimento anti-repressivo, “mas antes da ilegalidade da repressão”.

Sentados atrás de uma mesa em que figurava a fotografia de Maite Díaz de Heredia, os acusados matizaram que a sua renúncia à defesa não significa que não vão “denunciar politicamente o referido tribunal” nem apresentar como testemunhas “presos políticos e os seus familiares” para que relatem os seus casos.

Também consideraram “significativo” que um dos membros do tribunal que os julga, Juan Francisco Martel Rivero, seja o que “mais casos de tortura arquivou” na Audiência Provincial de Madrid “sem requerer nenhuma investigação” sobre essas denúncias.

Larrinaga realçou, além disso, que a própria presidente do tribunal que os julga desde a segunda-feira passada, Teresa Palacios, tenha dito que eles não julgam “ideologias mas actividades supostamente delitivas”, algo revelador, na sua perspectiva, da necessidade do tribunal sair em sua própria defesa.

Denunciou também o silêncio mantido pelos partidos políticos em volta do julgamento e fez uma comparação com o modo como estes se envolveram no denominado “caso Atutxa”.

Por último, os acusados fizeram um apelo aos cidadãos para que participem na jornada de mobilização prevista para a próxima sexta-feira.


Fonte: Gara