sábado, 21 de outubro de 2017

Novo processo: 600 anos de cadeia para 48 solidários com os presos

A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola pede 590 anos de prisão para 48 pessoas acusadas de participar em organizações de defesa dos direitos dos presos políticos bascos como Herrira, Etxerat ou Jaiki Hadi. Neste processo também estão incriminados advogados e interlocutores com o EPPK. O braço judicial do Regime de 78 volta a não surpreender.

Numa altura em que os representantes do Regime de 78 anunciam, a propósito da Catalunha, que Espanha é solidária e que nela todos cabem, o seu braço judicial voltou a não surpreender, solicitando elevadas penas de cadeia para 48 pessoas acusadas pelo tribunal de excepção espanhol de «integração» na ETA ou «colaboração» com ela, pelo trabalho que realizaram em defesa dos presos políticos bascos no âmbito de vários organismos, como o Herrira, a associação de familiares Etxerat e a associação de médicos e psiquiatras Jaiki Hadi.

Este sábado, alguns deles abordaram a questão numa conferência de imprensa em Donostia, acompanhados por representantes do mundo sindical, político e social basco. Esta semana já tinha vindo a público que as penas solicitadas eram altas e, hoje, os presentes na capital guipuscoana disseram que rondam os 600 anos de prisão no total, com a Procuradoria a pedir entre oito e 20 anos de cadeia para cada um dos incriminados.

Recordaram que, no Outono de 2013, a Guarda Civil levou a cabo a operação contra membros do movimento solidário Herrira. Depois, foram detidos advogados que tinham a seu cargo a defesa dos presos políticos bascos, bem como os interlocutores do EPPK (colectivo de presos), membros da associação de familiares Etxerat e da associação Jaiki Hadi, que trabalha no âmbito da saúde. Foram detidas 48 pessoas, 11 das quais estiveram presas preventivamente.

Os envolvidos neste processo afirmaram estar «muito preocupados» com a situação, para cuja «gravidade» querem chamar a atenção. Reafirmaram o carácter «público e transversal» do seu trabalho «em defesa dos presos e da paz», algo que, em seu entender, «não pode ser crime».

Operação contra o Herrira e repressão policial em Hernani, 2013Ver: ahotsa.info