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A Espanha que não hesita em usar toda a parafernália estatal para impedir um referendo é a mesma que há meses acusava a Venezuela de não querer permitir um referendo opositor que se realizou sem qualquer ingerência por parte do governo de Nicolás Maduro.
E a Europa que acusava Hugo Chávez de se lançar numa deriva totalitária por acabar com a limitação de mandatos é a mesma que agora celebra a eleição de Angela Merkel para o quarto período eleitoral como chanceler.
Não há, de facto, dúvida de que a democracia só vale quando ganham os deles. Foi assim na Irlanda quando o eleitorado votou contra as alterações constitucionais para integrar as decisões do Tratado de Lisboa. Meses depois, celebrou-se um novo referendo sob uma pressão mediática sem precedentes que acabou por inverter o resultado dando vitória ao «sim». (Abril)