[De António Santos] O fascismo não entra pela sala adentro com certidão do notário e uma suástica na testa a apresentar-se «Nazi Fascismo, muito prazer».
O nazi-fascismo não acontece quando as SA se lembram de vir para a rua de bota cardada e corrente na mão. É preciso uma legião de pessoas que não se interessem por política e que, por isso, não queiram saber se o super-herói justiceiro é anti-semita ou neonazi. A ideologia é uma sensaboria para os beatos do homem-forte porque o que interessa é que ele faz e acontece: pula escorreito as alpondras da lei e da política e faz, pelas próprias mãos, sem precisar de burocracias nem direitos nem de outras dilações maçadoras, a justiça da multidão.
Quer-se, portanto, máxima publicidade de cada auto-de-fé. Para gáudio da turba dos devotos, não nazis, mas pessoas assustadoramente normais: eles são o nosso primo, a nossa colega de trabalho e aquele tio que não gosta de política mas que gosta de ver o cigano que bateu num cãozinho a levar na tromba.... ou pelo menos alguém disse que bateu: se bateu ou não bateu mesmo é só outra sensaboria. (manifesto74)