sábado, 19 de janeiro de 2019
«Cultura e ilusão»
[De Manuel Augusto Araújo] É nesse território que a cultura actual floresce, numa terra de ninguém, e a arte, essa utilidade do inútil, perde o sentido de ser a utilidade da vida, da criação, do amor, do desejo que transforma a vida. Há que resistir, resistir sempre e sem vacilações para que a cultura e a arte se recentrem na vida e encontrem aquilo que podem e querem fazer com os seus materiais e instrumentos, sem se entregarem nas mãos do mercado, recusando-se a responder às suas exigências de gerar lucro normalizando-se pelas imposições do consumo imediato e padronizado onde se afoga o espírito crítico e, em paralelo, não se deixem colonizar pela política banalizando-se nas vulgaridades em que se afunda a invenção e a descoberta, que é o que distingue a arte. (Abril)