segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A Askatasuna revela mais casos de espionagem e perseguição policial

Oihana LLORENTE |

Depois de desvendar novos episódios de espionagem e perseguição policial contra membros da esquerda independentista, a Askatasuna sentenciou que este país padece «um absoluto estado de excepção».

Xabin Juaristi, apoiado por uma vintena de pessoas que foram ou são objecto de perseguição policial, qualificou estas práticas de «terrorismo de Estado» e deduziu que o objectivo, que pretendem alcançar os estados espanhol e francês, com este tipo de métodos não é outro senão «impedir o caminho para a independência».

Numa conferência de imprensa realizada em Donostia, o representante da Askatasuna assegurou que estes factos de «assédio, intimidação e vulneração de direitos básicos são mais uma amostra da cruel aposta repressiva realizada» por parte dos estados espanhol e francês.

«Tudo vale contra este país»

Com os testemunhos arrepiantes dados a conhecer pela boca de suas vítimas, Juaristi lembrou as «torturas selvagens» denunciadas por Igor Portu e Mattin Sarasola, as continuas ameaças de ilegalização ou os ataques contra o Colectivo de Presos Políticos Bascos. Afirmou que cada um destes elementos não é mais do uma que uma peça da «estratégia delineada por Paris e Madrid para acabar com o independentismo basco».

O representante da organização anti-repressiva não hesitou em sublinhar que estes testemunhos «lembram os tempos mais obscuros da brigada político social da era franquista». Deste modo, alertou de que, tal como então, agora também «tudo vale na estratégia repressiva contra Euskal Herria».

Neste sentido, Juaristi denunciou a «extrema impunidade» dos estados. Uma impunidade que, em seu entender, está baseada «na supressão de todos os direitos» e que é o «núcleo da aposta repressiva que lançaram os executivos parisiense e madrileno».

Alertaram ainda que se está a verificar «uma legalização tanto da vulneração de direitos como do emprego de métodos ilegítimos» em dependências policiais e por parte da própria Audiência Nacional espanhola.

A Askatasuna denunciou com mágoa esta aposta repressiva e indicou que estas fórmulas estão orientadas para «punir a militância, induzir o medo na população, semear a auto-censura, assim como para obter informação política a fim de condicionar o trabalho político e social de Euskal Herria». Não obstante, Xabin Juaristi foi mais além e assinalou que o verdadeiro fim desta investida repressiva é «evitar que o caminho para a independência seja realizável».

A organização anti-repressiva fez finca-pé de que este tipo de práticas tem uma definição concreta tanto em dicionários como em enciclopédias, assim como em todos os países do mundo, e referiu que esse significado não é senão «terrorismo de Estado».

Como ponto final da conferência, a Askatasuna realizou um duplo apelo tanto àqueles que padecem de uma situação similar à exposta ontem como a todos os cidadãos bascos no geral.

Dirigindo-se em primeiro lugar às vítimas da perseguição policial, Xabin Juaristi incentivou-os a contactarem a organização anti-repressiva para realizar a correspondente denúncia. Da mesma forma, convidou os cidadãos de Euskal Herria a mobilizarem-se «contra esta mácula de impunidade, repressão e do tudo vale contra Euskal Herria».

A importância de continuar a lutar

Aitor Aranzabal, depois de relatar a perseguição de que sofreu na própria carne, assegurou que toda esta estratégia tem um único fim e, em sua opinião, não é senão a de «recordar e fazer sentir a todo momento que a espada de Damócles pesa sobre as nossas cabeças».

O companheiro especificou que com esta estratégia pretendem «fazer-nos sentir vulneráveis e em perigo constante. E tudo isso – prosseguiu -, para que estas sensações condicionem o nosso trabalho diário».

Não obstante, dirigindo-se a todos os que põem em marcha este tipo de práticas contra a esquerda abertzale [independentista], avisou que «estão muito equivocados» e afirmou que a esquerda independentista «não se afastará nem um só milímetro da sua iniciativa política».

Aranzabal insistiu na necessidade de lutar e afirmou que só o compromisso com os direitos nacionais deste país «levarão Euskal Herria à liberdade».

Fonte: Gara