A plataforma Haur Eskolak Euskaraz, criada em Fevereiro de 2007, apresentou um relatório sobre a situação das escolas infantis em Iruñea [Pamplona], no qual se conclui que no ciclo dos 0 aos 3 anos continua a existir uma situação que não satisfaz a procura em geral. Mas aquilo que mais chama a atenção é a “grave discriminação” a que são sujeitos os pais e as mães que optam pelo euskara. Os dados são claros: dos 15 centros existentes, as 12 escolas infantis em castelhano têm capacidade para acolher 977 crianças (65% do total); os dois únicos centros em euskara oferecem 172 vagas (11%); e os três em regime de castelhano-inglês podem receber 358 (24%). Por outras palavras, por cada lugar em euskara, o Município dirigido por Yolanda Barcina (UPN) oferece dois em inglês.
O cenário é este porque a situação se arrasta, e nem sequer é possível conhecer a demanda real porque muitos pais partidários da língua basca desistem de solicitar uma vaga quase inalcançável. A aproximação mais fiável consiste em analisar as pré-matrículas para o ciclo seguinte, ou seja, dos 3 aos 6 anos. Neste caso, o modelo D, em euskara, é opção para 1268 crianças; em castelhano, para 1288; e em inglês, para 437. Partindo destes dados, pode-se fazer uma extrapolação para o ciclo anterior, o dos 0 aos 3 anos, verificando-se que só se dá resposta a 7% da procura de euskara, enquanto a percentagem de castelhano é de 22,80% e em inglês sobe até aos 69,50%.
E a discriminação linguística ganha força com o tempo. Nos últimos quatro anos começaram a funcionar três novas escolas infantis. Todas em castelhano-inglês. No ano lectivo de 2004-05, a Câmara Municipal tinha previsto abrir um novo centro em Errotxapea e, perante essa perspectiva, formou-se uma plataforma para exigir que se atendesse à demanda de euskara. Numa sondagem realizada, 63% das famílias mostraram-se a favor desta língua. Contudo, a Câmara optou pelo centro «Hello Rochapea», em vez do «Kaixo Errotxapea», proposto pela plataforma. No ano de 2007-08 passou-se o mesmo com o «Hello Azpilagaña», com a agravante do estabelecimento directo da gestão privada do centro.
Outros dos grandes problemas relacionados com a educação infantil em Iruñea tem origem na distribuição geográfica. Como existem poucos centros, estes deveriam encontrar-se distribuídos da maneira mais equilibrada possível, para atenderem a todas as zonas da cidade. Neste aspecto, a educação em castelhano é a mais bem preparada, uma vez que, como foi afirmado, dispõe de 12 dos 15 centros existentes, seguida pela de castelhano-inglês, com três centros também bem distribuídos. Ao invés, os dois únicos centros em euskara estão num mesmo bairro: Txantrea. A plataforma Haur Eskolak Euskaraz, na sequência de numerosas mobilizações, propôs, como medida a curto prazo, a redistribuição dos modelos nos centros disponíveis, tendo em atenção a procura existente.
Em Donibane: pouca atenção à procura da língua basca, mas em inglês sobram vagas
O último centro habilitado para as idades entre 0 e 3 anos foi o Colégio de Ensino Infantil e Primário José María Huarte, no bairro de Donibane. Em Novembro de 2007, abriu-se a pré-matrícula com uma oferta de 112 vagas para inglês. Só receberam 15 respostas, pelo que decidiram ampliar o prazo de inscrição. Contudo, no final, não houve mais de 30 inscritos, tendo sobrado 82 vagas. Isto, num bairro onde não há sequer oferta de euskara para as crianças entre os 3 e os 6 anos, o que obriga os moradores txikis [pequenitos] a deslocarem-se até a Sanduzelai ou Iturrama, e os mais pequenos ainda, dos 0 aos 3, até Txantrea (do mesmo modo que o resto das famílias de Iruñea). As famílias, os moradores em geral e outros grupos de Donibane mobilizaram-se, criando uma plataforma que exige a possibilidade de estudar em euskara no seu bairro. Como sublinham a partir do movimento, “pagamos com os nossos impostos a construção de novas escolas de Educação Infantil, sem que possamos aceder aos serviços que prestam”. Jasone MITXELTORENA
Fonte: Gara