quinta-feira, 1 de maio de 2008

Terceira “moção ética”, terceiro fracasso em cinco dias


A chamada “moção ética” que o PNV e PSE andam a apresentar conjuntamente em Hego Euskal Herria [parte sul do País Basco], com o objectivo de afastar a ANV dos municípios, foi desta vez debatida em Bergara, numa sessão plenária aberta ao público, depois de já ter sido rechaçada em Arrasate e Hernani. Tal como em Arrasate, os promotores da iniciativa (PSE e PNV) voltaram a ficar sozinhos nas suas pretensões, na medida em que apenas dois dos cinco vereadores jeltzales (os outros ausentaram-se) e os três do PSE votaram favoravelmente. Os votos contra dos seis representantes da ANV e dos três do Aralar, e a abstenção do vereador do EA inviabilizaram a proposta.

Apoio à presidente do município

O debate da “moção ética” correspondeu ao ponto 17 da sessão plenária aberta ao público e que se iniciou pelas 19h30. Numa Câmara Municipal a abarrotar, os simpatizantes da EAE-ANV receberam com aplausos a presidente, Agurne Barruso, e os restantes edis da formação, enquanto exibiam cartazes onde eram patentes lemas como “Euskal Herrian demokrazia zero” [Democracia zero no País Basco] e “Guk, independentzia” [Somos pela independência]. À chegada dos vereadores da oposição, fizeram-se ouvir entoando “ANV aurrera” [ANV, força], “Não nos calam”, e exigiram “democracia para Euskal Herria”.

Nenhum dos grupos tomou a palavra para explicar a sua votação, excepto a EAE-ANV, que, através da presidente do município, defendeu o seu voto contra a iniciativa do PSE e do PNV com “a legitimidade” que lhe deu o povo de Bergara “para estar à frente da Câmara”, mostrando ainda a sua determinação em continuar no cargo até ao final da legislatura. Depois de insistir que as moções de censura “não contribuem para a paz e a normalização”, afirmou que “o PNV e o PSE querem disfarçar com ética e moral o pacto que realizaram”. Referiu, além disso, que as moções de censura “não vão trazer nada de bom e vão causar dano à convivência”. A intervenção da primeira edil foi recebida com aplausos por parte do público, e já passava das 20h30 quando a sessão plenária teve o seu fim, com os presentes a entoarem o «Eusko Gudariak».

O direito à palavra

Do mesmo modo que em Arrasate, o Município outorgou a possibilidade de qualquer pessoa poder intervir. E a oportunidade não foi desperdiçada. Com serenidade, sem perder a calma, dirigindo-se primeiro aos representantes do PSE e depois aos do PNV, chamando-os pelos nomes próprios e dando a entender que se conhecem bem, um bergararra instou-os a explicar perante os cidadãos se crêem realmente no que a sua própria moção afirma. Concretamente, se assumem que os edis ekintzales [ANV] não possuem dignidade, ética e moral. Não houve resposta, mas ele continuou. Aos do PSE, perguntou-lhes quem criou e impulsionou os GAL, quem gere a política penitenciária nos dias de hoje, quem dá amparo à tortura, quem promove a Lei espanhola de Partidos..., recordando as suas consequências. Da mesma maneira, actuou contra a formação jeltzale [PNV], com um discurso que concluiu afirmando que “o que não é legítimo é tentar por outros caminhos o que não conseguiram com os votos dos cidadãos”. A segunda intervenção foi a estocada final para estes vereadores.


Fonte: Gara