quarta-feira, 25 de abril de 2012

Gernika presta homenagem ao jornalista que deu a conhecer o bombardeamento ao mundo

O jornalista George Steer, que deu a conhecer o bombardeamento de Gernika ao mundo, foi alvo de uma homenagem hoje ao meio-dia, no âmbito dos actos relacionados com o 75.º aniversário do ataque. O autarca da localidade, José María Gorroño, pediu ao Governo espanhol que reconheça que «a ordem» para o bombardeamento partiu de Franco.

O autarca de Gernika, José María Gorroño; o biógrafo de George Steer, Nicholas Ranking; o correspondente do diário The Times no Estado espanhol, Graham Keely; o sobrevivente do bombardeamento Mateo Malaxeetxebarria; três sobreviventes do bombardeamento de Nagasaki; membros da Gernikazarra e representantes políticos participaram na oferenda floral que se realizou hoje ao meio-dia junto ao busto que evoca o jornalista britânico que, com as suas crónicas no diário referido, contribuiu para que o mundo ficasse a conhecer o que se tinha passado em Gernika.

Após a oferenda, o correspondente do The Times salientou que a reportagem que Steer fez após o bombardeamento «não só serviu de fonte de inspiração» a Picasso para o quadro Guernica, mas «mostrou claramente que foi o Exército alemão que tinha realizado o ataque».

Antes da homenagem, em declarações à agência Efe, Gorroño voltou a reclamar que o Guernica que Pablo Picasso pintou sobre o bombardeamento seja levado do Museo Reina Sofía, em Madrid, onde está exposto actualmente, para a localidade biscainha.

O autarca lamentou que o Governo espanhol não tenha sido capaz de admitir «a verdade» sobre o bombardeamento, apesar de a Alemanha ter enviado em 1997 - no 50.º aniversário do ataque - à Câmara Municipal de Gernika uma carta para expressar as suas condolências pelo ataque, que reconheceu ter sido perpetrado pela Legião Condor. «Eu espero que o Governo central se digne a dizer: "sim, senhores, Gernika foi bombardeada por ordem de Franco», disse.

«Símbolo das liberdades»
O autarca explicou que este ataque aéreo foi perpetrado sobre Gernika porque a vila «é um símbolo de liberdades e representa uma das democracias mais antigas da Europa», ao ser a sede das Juntas Gerais da Bizkaia.

Também criticou as «muitas mentiras» que foram ditas sobre o bombardeamento durante a ditadura, uma época em que o regime franquista manipulou os meios de comunicação para fazer crer à opinião pública que «os próprios bascos tinham bombardeado» esta vila.

Por outro lado, o autarca de Gernika salientou que para os actos do 75.º aniversário do bombardeamento estão convidados «todos os partidos políticos e todos os cidadãos» porque, segundo disse, à tragédia que este ataque constituiu há que antepor «o respeito pela diferença e a convivência». / Notícia completa: Gara

Notícia mais desenvolvida: «Gernika continua à espera de que Madrid reconheça o massacre», de Ramón SOLA e Ion SALGADO (Gara)

Fotos: Beste Gernina-k / Outras Gernikas (Berria)

Programa do 75.º aniversário do bombardeamento (1,3 MB)

Concentração hoje em Elgeta para denunciar a «provocação» do Exército espanhol

«Gernika y los luchadores antifascistas en el recuerdo: Actos en Dublin y Buenos Aires» (askapena.org)