Assinalam-se, este sábado, 60 anos da assinatura do Tratado de Roma, documento fundador da Comunidade Económica Europeia. Na semana que começa, esperam-nos entorses e mistificações da História das últimas seis décadas no continente europeu, em resposta a mais uma crise do projecto de integração capitalista que assumiu, desde 1992, o nome de União Europeia. [...]
Mas uma outra mentira histórica surgirá, como acontece sempre, associada ao processo de criação de uns «Estados Unidos da Europa», nas palavras de Churchill: a ideia dos 60 anos de paz no continente. Nada mais falso. Da ocupação parcial de Chipre em 1974 ao conflito que perdura na Ucrânia, passando pelas guerras nos Balcãs, com o dedo da NATO, as últimas seis décadas estão longe de representar um período de paz para os povos europeus.
Não serão de estranhar, nos próximos dias, proclamações grandiosas sobre o passado e o futuro desta experiência. Sobre o seu carácter único, por exemplo, ainda que, oito anos antes do Tratado de Roma, sete estados europeus tivessem criado o Conselho para a Assistência Económica Mútua. Para a construção da teia que hoje forma a União Europeia, as proclamações contaram mais que a realidade e a solidariedade e cooperação entre estados e povos. (Abril)
Cronologia: «Etapas do percurso de integração capitalista» (Abril)
Euro: «Quinze anos do euro – promessas por cumprir» (Abril)
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