[De Alfredo Maia] Não deixa de ser sintomático que entre os numerosos «acordos» aprovados neste ano não conste nenhum – rigorosamente nenhum – a condenar a recente ameaça expressa do presidente norte-americano, de recorrer à «opção militar» contra a Venezuela, ou sequer a decisão da administração dos EUA de aplicar o seu «poder económico e diplomático» contra o país.
Dos «acordos» e das abundantes e inflamadas «notícias» disponibilizadas pelo portal do Parlamento – na verdade transformado em activíssima plataforma de propaganda da direita contra Maduro e a Revolução Bolivariana –, não sobressai uma frase, uma palavra, uma sílaba sequer de salvaguarda patriótica.
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Assumida em inúmeros órgãos de informação, a afirmação de que a Assembleia Constituinte «dissolveu» o Parlamento, aliás na linha da narrativa que vinha das vésperas e do dia da eleição da ANC segundo a qual esta «terá poderes para dissolver a actual Assembleia Nacional», faz o caminho de outras construções ideológicas de que os media são instrumentos cúmplices.
Não é nada inocente, por exemplo, o recurso recorrente dos media a expressões e conceitos como «o regime de Maduro», ou «ditadura», atribuídos pelos próprios sem necessidade de citação e correspondestes aspas inocentadoras, numa arriscada muleta de consensualização jornalística do discurso e de posições próprias do campo político e resvalando para a instrumentalização, por vezes descarada. (Abril)
terça-feira, 22 de agosto de 2017
«Consensualização jornalística da retórica política»
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