quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Navarra, questão de estudo


A situação de excepcionalidade (questão de estado) que se impôs a Nafarroa serve para tudo. Navarra deve defender-se do acosso permanente do nacionalismo basco e não pode haver fissuras entre os defensores da verdadeira Navarra (isto é, a Navarra foral e espanhola). Devem deixar de parte as suas diferenças e desavenças para oferecer uma imagem compacta, uniforme.

A ideia, há que o reconhecer, é boa. É a fraude perfeita, um negócio redondo para os que a andam a reinventar há quase 500 anos, desde que a puseram em circulação os condes de Lerín, que acabaram com a independência do seu país juntamente com os monarcas castelhanos, mas fizeram-no, claro, por Navarra.

Isto é o que querem todas as burguesias do mundo: um enquadramento ideológico capaz de apanhar os agentes políticos e sociais, e de os ter à sua mercê. Em Nafarroa recorreu-se a ele de maneira tão eficaz que UPN, CDN, PSOE (e agora PP), os patrões, os sindicatos espanholistas e a maior parte dos meios de comunicação conformam um complexo que se rege pelas mesmas linhas de comportamento. Como o ponto de encontro é sempre o que impõe a Direita mais obstinada, aconteça o que acontecer nas eleições, com estas regras de jogo hão-de ganhar sempre os mesmos.

A cantilena serve para fazer uma limpeza ideológica nos quadros laborais da Koxka, impedir que a cidadania possa aceder a determinados jornais nas bibliotecas públicas, obrigar meios de comunicação em euskara a fechar, impedir que se mostre o lixo escondido debaixo do tapete em Cintruénigo e noutros lugares, marginalizar o ELA e o LAB, perseguir e encarcerar pessoas e grupos pelas suas ideias…

Valeria a pena prestar a máxima atenção ao estudo do comportamento dos defensores da Navarra foral e espanhola. Mas o verdadeiro desafio está no outro lado. No nosso lado, no das pessoas que desejam uma mudança.

Floren AOIZ