terça-feira, 16 de novembro de 2010

Julgamento em Paris: Albisu e Iparragirre instam Madrid e Paris a agir com sentido histórico


O julgamento de dez cidadãos bascos, seis dos quais presos, que começou esta segunda-feira em Paris transformou-se numa tribuna em que Mikel Albisu e Marixol Iparragirre fizeram um apelo aos governos espanhol e francês para que «ajam com responsabilidade e sentido histórico» e abordem «a resolução do conflito». Ambos os militantes salientaram que, «mais uma vez, a ETA estendeu a mão à paz». O processo prolongar-se-á até 17 de Dezembro.

Aproveitando o início do processo judicial contra dez cidadãos bascos no Tribunal especial de Paris, os presos políticos Mikel Albisu e Marixol Iparragirre fizeram esta segunda-feira um apelo directo aos estados espanhol e francês para que abordem «a resolução do conflito».

Ambos reconheceram a sua militância na Euskadi Ta Askatasuna e leram declarações (a maior parte em francês) em que insistiram no momento actual, sublinhando que, «mais uma vez, a ETA estendeu a mão à paz».

Embora Albisu tenha expressado o desejo de falar durante o processo de identificação, o presidente do tribunal não lho permitiu.

Iparragirre, no entanto, pôde fazê-lo ao recusar-se a identificar-se. Quando lhe foi pedida a sua identificação, respondeu com as palavras «chamo-me Jon Anza, o meu corpo foi encontrado em Toulouse...» e relatou as circunstâncias ainda por esclarecer do desaparecimento e da morte do militante donostiarra.

Na sua alocução, disse: «somos os filhos de Gernika. A dor de Gernika ainda não se apagou, continua a arder». E acrescentou: «não somos terroristas» e que a sua pretensão não é «destruir o Estado espanhol ou o francês», mas sim construir um Estado basco «para que possamos sobreviver como povo».

Detida, tal como os restantes processados, no início de Outubro de 2004, apelou a Paris e Madrid para que ajam «com responsabilidade e sentido histórico», para resolver o conflito que perdura em Euskal Herria.

Incidentes e reconhecimento a uma militante da ETA falecida
O julgamento começou com duas horas e meia de atraso em relação ao horário previsto devido a um movimento de greve dos funcionários prisionais, que implicou atrasos na transferência dos militantes presos para o tribunal parisiense.
Um outro protesto, este por parte dos advogados, que estão a realizar greves por causa do regime de detenção e pela falta de recursos para garantir os turnos de ofício, também teve repercussões no julgamento. O advogado Jean-François Blanco, decano do colégio de advogados de Pau, onde a greve está a ter particular adesão, solicitou que o processo fosse adiado para a próxima semana, mas Philippe Vandingenen, presidente do tribunal especial, indeferiu o pedido.

A sessão da manhã terminou, para além disso, com outro incidente, quando Marixol Iparragirre pediu um minuto de silêncio em homenagem a Marta Alcalde, esposa de Mikel Negrete, que morreu por causa de um cancro e cuja pertença à ETA revelou, salientando que «sempre deu o melhor de si mesma pela causa». Vandingenen respondeu-lhe que o seu pedido não podia ser correspondido. Então, o público entoou o «Eusko Gudariak» e o presidente mandou evacuar a sala.

Notícia completa: Gara

Ver também: «Procès des dix Basques à Paris : entre témoignages de tortures et volonté de paix» (Lejpb-EHko_kazeta)

"Eusko gudariak gara / Euskadi askatzeko / gerturik daukagu odola / bere aldez emateko // irrintzi bat entzun da / mendi tontorrean / goazen gudari danok / ikurriñan atzean."