terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A Etxerat apresentou o balanço de 2014 e amanhã mobiliza-se em três capitais

Três representantes da Etxerat, associação de familiares e amigos dos presos políticos bascos, apresentaram ontem, dia 8, em Donostia, um balanço duro do ano de 2014. Apelaram ao empenho total, absoluto dos agentes sociais e políticos para acabar com as violações de direitos denunciadas. Amanhã, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Etxerat voltará a exigir esse compromisso, em mobilizações convocadas para Gasteiz, Iruñea e Baiona. [Na foto diz-se: a política prisional assassina levou-nos mais um elorriotarra.]

2014 começou com operações policiais e, em Fevereiro, ocorreu a morte de Arkaitz Bellón, numa prisão espanhola a mais de 1200 quilómetros de sua casa, quando lhe faltavam poucos meses para sair, depois de 13 anos de cativeiro. A Etxerat sublinhou que a morte de Arkaitz é «consequência da actual política prisional», na qual se enquadram «medidas tremendas para quebrar os presos» - e deu como exemplos os casos do isolamento extremo que Jon Enparantza e Arantza Zulueta estão a sofrer. Outro dos elementos destacados pela Etxerat: até ao momento, em 2014 a política de dispersão provocou dez acidentes de viação. Como se as longas deslocações e os acidentes não fossem realidade suficientemente cruel, durante as viagens às cadeias os familiares e amigos dos presos ainda foram vigiados, controlados e acossados pelas Fuerzas de Seguridad del Estado.

Ainda sobre a política de dispersão: 463 presos políticos bascos encontram-se em cadeias de Espanha, França, Inglaterra, Portugal e Alemanha. No Estado espanhol, há 356 presos dispersos por 44 cadeias. No francês há 98 a cumprir pena, dispersos por 28 prisões. 194 presos (42%) encontram-se em cadeias que ficam a uma distância que varia entre os 800 e 1100 quilómetros das suas terras. 37% dos presos políticos são mantidos em cadeias que ficam entre 500 e 790 quilómetros de suas casas.

Apesar de estarem gravemente doentes e de, por questões de direito, de saúde, de bom senso, deverem estar em casa, nove presos bascos continuam na cadeia, o que, para a Etxerat, constitui «mais uma medida de vingança». O caso de Ibon Fernández Iradi é esclarecedor: sofre de esclerose múltipla, «mas os juízes franceses, em vez de o libertarem, solicitaram um terceiro parecer, e mantêm-no preso». A Etxerat referiu-se ainda ao caso de Ibon Iparragirre, que foi novamente encarcerado, pese embora ter várias doenças e SIDA na fase C, e ao de Aitzol Gogorza.

Sobre a possível transferência massiva de presos do Estado francês para o espanhol, no contexto de uma lei europeia que visa aproximar os presos do seu meio natural, cultural, social, a Etxerat afirmou que «Espanha e França estão a preparar uma artimanha legal que atenta contra o espírito dessa lei». A Etxerat recordou a habilidade do Estado espanhol com as «artimanhas» e «engenharias jurídicas» e teme que, em vez de se aproveitar esta ocasião para acabar de uma vez com a dispersão, o acordo entre os estados «acabe por mandar os presos políticos bascos para África; ou para Algeciras». / Ver: etxerat.info 1 e 2 e ahotsa.info

BALANÇO ANUAL DA ETXERAT: 2014 (eus / cas / fra)