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Estas afirmações, amplamente documentadas, podem ser encontradas no livro de Xabier Makazaga, Manual del torturador español, da editorial Txalaparta. Este trabalho de investigação, no qual se afirma que as torturas no Estado espanhol são generalizadas e que os/as torturadores/as gozam de uma grande impunidade, não agradou aos/as políticos/as e jornalistas defensores/as da brutalidade policial, que tentaram fazer com que a obra fosse retirada das bibliotecas públicas.
Nesta publicação, Makazaga desmonta a versão do Estado espanhol de acordo com a qual as denúncias de maus-tratos se baseiam num alegado manual da ETA para se denunciar falsas torturas. Depois de demonstrar que esse manual não existe e é uma invenção da Polícia para desacreditar os/as denunciantes, o autor fala-nos de outros manuais que, esses sim, são reais e foram frequentemente usados pelas polícias espanholas. Refere-se a documentos desenvolvidos pela CIA nos anos 60 no âmbito de acções de «contra-espionagem» na América Latina, actualizados vinte anos mais tarde com o título eufemístico de Manual de entrenamiento para la explotación de recursos humanos e distribuídos inicialmente às forças de segurança latino-americanas, nos quais se dão detalhes sobre a forma de vencer as resistências dos/as detidos/as e de os levar a confessar e a delatar os seus companheiros/as. Embora actualizadas, muitas das técnicas descritas nestes manuais são utilizadas diariamente pelas polícias espanholas, dado que, como afirma Oriol Martí, torturado no franquismo e na democracia, «os torturadores torturam melhor agora que há vinte anos: melhoraram as técnicas, deixam menos marcas, fazem sofrer mais e melhor em menos horas. Os torturadores do franquismo eram uns aloucados, os de agora fazem-no com um saco de plástico».
Outro dos argumentos usados por Makazaga para invalidar a afirmação de que os/as detidos/as relacionados/as com o conflito basco mentem quando afirmam ter sofrido torturas é a diferença entre o número de denúncias apresentadas no Estado espanhol e no francês. Entre 2001 e 2008, 66% dos/as detidos/as em Espanha afirmam ter sido torturado/as, e em França só um 1% destes/as o faz. Com estes dados, Xabier Makazaga pensa ter a resposta para o facto de em Espanha os/as detidos/as se incriminarem e delatarem com toda a espécie de detalhes e de, um pouco a norte, isso praticamente não acontecer. / Continuar a ler introdução: lahaine.org
Fazer download: Manual del torturador español (pdf)