segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
«Violência policial na Cova da Moura: não esquecemos nem perdoamos»
[De Lúcia Gomes] Os que sempre lá estiveram, continuam a estar, lado a lado, numa luta que também é sua. Eu passei a estar apenas depois desse dia. E até hoje, de cada vez que os olho nos olhos, sinto-me esmagada pela sua resistência, pela sua capacidade de olhar em frente com esperança, pelo seu amor à vida, pela forma abnegada com que resistem, todos os dias, numa vida que ninguém devia ser forçado a viver. Não nestas condições, não desta forma abjecta. Em que centenas ainda vociferam que não há lugar para «aquela gente». Que ainda bem que aquilo lhes aconteceu. E de cada vez que ouço os relatos daquela noite, pergunto-me: que humanidade é esta que violenta, agride e se sente legitimada a tal, sem que nunca nada aconteça a quem exerce este domínio sobre o outro em razão da cor da pele, do sexo, da classe? (manifesto74)