O QUE SE PASSA?
Estamos outra vez face a uma grande injustiça: sete jovens de Euskal Herria foram condenados a seis anos de prisão. Vocês perguntam: «Porquê tal castigo?» Será por certo algo de muito grave a motivar a decisão de que passem os belos anos da juventude na cadeia. Pois bem: querem levá-los para a prisão por ter realizado um trabalho político. Castigá-los pela dissidência política.
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou Espanha sete vezes por não ter investigado torturas. E as únicas provas usadas contra estas e estes jovens agora punidos foram os depoimentos que os obrigaram a assinar sob tortura. Acusam-nos de militar na organização juvenil SEGI - «integração em organização terrorista», dizem. Posteriormente, na presença do juiz, afirmaram ter sido vítimas de maus-tratos, inclusive de agressões sexistas. Pese embora tudo isto, querem mandar estes sete jovens para a prisão. Tremenda impunidade em pleno ano de 2015.
O julgamento, em que foram processados 28 jovens, constituiu um drama humano. Antes, tinha sido lançada uma operação policial contra outros 40 jovens, que foram torturados, e, com base nos nomes arrancados sob tortura, foi lançada uma nova operação policial em 2011. Dos jovens então detidos, 19 afirmaram ter sido duramente torturados. Passaram um ano e meio na cadeia, tendo saído depois de pagarem milhares de euros em fianças. Já este ano, os 40 jovens detidos na primeira operação foram absolvidos, sendo que a sentença atribuía credibilidade aos testemunhos de tortura. Contudo, no caso do julgamento das 28 pessoas detidas posteriormente, apenas 21 foram absolvidas, tendo havido sete sentenças condenatórias. De forma ilegal, a Polícia tentou deter os sete condenados e alcançou o seu objectivo com quatro deles. Os outros três conseguiram esconder-se, com a ajuda de amigos e familiares.
Consideramos esta injustiça inaceitável. Muitos/as cidadãos/ãs bascos/as padeceram a tortura e a prisão pelas mesmas razões. E isso voltará a repetir-se no futuro, enquanto não formos capazes de parar esta máquina repressiva, pois o Estado espanhol parece ter a intenção de prosseguir com a mesma dinâmica. Em Euskal Herria, mais de 200 pessoas aguardam julgamento pelo mesmo motivo: a sua participação em movimentos sociais e políticos.
QUE VAMOS FAZER?
A nossa resposta será a desobediência civil massiva. Vamos erguer um muro popular em redor das três pessoas que querem prender. Centenas de pessoas irão colocar-se à sua volta, mascaradas, para que não sejam reconhecidas. Em todo o mundo, milhares de movimentos populares estão a ocupar o espaço público para reclamar justiça.
A desobediência civil tem vindo a percorrer um caminho interessante em Euskal Herria, e, nos últimos anos, os muros populares têm desenvolvido uma dinâmica desobediente com um objectivo claro: acabar de vez com os julgamentos políticos. Para tal, é necessário dificultar as detenções que o Estado pretende levar por diante, baseando-se em leis injustas. Cada vez há mais gente que se considera parte desse muro popular.
Assim, estamos a conseguir que, em vez de desespero, estas situações gerem força e entusiasmo. Vamos seguir determinados nessa senda, e precisamos da ajuda de todos e de todas.
Uma mensagem para o Governo espanhol e a Audiência Nacional: basta! Vocês chatearam-nos. Gostamos das pessoas imputadas e vamos defendê-las com os nossos corpos. Não será fácil levá-las!
Se nos obrigam a escolher entre a lei e a justiça, estaremos do lado da justiça. Força, que chegou a nossa hora, a hora do povo!
OS SETE JOVENS CONDENADOS
Xabat Moran Ruiz: 1985, Santutxu (Bilbo). Trabalha na organização de eventos. Foi torturado pela Polícia espanhola, e passou no Protocolo de Istambul. Passou 16 meses na prisão, tendo saído depois de pagar uma fiança de 18.000€. Condenado a seis anos de prisão.
Bergoi Madernaz: 1987, Judimendi (Gasteiz). É educador. Esteve foragido quatro meses, e foi detido pela Polícia francesa. Passou 16 meses na prisão e teve de pagar uma fiança de 30.000€ para sair. Condenado a seis anos de prisão.
Aiala Zaldibar: 1986, Aranbizkarra (Gasteiz). É educadora. Esteve foragida quatro meses, e foi detida pela Polícia francesa. Passou 16 meses na prisão e teve de pagar uma fiança de 30.000€ para sair. Condenada a seis anos de prisão.
Ainhoa Villaverde: 1986, Judimendi (Gasteiz), trabalha nos Correios. Foi torturada pela Polícia espanhola, e passou no Protocolo de Istambul. Esteve 15 meses na prisão e, para sair, teve de pagar uma fiança de 30.000€. Condenada a seis anos de prisão.
Igarki Robles: 1988, Aranbizkarra (Gasteiz), trabalha numa livraria. Torturado pela Polícia espanhola, passou no Protocolo de Istambul. Esteve preso durante 18 meses (depois de ter passado um mês no Askegune de Loiola, à espera de julgamento). Foi obrigado a pagar uma fiança de 30.000€. Condenado a seis anos de prisão.
Marina Sagastizabal: 1989, Judimendi (Gasteiz), está a fazer uma tese na Universidade Pública Basca. Torturada pela Polícia espanhola, passou no Protocolo de Istambul. Não foi encarcerada. Pagou uma fiança de 1.000€. Condenada a seis anos de prisão.
Ibon Esteban: 1990, Arrotxapea (Iruñea), trabalha na área da cultura euskaldun. Torturado pela Polícia espanhola, passou no Protocolo de Istambul. Esteve 17 meses na prisão, de onde saiu depois de pagar 30.000€ de fiança. Condenado a seis anos de prisão.
[Segue: #ResistGasteiz]
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Manifesto #7akLIBRE
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