[De Maurício Castro] Muito se esforça a ideologia ainda dominante em explicar-nos que se trata de umha crise episódica, mesmo subjetiva ou de «estado de ánimo». Essa era a mensagem –lembrades?– daquela campanha de 2010 no Estado espanhol: «Esto lo arreglamos entre todos». Financiada por 18 das maiores grandes empresas espanholas e através de umha série de caras amáveis do mundo do espetáculo, o seu objetivo declarado era «contagiar confiança e fomentar as atitudes positivas» como melhor via para deixar atrás a crise.
Apesar do forte financiamento de Telefónica, Repsol, BBVA e El Corte Inglés, entre outras, a propaganda ideológica tem os seus limites. Aquela campanha ajudou a difundir o «cidadanismo» e a amortecer as luitas de classes, o que nom é pouco, mas ficou longe do seu falso objetivo inicial: deixar atrás umha crise que, como já era evidente na altura, nom respondia a nengum problema de confiança ou autoestima, e sim aos limites históricos do próprio sistema, que continuam aí, diante dos nossos olhos. (Diário Liberdade)