segunda-feira, 9 de julho de 2012

ETA: «Estamos a intensificar os esforços para criar vias de diálogo»

A organização Euskadi Ta Askatasuna (ETA) reafirmou a sua determinação em fortalecer o processo que a levou a decretar o final da sua actividade armada, ao mesmo tempo que anuncia que está a intensificar os esforços para abrir vias de diálogo. Numa leitura sobre estes quase nove meses passados desde a Declaração de Aiete, a organização ETA afirma que um grupo de agentes «lida com uma agenda contra a paz».

ETAren Agiria / Comunicado da ETA

«Valoración de la declaración de ETA» (Ezker Abertzalea)

O comunicado da ETA enviado ao Gara e ao naiz.info arranca com uma alusão directa aos dois acontecimentos de «profundo alcance» ocorridos em Outubro do ano passado: a Declaração de Aiete e a resposta positiva da própria ETA, através do anúncio do fim definitivo da sua actividade armada.

Passados mais de oito meses desde então, a organização armada faz uma leitura na qual salienta que «Euskal Herria quer a solução».

Depois de recordar que na Conferência de Aiete se juntaram agentes de diversas proveniências ideológicas e sociais de todo o território basco, sublinha que a sociedade basca respondeu com esperança à nova situação, como o demonstram as diversas mobilizações ocorridas.
«Juntamente com a racionalidade da proposta de solução, o desejo de Euskal Herria e o compromisso internacional são bases sólidas do processo», considera a ETA.

Em sentido contrário, sublinha também que «os estados lidam com uma agenda contra a paz». «Infelizmente – diz a ETA –, ao longo destes meses vimos que a possibilidade da solução também conta com inimigos. Os governos espanhol e francês não deram qualquer resposta positiva.
Pelo contrário, além de rejeitarem o diálogo, mantiveram a estratégia de paralisar e criar entraves ao processo».

Para além da atitude dos governos, e antes de especificar ataques de toda índole contra esta «oportunidade de paz», a ETA aponta, entre aqueles que a querem frustrar, «os serviços secretos, as forças armadas de Espanha e França, diversos juízes, associações sedentas de vingança e determinados meios de comunicação».

Consideram «preocupante» a avalanche de mensagens contra o processo de soluções ou «as mentiras constantes para fazer duvidar do compromisso da ETA» com o mesmo.

Mais ainda, afirma que as forças policiais utilizam esse compromisso para favorecer a sua acção repressiva, o que, segundo a ETA, está a provocar situações de alto risco.

Afirma também que os seus intentos de reunir «o material em condições seguras e estáveis» estão a ser aproveitados para organizar operações policiais. «Essas acções são incompatíveis com qualquer tipo de processo de solução», conclui a ETA.

Para lá de questões operacionais, a leitura da ETA sobre estes mais de oito meses destaca que os «interesses partidários» estão a ser prejudiciais ao processo.

Atitude do PSOE e do PNV
Depois de tecer considerações gerais sobre os partidos que agem conjuntamente para desvalorizar cada passo dado pela esquerda abertzale e para dar cobertura ao imobilismo governamental, detém-se na posição do PSOE e do PNV.

A ETA recorda que o primeiro afirmou que o Governo de Lakua teria uma atitude activa na solução, mas que, no entanto, não deu passos, seguiu as ordens de Rubalcaba ao apoiar as suas posições obstrucionistas e agora, «salvo alguma excepção», pretende «desvirtuar as chaves das soluções», em áreas como a dos presos ou o diálogo com a ETA.

Em relação ao PNV, salienta o facto de ter passado «do aplauso à declaração de Aiete para um discurso e uma acção que questionam aquilo que se inclui nos seus pontos». Para a ETA, «é significativo que se mostre tão compreensivo com um Governo que age contra a solução, enquanto dirige as suas críticas mais incisivas à esquerda abertzale».

Recorrendo à polémica suscitada pela assobiadela da final da Copa, a ETA afirma que, quando o PNV «sobe o volume da mensagem oficial» do Governo espanhol, pretende que «não se oiçam os assobios dos cidadãos que reclamam soluções».

Por outro lado, a Euskadi Ta Askatasuna afirma que se quer fazer encalhar o processo nas prisões, contra o sentir e a reivindicação da sociedade basca.

O plano apresentado pelo Governo do PP, em seu entender, visa legitimar a situação de excepção que os presos sofrem, procurando apenas bloquear qualquer possibilidade de avanço.

Ver, na sequência: «A ETA entende que são necessárias soluções "firmes e razoáveis"»
Fonte: naiz.info / Ver: Berria