
Para ele e a sua família, como para todas as essas vítimas, não houve investigação, não houve acusados, não houve verdade, não houve reconhecimento, não houve justiça... não houve vergonha. A memória de Vicente Antón e a exigência de justiça ficava assim nas mãos da sua família e nas de alguns colectivos políticos, sindicais ou populares que não assumiram a filosofia vergonhosa dos partidos e sindicatos maioritários que o modelo espanhol de impunidade cimentou e cimenta.
E assim desde então. Trinta e seis anos. Um período de tempo em que os únicos elementos visíveis e públicos em Basauri do assassínio de Vicente Antón e da sua memória foram a rua que hoje tem o seu nome e a oferenda floral que, ano após ano, se tem realizado no local onde caiu assassinado, no início das populares festas de San Fausto.
A luta pela Verdade, a Reparação e a Justiça para Vicente Antón conheceu um novo fôlego quando, em Novembro de 2009, a associação Ahaztuak 1936-1977 apresentou uma petição para que a sua família e as de outras oito vítimas fossem consideradas vítimas do franquismo ao abrigo do artigo 10 e do regulamento adicional n.º 4 da Lei 52/2007, conhecida como «Lei de Memória Histórica», sendo a petição relativa a este jovem uma das três aceites. Houve, ainda assim, seis petições recusadas, com a consequente negação dos direitos inerentes a seis vítimas do franquismo.
Este ano, Basauri voltou a evocar Antón, vítima do franquismo, do fascismo espanhol. Basauri jamais esquecerá este jovem, assassinado quando protestava contra os vis assassínios de cinco trabalhadores em Gasteiz. / Fonte: boltxe.info