Os 13 arguidos depuseram em tribunal e negaram ter recebido ordens da ETA para que a D3M e o Askatasuna se apresentassem às eleições autonómicas de 2009. O julgamento será retomado amanhã às 10h00.
Fotos: Antes do início do julgamento (Gara) / Julgamento da D3M e do Askatasuna (Berria)
O julgamento do processo D3M e Askatasuna começou esta manhã na Audiência Nacional. A primeira imputada a depor foi Amparo Lasheras, que, tal como os restantes arguidos, negou ter qualquer relação com a ETA ou o Ekin.
Os treze arguidos destacaram que a sua actividade era pública e legal e deram como exemplo o facto de serem acusados por terem dado conferências de imprensa e realizado reuniões. Todos os imputados depuseram durante a parte da manhã e o julgamento prosseguiu até ao almoço com os depoimentos de testemunhas.
As primeiras foram os polícias que andaram a vigiar os arguidos antes de serem detidos, tendo reconhecido que vigiavam a actividade política de organizações como Herria Aurrera, que continua a ser legal, e até conferências de imprensa.
O julgamento será retomado amanhã às 10h00 com os depoimentos de mais polícias e guardas civis.
As arguidas Amparo Lasheras e Arantza Urkaregi também efectuaram declarações às portas do tribunal antes de se iniciar a audiência, tendo denunciado a situação de «desamparo» em que se encontravam por não saberem quem eram os juízes que compunham o tribunal.
Urkaregi acrescentou que o julgamento da D3M e do Askatasuna deve ser o «último julgamento político». Com o início da audiência ficou-se a saber que Manuela Fernández de Prada será a presidente do tribunal e que Nicolás Póveda e Ramón Sáez Valcárcel são os outros dois juízes.
109 anos de penas
13 cidadãos bascos enfrentam penas entre 9 e 7 anos de prisão, acusados de «integração» e «colaboração» com a ETA, por pôr em marcha as candidaturas Demokrazia 3 Milloi (D3M) e Askatasuna, que pretendiam recolher o voto da esquerda e abertzale nas eleições ao Parlamento de Gasteiz que se realizaram a 1 de Março de 2009.
Alguns deles foram presos no dia 23 de Janeiro desse ano, sendo postos em liberdade após as eleições. Os outros foram posteriormente intimados pela AN espanhola. Mas esta operação policial serviu, acima de tudo, de base à sentença decretada pelo Supremo Tribunal a 9 de Fevereiro, na qual ilegalizou ambas as plataformas eleitorais, e que viria depois a ser ratificada pelo Constitucional.
Com tudo isto, pela primeira vez nos últimos 30 anos, a Câmara de Gasteiz não teve representação de esquerda e abertzale. Uma anomalia que foi o resultado da política de ilegalizações, que terá a sua continuidade no julgamento que irá decorrer, segundo se prevê, nos dias 3, 4, 7, 8, 9, 17 e 18 de Maio.
Para a defesa, exercida por Jone Goirizelaia e Kepa Landa, o processo é consequência da decisão do Estado de vetar a esquerda abertzale e «impedir que tenha representação institucional». / Fonte: Gara
Ver também: «Auzipetuek esan dute ETAk ez zuela agindu D3M eta Askatasuna sortzeko eta lan publikoa eta legezkoa egin zutela beti» (Berria)
«Además de político e injusto, extemporáneo» (editorial do Gara)