quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Audiência Nacional espanhola ordena que localizem De Juana para que preste declarações em Donostia


Tasio_Gara (“Ouvi comentar em círculos científicos de total confiança que a culpa das alterações climáticas é com toda a certeza do CO2 que emite o Iñaki de Juana...” / “Maldito terrorista!” / “A respirar por aí como se não fosse nada!” / “A Audiência Nacional deveria tomar o assunto em mãos!”)

Dezassete dias depois de Iñaki de Juana ter abandonado a prisão madrilena de Aranjuez, e após 21 anos na prisão, a Audiência Nacional espanhola decidiu intimá-lo na qualidade de acusado, com base na cerimónia de acolhimento que lhe prestaram na Alde Zaharra [Parte Velha] de Donostia no dia 2 de Agosto e à qual De Juana não assistiu. O magistrado do tribunal especial Eloy Velasco ordenou ontem que o ex-preso donostiarra fosse localizado, para assim o poder intimar e ouvir as declarações relacionadas com a leitura de uma carta cuja autoria lhe é atribuída. E esta é a questão principal que Madrid pretende esclarecer através das declarações do donostiarra: saber se foi o ex-preso político o autor do texto.

Respondendo à petição realizada pela Procuradoria espanhola na segunda-feira, o titular do Tribunal de Instrução número 6 da Audiência Nacional espanhola, Eloy Velasco, ordenou ontem a imediata localização de Iñaki de Juana para que este compareça nos tribunais de Donostia na qualidade de acusado.

A este respeito, segundo informaram agências de informação espanholas, o juiz Velasco teria já enviado um questionário aos tribunais da Praça Calcuta da capital guipuscoana com o objectivo de que sejam respondidos pelo ex-prisioneiro mediante carta precatória; o tribunal especial decidiu que o interrogatório se realize em Donostia, uma vez que é aqui que De Juana tem residência fixa. Não obstante, a citação judicial não poderá ser datada até que seja localizado.

Convém recordar que o anterior titular do Tribunal de Instrução número 6 do tribunal especial, Pablo Ruz, abriu diligências de ofício no mesmo dia em que Iñaki de Juana abandonou a prisão espanhola de Aranjuez, deixando para trás mais de 7800 dias de encarceramento. Dois dias depois, a 4 de Agosto, o magistrado espanhol ordenou à polícia espanhola, à Guarda Civil e à Ertzaintza a elaboração de relatórios policiais para determinar se houve ou não algum elemento delitivo no contexto da cerimónia de recepção que se levou a cabo na Alde Zaharra.

Com os três relatórios policiais

Nenhum dos três corpos policiais espanhóis pôde atribuir a autoria do texto referido a Iñaki de Juana. Enquanto a polícia espanhola refere no seu relatório a identificação de cinco pessoas que teriam participado na cerimónia de recepção, nem a Ertzaintza nem a Guarda Civil conseguiram identificar nenhum assistente.

Segundo apontavam ontem as agências de informação, “durante a homenagem, os agentes do Serviço de Informação do Comando de Gipuzkoa viram dificultada a sua tarefa pela acção da Askatasuna”, que, acrescentavam, vetaram o acesso ao acto. Além disso, a instituição militar atribui ao organismo anti-repressivo a organização do evento, outra das questões que a Audiência Nacional espanhola decretou que se investigasse no mesmo dia em que a cerimónia decorreu.

De Juana, que foi perseguido desde o momento em que abandonou a prisão de Aranjuez até Euskal Herria, tanto pelas FSE como pelos meios de comunicação, não se tem visto nestas semanas no bairro donostiarra de Amara, onde supostamente teria fixado a sua residência. Questão que não implicou qualquer obstáculo para que vários meios de comunicação se postassem durante dias em frente a essa moradia.

Fonte: Gara

Sugestão de leitura: «Iñaki de Juana e a perversão da política espanhola», por Álvaro HILARIO

Em: kaosenlared ou eutsi (cas)