domingo, 17 de agosto de 2008

ETA reivindica três atentados contra adjudicatárias do TGV, num comunicado enviado ao GARA

Comunicado (eus)

Os atentados de Maio, Junho e Julho contra as empresas Amenabar – em Hernani e Zarautz –, Fonorte e Acciona – em Orio – foram obra da ETA e estão relacionados com a ligação destas empresas à construção do Comboio de Alta Velocidade (TGV). Assim o confirma a organização armada num comunicado feito chegar ao GARA, no qual assume também outras acções: a colocação da bomba no El Correo, dos explosivos que rebentaram em Noja e Laredo, e do artefacto que explodiu num retransmissor na serra de Elgea.

O texto destaca expressamente a condição de adjudicatárias do TGV das empresas Amenabar, Fonorte e Acciona, e alonga-se depois em críticas ao projecto. Em relação a isto, o comunicado da ETA insiste que “os interesses que estão por detrás do TGV são alheios a Euskal Herria. Não há um só benefício e, portanto, a única coisa que nos restará será a cicatriz de cimento que atravessará o nosso país de uma ponta a outra”.

Formula a sua crítica a partir de vários pontos de vista. Por um lado, afirma que “cada uma dessas toneladas de cimento enterra o nosso projecto popular”, sob o discurso da “suposta modernidade, do bem-estar e tantas outras palavras vazias”. Paralelamente, acentua o facto de, “também neste caso, não termos tido direito a decidir o que é melhor para o nosso povo”.

E acrescenta que este projecto “é o exemplo mais claro possível da política do PNV e dos seus acólitos. A ganância de alguns tem que ser garantida a todo o custo, sem lhes importar que, com tudo o que estão a fazer, se hipoteque Euskal Herria como projecto”, continua o comunicado.

Aprofundando esta última ideia, a organização armada basca pergunta-se “se um País Basco livre não implica, para o PNV e os regionalistas da sua esfera, um risco incrível, o risco de perder o seu poder e os seus benefícios económicos”.

«Não há atalhos»

A ETA liga esta problemática concreta à situação política geral para reiterar a sua crítica à tentativa de renovar “o abraço de La Moncloa” de há 30 anos. Ao PNV, diz-lhe claramente que o faz porque “a sua sobrevivência política está unida à gestão do Governo de Gasteiz”, e recrimina ao PSOE “a procura da enésima tentativa de assentar a reforma espanhola em Euskal Herria”. Consequentemente, conclui que “a aposta de ambos é, em última instância, uma aposta na guerra, de modo claro”.

Face a isso, a Euskadi Ta Askatasuna insiste em que a única solução passa por um marco democrático que reúna o direito a decidir e a territorialidade basca. E considera que a “paródia”, termo que atribui ao projecto de “pseudoconsulta”, contribui apenas para “ocultar a origem do conflito, esvaziar o direito à autodeterminação e desfigurar Euskal Herria”.

Postas assim as coisas, o comunicado expõe que “o MLNV [Movimento de Libertação Nacional Basco] não dilapidará um ápice das suas forças para procurar um lugar nessa legalidade estrangeira. Poremos toda a nossa força e determinação na libertação de Euskal Herria e continuaremos a construí-la, como até agora. Nesse caminho não há atalhos. A luta é o único caminho!”.

Aviso prévio no ataque ao El Correo

O comunicado da ETA acrescenta também um novo dado relevante para o esclarecimento do atentado contra a tipografia do El Correo, ocorrido em Zamudio na madrugada de 8 de Junho, e depois de muitos porta-vozes políticos terem sublinhado que se tinha realizado sem aviso telefónico prévio. A organização armada precisa que não foi assim. “A ETA quer fazer saber que realizou uma chamada para dar conta da explosão, e que as forças policiais cortaram o telefone depois de terem recebido a chamada, numa tentativa frustrada de apanhar militantes bascos”.

Acrescenta em seguida que estas forças policiais “não quiseram evacuar o El Correo, “colocando em risco a vida dos que ali estavam”.

O comunicado prossegue afirmando que a “ETA continuará a tomar todas as medidas ao seu alcance para não causar danos aos cidadãos”. Dessa forma, chama a atenção para o facto de a responsabilidade ser “por completo” dos “mandatários espanhóis”, na eventualidade de “não fazerem caso” das advertências ou de as tentarem “utilizar de maneira perversa”.

Na altura do sucedido, foi o Departamento do Interior do Governo de Lakua que afirmou que não tinha havido uma advertência telefónica prévia. A deflagração teve lugar por volta das 3h, e derrubou cerca de 40 metros de muro, sem ter causado ferimentos a nenhum trabalhador da tipografia.

Reacções ao último comunicado da ETA (cas)

Fonte: Gara