“Não é um problema dos presos ou dos seus familiares, mas de toda a sociedade”, realçaram na quarta-feira familiares de Pello Sánchez, Mikel Gil, Marilo Gorostiaga e Karlos Pérez. Apelam à mobilização neste sábado em Burlata.
Na apresentação de quarta-feira realçaram o facto de os seus casos não serem os únicos, nem muito menos em Iruñerria [comarca de Pamplona] - mas são especialmente graves. Trata-se de quatro habitantes que deveriam estar em liberdade condicional, de acordo com as leis espanholas; três deles – Pello Sánchez, Mikel Gil e Marilo Gorostiaga – por sofrerem de problemas de saúde graves, e o quarto, Karlos Pérez, porque não só cumpriu três quartos da pena, mas inclusive a pena completa, antes de o período de cativeiro ter sido prolongado através de chamada “doutrina Parot”.
A sua situação será denunciada no sábado com uma manifestação em Burlata a partir das 20h. Partirá do recinto das txosnas [barracas da festa], já que esta localidade celebra agora as suas festas. E os seus familiares apelam à sensibilização de todos os habitantes da capital navarra e das localidades da comarca, baseando-se na premissa de que este “não é apenas um problema dos presos ou dos seus familiares, mas de toda a sociedade”, e, como tal, afirmam que “toda a sociedade tem que lhe fazer frente”.
Tendo estes casos em especial atenção, incidiram na ideia de que para os doentes “é impossível levar um tipo de vida digno” e que nem sequer podem ser atendidos pelos seus médicos de confiança. No geral, concluem, a partir de todas estas situações, que os direitos dos encarcerados estão a ser violados de modo sistemático e que “fica bem claro que eles são utilizados como prisioneiros de guerra”.
Os convocantes da mobilização acrescentam ainda que o objectivo último da ofensiva é o Colectivo de Presos Políticos [EPPK]. “Querem-nos destruir fisicamente, psicologicamente, politicamente», expuseram.
Ijurko, Arizkuren, Oltza...
Na conferência de imprensa de apresentação do protesto previsto para sábado, foram lembrados outros casos de situações graves que afectam moradores de Iruñerria presos.
Recordaram, por exemplo, Hodei Ijurko, “que foi castigado e colocado em regime de isolamento depois de ter sido espancado”, na prisão de Soto del Real. Lembraram também Josetxo Arizkuren, em regime de isolamento 24 horas por dia: “Imaginemos por um momento que apenas podemos falar com alguém durante 40 minutos por semana e com um vidro pelo meio”, pediram os familiares. E aludiram ainda ao jovem de Donibane Eneko Olza; após ter sido condenado a nada menos que dez anos de prisão pela acusação de queimar uma caixa automática, hoje em dia continua preso, apesar de já ter ultrapassado três quartos da pena. Comparam a sua situação com a de Pilar Rubio, a mulher que instigou em 2004 a morte de Angel Berrueta, padeiro do mesmo bairro de Eneko Olza, e que hoje já se encontra em liberdade.
Fonte: Gara