sábado, 9 de agosto de 2008

Em Donostia, milhares exigem mudança política e denunciam estado de excepção

«Um sistema de direitos, essa é a apologia da esquerda abertzale»

«Salbuespen egoerari stop. Euskal Herriak autodeterminazioa» [Stop ao estado de excepção. Autodeterminação para o País Basco]. Isso se podia ler na faixa que abriu caminho a cerca de 5000 homens e mulheres que se concentraram hoje, em Donostia, para denunciar a situação de excepção que sofre este país.

A marcha arrancou com pontualidade às 17h30, entre aplausos e gritos que exigiam a independência e a democracia para Euskal Herria. Ikurriñas e bandeiras de Nafarroa ondearam durante todo o percurso, e as palavras de ordem a favor dos perseguidos políticos ou contra o PNV e o estado de excepção não cessaram, tudo sob um sol de justiça.

Depois de percorrer o centro da capital, a marcha voltou a desembocar frente à Câmara Municipal, onde Agustín Rodríguez, cabeça de lista da esquerda abertzale nesta cidade, tomou a palavra para exigir uma mudança política “de peso” para o conjunto do país.

Após ter destacado que, hoje em dia, todos os direitos da cidadania basca foram “infringidos”, advogou uma mudança baseada no direito à autodeterminação e na territorialidade. “Um sistema de direitos e liberdades que passem do papel aos factos. Essa é a apologia que fazemos”, precisou Rodríguez perante uma importante expectativa mediática.

Na sua perspectiva, Euskal Herria “não tem lugar” na Constituição espanhola e é esta que “impede” a livre determinação dos seus cidadãos. Como exemplo, referiu-se à consulta convocada por Juan José Ibarretxe e à viagem efectuada pelos seus defensores, esta mesma semana, ao tribunal máximo espanhol. “Em frente a Madrid de joelhos”, ironizou Rodríguez.

Para além disso, recordou que nas últimas semanas apenas se especificou que a consulta não é tal. “Que não é um referendo, que não altera o sujeito decisório, que não é vinculativa, que não põe em causa o marco jurídico actual... Então, para quê esta consulta? Para quê tanto barulho?” questionou-se o interlocutor, entre aplausos dos assistentes.

Sem perder o tom humorístico, afirmou que assim que o Tribunal Constitucional vetar definitivamente a Lei de Consulta “tudo continuará na mesma, continuaremos no campo de jogo celebrado há 30 anos, em que o árbitro é Madrid e as leis são marcadas pelo Tribunal Constitucional”. Neste ponto, resumiu que, “se és fiel a Madrid, vais parar à Petronor – em alusão a Josu Jon Imaz –, e se o és a Euskal Herria, acabas na prisão”. A multidão respondeu com gritos de “PNV espanhol”.

O caminho, um novo marco
Rodríguez criticou a atitude tanto do PNV como dos seus sócios, por entender que “brincam com as ânsias deste povo para engrossar a sua votação”. “É ruim a este ponto, a classe política deste povo”, sentenciou o donostiarra.

Face a isto, defendeu a necessidade de movimentos “de peso” para alcançar um novo marco. Um marco que, no entender da esquerda abertzale, deve estar cimentado na territorialidade e no direito a decidir, de modo a que todos os projectos possam ser defendidos. Referiu, neste sentido, a necessidade de um acordo entre os diversos agentes de Euskal Herria.

Oihana LLORENTE

Fonte: Gara