quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Esquerda ‘abertzale’ convoca mobilização para dia 22, em Bilbau


Apoiadas por vários representantes da esquerda abertzale, Arantza Urkaregi e Marta Pérez compareceram ontem perante a comunicação social para fazer um apelo à cidadania basca para que secunde a mobilização do próximo dia 22, em Bilbau. No “dia grande” da Aste Nagusia, a concentração, que partirá da praça Elíptica ao meio-dia, terá um objectivo bem claro: fazer frente ao actual estado de excepção que Euskal Herria está a viver e reivindicar o direito de todos e todas à autodeterminação.

No âmbito deste apelo, as porta-vozes independentistas explicaram que esta manifestação irá decorrer “num momento político bastante especial” dentro da Aste Nagusia [Semana Grande]. Por um lado, o Município de Bilbau não colocará no mastro a bandeira espanhola às primeiras horas desse dia, como já vem sendo habitual, porque o autarca já a colocou de maneira permanente. “Esse símbolo da imposição do Estado é-nos imposto a nós, bilbaínas e bilbaínos, pelo PNV”, criticaram, recordando ainda que nestas festas também não poderão participar os perseguidos políticos.

Por outro lado e para lá deste contexto específico, fizeram uma leitura da actual situação política, lembrando as actuações esperadas para Setembro contra a esquerda abertzale, “em que pretendem dar uma coloração jurídica a decisões políticas do partido no Governo, o PSOE”. Citaram, como exemplos, a previsível ilegalização do EHAK e da EAE-ANV, as citações a 22 militantes independentistas, a sentença contra o Movimento Pró-Amnistia ou o julgamento contra a Udabiltza, entre tantos outros casos.

Estado de excepção

Todos estes factos, na sua avaliação, “são claros expoentes do estado de excepção que vivemos em Euskal Herria”. Uma situação política que, no parecer da esquerda abertzale, é “muito grave, nos leva até às épocas mais obscuras do franquismo e na qual se dá uma violação sistemática dos direitos da cidadania basca”.

Em relação a esta afirmação, referiram a tortura como o “exemplo mais cru”, recordando que ainda há poucos dias tivemos uma amostra dessa dura realidade, quando a Guarda Civil deteve um jovem em Gasteiz, que passou dois dias em Madrid e saiu da Audiência Nacional com o corpo cheio de marcas e hematomas, depois de ter passado duas vezes pelo hospital, e depois de ter sido “convidado” pelos seus captores a colaborar com a instituição militar espanhola. Uma actuação em que as representantes abertzales observaram “claros indícios de guerra suja”.

Recordaram ainda que Euskal Herria é um país “em que não existe democracia e em que não se pode decidir nem o presente nem o futuro, através da palavra e da decisão da cidadania basca”.

Olhando para a actual situação política, afirmaram que “é evidente que não poderemos tomar uma decisão sobre o nosso futuro se não superarmos o actual marco constitucional”.

Neste sentido, criticaram as últimas declarações de porta-vozes políticos como Unai Ziarreta, presidente do EA, ou Aintzane Ezenarro, eleita pelo Aralar, e também o facto de o PNV ir cumprir a legalidade espanhola, “sem mostrar intenção de superar o actual marco”.

Pouco depois desta conferência, o PP e a plataforma ultra España y Libertad pediram a proibição da manifestação, tendo este grupo anunciado que vai denunciar hoje mesmo os convocantes ao TSJPV [Tribunal Superior de Justiça do País Basco].

Ibai BARRIOS
Fonte: Gara