terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Grupo de Contacto trabalhará para «facilitar» a legalização do Sortu e criar «medidas de confiança»

Os membros do Grupo Internacional de Contacto (GIC) trabalharão para «promover, facilitar e tornar possível» a legalização do Sortu e criar «medidas de confiança» para «enriquecer o diálogo» na sociedade basca. Mostraram-se dispostos, se isso lhes for solicitado, a assistir os partidos no desenvolvimento de uma agenda de diálogo e a assumir o papel de mediadores em situações de bloqueio.

«O Governo de Lakua recusa-se a reunir-se com o Grupo de Contacto»

«El Grupo Internacional de Contacto, a escena» (editorial do Gara)

Pierre Hazan, Nuala O'Loan e Raymond Kendall, três dos cinco membros do Grupo Internacional de Contacto que chegaram ontem a Euskal Herria, deram hoje uma conferência de imprensa, juntamente com Brian Currin, para dar a conhecer os passos previstos na sua agenda.
Em primeiro lugar, quiseram deixar claro que não estão em Euskal Herria «para dizer às pessoas o que têm de fazer», mas que o seu propósito é o de «enriquecer o diálogo na sociedade basca».

Seguindo o mandato que tornaram público no passado dia 12 de Novembro, os membros do GIC mostraram-se dispostos a fazer aquilo que puderem «para facilitar, promover e tornar possível a legalização do Sortu, de acordo com o que vem referido na Lei de Partidos».
Para além disso, vão promover a criação de «medidas de confiança» como a «revisão do funcionamento da actual lei antiterrorista na nova realidade política» e promover «uma cultura de tolerância política e participação democrática».

Outra medida de confiança seria, na sua opinião, «adaptar a política penitenciária à nova e transformada situação política». Para isso propõem «normalizar as medidas penitenciárias», com a transferência dos presos «para a proximidade das suas famílias» e a libertação dos que estão gravemente doentes.

Facilitar a mediação em situações de bloqueio
Nuala O`Loan disse, em nome dos seus companheiros, que, além desses mandatos, se tal lhes for solicitado, o grupo estará disposto a «encorajar e assistir os partidos no desenvolvimento de uma agenda para o diálogo político» e a «assistir nas conversações e negociações sem condições e sem um resultado pré-determinado», com base nos Princípios Mitchell, de forma a alcançar um «acordo de paz inclusivo».
Se isso lhes fosse requerido, precisou, estariam dispostos a assumir «a mediação em situações de bloqueio» ou estancamento.

Verificação
Os membros do GIC manifestaram a sua disposição para «ajudar a alcançar a paz e a normalização política» em Euskal Herria, uma situação «de transparência e inclusão política que se baseie em meios exclusivamente democráticos, na total ausência de violência ou ameaça da sua utilização de qualquer procedência».
Com base na sua experiência, salientaram que a ausência de violência é «crucial» para o desenvolvimento e «êxito de qualquer processo de paz».
«Entendemos que um processo de verificação e monitorização é necessário, e actualmente estamos a considerar o tipo de processo que pode ajudar e quem o deve conduzir», referiu a especialista do Norte da Irlanda.

Página na Internet
No início da conferência de imprensa, Brian Currin anunciou que o GIC pôs em funcionamento uma página de Internet – http://icgbasque.org/ –, na qual irão lançando os acordos e documentos à medida que forem realizados.
Também adiantou que a próxima reunião do grupo será em Março.

Desmentido de Currin
O facilitador sul-africano fez questão de desmentir o que foi ontem publicado em La Razón, que referia que o ex-presidente da África do Sul e Nobel da Paz Frederik de Klerk e a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, signatários da Declaração de Bruxelas, se teriam distanciado da iniciativa, e desafiou os jornalistas presentes a irem verificar o que foi publicado com essas duas pessoas.
Fonte: Gara

«O sindicato ELA, o Aralar e a Alternatiba juntam-se à manifestação de sábado pela legalização do Sortu» (Gara)

Para conhecer reacções dos partidos, ver Gara e SareAntifaxista (Basagoiti, do PP da CAB, voltou a desprestigiar Brian Currin - chamou-lhe "negociador profissional e mercenário dos processos" - e afirmou que o grupo devia "deixar de chatear" e que o melhor era "coleccionar insectos" e, "se andam chateados, que vão procurar um conflito a sério, onde tenha havido guerra e vítimas dos dois lados".) Para mais pérolas recentes de Basagoiti e colegas, ver aqui e aqui.