sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Reformados navarros oferecem-se em troca de catorze presos bascos gravemente doentes

A associação de reformados navarros Sasoia escreveu a José Luis Rodríguez Zapatero e Nicolas Sarkozy voluntariando-se para ir para a prisão em troca da libertação de catorze presos bascos que sofrem de doenças graves.

Face à situação em que se encontram catorze presos políticos bascos que sofrem de doenças graves e incuráveis, dispersos por prisões espanholas e francesas, reformados e pensionistas da associação Sasoia de Nafarroa decidiram agir e apresentar-se como voluntários para ir para a prisão em troca da libertação destes presos doentes.

Para isso, no dia 2 de Dezembro enviaram dois textos ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, e ao primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, nos quais lhes recordam que, de acordo com a legislação de ambos os estados, os prisioneiros que sofrem de doenças graves e incuráveis “deveriam estar em liberdade, para assim poderem tratar os seus males de forma adequada”. Como solução possível, propuseram que catorze membros da associação ingressem na prisão em troca da sua libertação, juntando dados das pessoas dispostas a ser encarceradas. Ontem, informaram que até à altura não tinham recebido qualquer resposta.

“Fazemos-lhes uma proposta baseada, não na sua justiça, mas no mais elementar direito humano, para que desse modo os presos possam ser correctamente tratados e que, rodeados das suas pessoas queridas, possam fazer frente à situação por que estão a passar – que de outra forma se pode tornar irreversível”, vincaram os pensionistas.

Explicaram a sua iniciativa desde o ponto de vista de pessoas mais velhas que, “quando passam por dias com o estado de saúde alterado, sentem a necessidade de acompanhamento por parte das pessoas que os querem e precisam deles”, tendo então assegurado que “já encaram há algum tempo com preocupação a situação dos presos políticos com graves doenças, e que decidiram rebelar-se”.

«Nem Franco se lembrou»
O porta-voz de Sasoia Patxi Erdozain referiu que a experiência acumulada ao longo das suas vidas os levou a concluir que actualmente, “apesar de todos falarem dos tempos obscuros do franquismo como algo superado e exaltarem a Constituição, o certo é que o Estado inventou novas fórmulas de mais intensa repressão de que nem Franco se lembrou”.
“Os maiores transgressores da lei são estas autoridades, pois fazem dela uma chiclete, moldando-a aos seus próprios interesses partidários”, criticaram os participantes.

Asier VELEZ DE MENDIZABAL

Fonte: Gara / Ver também: apurtu