sexta-feira, 7 de março de 2014

[Análise de La Haine] O PSN acata as ordens de Madrid e salva Barcina da moção de censura

O PSOE impede a mudança política em Nafarroa e salva a corrupta Barcina da moção de censura

O nível de corrupção institucional em Nafarroa atingiu patamares incríveis nos dois últimos anos: aos escândalos do desfalque da Caja Navarra e dos elevados honorários cobrados por vários dirigentes, juntou-se há um mês a denúncia de Idoia Nieves, que acusou a conselheira de Economia e Finanças do Executivo navarro, Lourdes Goicoechea, de graves ingerências e intromissão nas actividades das finanças forais.

Este enésimo escândalo provocou grande agitação em Nafarroa - onde as pessoas estão fartas de ser roubadas à descarada - e a oposição pediu a demissão de Goicoechea e de Yolanda Barcina. O PSN, franchise navarra do PSOE, apostou em grande e disse a Barcina que ou convocava eleições antecipadas num prazo de quinze dias ou enfrentaria uma moção de censura.

Durante este mês, sucederam-se as acusações, as declarações dos diversos partidos e as manifestações de indignação popular. Até que o PSOE veio da sua sede de Madrid - Ferraz - para salvar a sua aliada Barcina, proibindo o PSN de levar a moção de censura por diante ou de apoiar as que fossem apresentadas por outros partidos.

É óbvio que, para o PSOE, o importante é que o constitucionalismo e o espanholismo mais rançosos continuem a governar em Nafarroa, mandando às urtigas a vontade popular. Ferraz [a sede «socialista» em Madrid] prendeu o seu cachorro Jímenez, não fosse ele pôr em causa o status quo em Nafarroa, e o PSN decidiu acatar a decisão imposta.

Nada disto nos deve surpreender. Por um lado, ainda há menos de um ano o PSN se absteve numa moção de censura contra Yolanda Barcina, permitindo que esta continuasse a governar, em plena crise dos escândalos da CAN e dos suculentos honorários cobrados. Por outro lado, mais importante ainda, Nafarroa sempre foi questão de Estado, por uma questão histórica e porque a divisão do povo basco em dois estados e em duas realidades autonómicas distintas dentro do Estado espanhol constitui um obstáculo à sua unidade, e, ao mínimo vislumbre de mudança neste panorama, todos os partidos constitucionalistas cerram fileiras em torno do Governo de Navarra e respondem com o grito de alerta: «Vêm aí os bascos!».

No dia 22 de Fevereiro, Iruñea foi palco de uma das maiores manifestações de sempre na cidade, com mais de 35 mil pessoas a reclamarem a demissão de Barcina e a convocação de eleições antecipadas. Nas últimas semanas, houve ainda muitos protestos frente à sede da UPN.

Ontem, os protestos populares voltaram a fazer-se sentir em Iruñea, só que desta vez frente à sede do PSN, para criticar a sua decisão de recuar na moção de censura a Barcina. Lá dentro, Jímenez comunicava à sua equipa a decisão tomada em Madrid, garantindo que fora acatada.

Estes acontecimentos, agora baptizados como o «Marzazo» em meios de comunicação e redes sociais, vão dar muito que falar. Uma coisa é certa: o movimento popular não irá parar e continuará a denunciar a corrupção e a impunidade de Barcina e os seus. Isto ainda não acabou. / Análise completa em lahaine.org / Fotos: protesto junto à sede do PSN (ekinklik.org)

Centenas de pessoas protestam contra o PSN/PSOE em Iruñea Ontem, centenas de pessoas protestaram contra a atitude dos «socialistas» junto à sua sede em Iruñea. / Ver: ahotsa.info

Leitura: «UPN y PSN, una historia de amor», de Borroka Garaia (BorrokaGaraiaDa)
El PSN está incapacitado por nacimiento y trayectoria para hacer valer la voluntad del pueblo navarro porque nació precisamente para lo contrario. Para negarla.