Acaba de concluir a Sessão Plenária do Parlamento de Gasteiz que aprovou a Lei de Consulta graças a um voto da Ezker Abertzalea, e desde a tribuna pressente-se qualquer coisa menos o carácter histórico de que fala o tripartido. É que está tudo visto nesta Câmara desde 2001, quando Ibarretxe deu nome a uma série de iniciativas que não chegaram a porto algum e que convertem estas sessões numa espécie de liturgia anual cada vez mais descafeinada. Há mais de cinco anos que aqui vemos o delegado do Governo espanhol, Enrique Villar, dizendo pomposamente que não desde a tribuna, levantando a mão e movendo o dedo da esquerda para a direita. Faz quatro anos que Arnaldo Otegi explicou que a esquerda abertzale dividia o seu voto para dar o sim à solução, e o não à fraude, como fez hoje Nekane Erauskin. E muita água passou debaixo da ponte desde que Josu Jon Imaz levou as mãos à cabeça na tribuna ao ver que o projecto do novo Estatuto era aprovado, com bastante mais expressividade que a cara do “nada se passa” que mostram agora Iñigo Urkullu, Andoni Ortuzar ou José Luis Bilbao, precisamente em frente dos jornalistas. Nesses três gestos se resumiram as coordenadas dos três principais agentes: o veto do Estado, a vontade da esquerda abertzale e o medo do PNV.
Está tudo visto... e está tudo dito. Em quatro horas de sessão não se escutou nenhum argumento novo, para além da ênfase posta por Ibarretxe em assegurar que o caminho que hoje se percorre chegará a algum lugar - quem sabe onde, quem sabe como, quem sabe quando. O certo, e a sessão não o desmentiu, antes pelo contrário, é que o PNV acatará o veto que imediatamente irá executar o Governo do PSOE. A partir daí, só chamamentos a unidades de acção entre os abertzales, que não casam com a prática diária dos partidos. E nenhum sinal do que estejam dispostos a fazer as forças do tripartido quando Madrid derrube a consulta.
Desde 2001, com periodicidade anual mínima, o mesmo filme numa dezena de versões diferentes: Estatuto, plano, consulta... O mesmo filme com cada vez menos suspense. Está tudo visto e ouvido. Quando começam os movimentos a sério?
Ramon SOLA
Fonte: Gara