Txabi Etxebarrieta havia profetizado dois meses antes, no manifesto da ETA para o Aberri Eguna [dia da pátria]:"Não é um segredo para ninguém que dificilmente saíremos de 1968 sem um morto". A sua premonição cumpriu-se num dia como hoje há 40 anos entre Aduna e Tolosa. Num intervalo de algumas horas, o guarda civil José Pardines era alvejado pela ETA e o próprio Etxebarrieta caia abatido em Benta Haundi, no cruzamento de caminhos que ficaria na história do País Basco.
Na primeira hora da tarde do dia 7 de Junho de 1968, Txabi Etxebarrieta, 23 anos, conduz um carro pela Guipuscoa, região pela qual é responsável da ETA. Normalmente, prefere o autocarro ou o comboio, meios de transporte mais seguros, mas nesse dia preferiu tomar um Seat Coupé, matriculado em Saragoça. Circula entre Aduna e Villabona. Ao seu lado viaja um outro activista mais jovem, Iñaki Sarasketa, de Oiartzun, com 19 anos. Vão para um encontro com Jokin Gorostidi em Beasain, para recolherem uma carga de explosivos. Dois polícias de motorizados da Guardia Civil interceptam-nos. Um de eles, galego, chamado José Pardines Arcay, agacha-se e constata que o número da matrícula não corresponde com o carro. Etxebarrieta e Sarasketa sabem que foram descobertos. Pardines tenta sacar a sua arma mas Etxebarrieta dispara primeiro. O guarda civil cai morto.
Os dois jovens fogem e encontram refúgio em Tolosa, em casa de um amigo. O cerco policial aperta-se com rapidez. Os militantes da ETA debatem o que fazer e parece que é Etxebarrieta quem toma a decisão de tentar escapar. Mas as saídas estão controladas. Apesar de ter tomado outro carro, um 600, no cruzamento de Olarrain, em Benta Haundi, a Guardia Civil espera-os e não tarde em reconhece-los. Sarasketa consegue fugir pelo campo enquanto dispara mas Etxebarrieta é cercado e agredido. Já semi-inconsciente, dois disparos à queima-roupa acabam com a sua vida.
A Guardia Civil empurra o cadáver de Txabi Etxebarrieta contra um muro de granito. São 19.00 de 7 de Junho de 1968. Em poucas horas, a ETA acaba de provocar a sua primeira vitima mortal e perde o seu primeiro activista às mãos da Guardia Civil. Abre-se uma nova fase no País Basco, sem que nada pudesse prever então que 40 anos depois continuaria aberta.
Sobre a morte de Etxebarrieta impõem-se o silêncio até que Sarasketa é detido em Errezil. De imediato se difunde oficialmente que "figurava nos arquivos policiais como membro do Comité Executivo da organização terrorista ETA", a mesma etiqueta que usam hoje.
Em Benta Haundi, a ETA deixou de ser uma organização que actuava através de murais e pichagens, colocando bandeiras bascas nos cabos de alta tensão ou sabotando símbolos franquistas. Os funerais transformaram-se numa explosão de protestos: depois da missa na igreja de Santo António (Bilbau) houve uma batalha campal e trinta detidos, em Guipuscoa contaram-se onze, em Legutio explodiu um engenho, em Bilbau apareceu uma bandeira com o seu retrato...Sarasketa foi condenado à morte em Conselho de Guerra. Em Agosto, a ETA acabava com a vida do conhecido torturador Melitón Manzanas. O confronto armado acelerava sem parar.
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