Oito membros da Coiste, uma associação de apoio a ex-presos republicanos irlandeses, ofereceram ontem uma conferência de imprensa em Bilbau, junto a alguns dos imputados no sumário 33/01. A delegação de antigos prisioneiros mostrou a sua solidariedade para com os acusados no julgamento contra o Movimento Pró-Amnistia e denunciou a “criminalização” de que são objecto.
Como destacou o advogado e acusado Julen Arzuaga, a visita irlandesa acontece num momento em que “se pretende criminalizar a denúncia da violência de Estado, a solidariedade para com os reprimidos e, concretamente, para com os presos políticos”, e num momento em que “se pretende criminalizar as propostas de resolução”. Arzuaga recordou também que, na próxima semana, o julgamento que está a decorrer na Audiência Nacional contra o Movimento Pró-Amnistia entrará na sua fase final. O advogado reconheceu que, apesar de existirem diferenças importantes, a experiência do processo irlandês pode trazer chaves para resolver a situação política em Euskal Herria, e mostrou o seu desejo de que assim seja.
Os membros da Coiste deram testemunho da sua contribuição para a resolução do conflito irlandês e reivindicaram a transcendência que teve o reconhecimento do estatuto político dos presos e a sua intervenção nas negociações que frutificaram no acordo de Sexta-feira Santa. E destacaram que o Governo britânico e todos os agentes implicados se esforçaram por encontrar uma solução política, o que contrasta com a aposta “repressiva” empreendida pelo Estado espanhol depois do falhanço do processo de negociações, como criticou Arzuaga.
O director da Coiste, Michael Coulbert, explicou que a associação a que pertence representa os interesses de aproximadamente 16 000 ex-prisioneiros republicanos e das suas famílias, e assinalou que a realidade que puderam conhecer de Euskal Herria “é algo que sucedeu na Irlanda, onde a vontade das autoridades britânicas era criminalizar todo o movimento republicano”. Não obstante, ressaltou que o Governo britânico “teve que mudar de parâmetros e passar dessa ideia de criminalização para um cenário de diálogo e, posteriormente, de negociação”.
Coulbert especificou que a organização de que faz parte é “reconhecida” pelos partidos políticos, agentes sociais e instituições internacionais, e que a sua actividade é “pública”.
Impossível ilegalizar
Segundo indicou, participa abertamente em conferências e encontros que se organizam no parlamento de Stormont ou nos que realiza o Governo da Irlanda do Norte. O ex-preso republicano declarou que os “contactos” que mantém com os restantes agentes sociais e políticos lhe outorga o “reconhecimento” e a “legitimidade” para fazer propostas e fazer política na sua condição de ex-preso político. “É algo que aconteceu antes e depois da minha libertação”, acrescentou.
Na sua perspectiva, é “impossível” ilegalizar a actividade a favor dos presos políticos, e deu como exemplo o facto de a organização que representa receber fundos e financiamento do Parlamento Europeu desde 1997, um ano antes de se terem cristalizado os acordos de resolução.
Coulbert trouxe à colação a visita de um ministro da África do Sul, no ano passado, que lhes fez saber que o principal escolho que encontraram para dar uma solução ao conflito foi a desmilitarização e a entrega das armas, que se resolveu também nesse caso com o reconhecimento das raízes políticas do conflito. “O que ajudou a superar essas reticências foi o reconhecimento expresso da natureza política da resolução”, declarou. Por isso, insistiu na ideia de que, sem a participação activa dos prisioneiros políticos, não teria sido possível que “as armas se fossem embora” e houvesse “métodos de trabalho baseados noutros parâmetros e se desse um impulso decisivo a um processo de paz aberto”.
Diálogo e negociação
Por seu lado, Sean Lynch recordou que, quando foi detido e gravemente ferido pelo exército britânico, em 1986, o condenaram como “criminoso” a uma pena de 29 anos de prisão, mas que, com o avanço das negociações, se começaram a libertar os presos políticos e, dessa forma, “se superou a criminalização e se passou a atribuir o estatuto político aos presos”. Lynch destacou ainda que, para que o processo de paz tivesse êxito, uma das chaves foi “a inclusão de todos os agentes e sujeitos do conflito, e a abordagem de todos os problemas que estavam na sua origem”. O ex-preso republicano opinou também que, para que a experiência da Irlanda possa funcionar em Euskal Herria, os três elementos básicos são “comunicação, diálogo e negociação”.
Como destacou o advogado e acusado Julen Arzuaga, a visita irlandesa acontece num momento em que “se pretende criminalizar a denúncia da violência de Estado, a solidariedade para com os reprimidos e, concretamente, para com os presos políticos”, e num momento em que “se pretende criminalizar as propostas de resolução”. Arzuaga recordou também que, na próxima semana, o julgamento que está a decorrer na Audiência Nacional contra o Movimento Pró-Amnistia entrará na sua fase final. O advogado reconheceu que, apesar de existirem diferenças importantes, a experiência do processo irlandês pode trazer chaves para resolver a situação política em Euskal Herria, e mostrou o seu desejo de que assim seja.
Os membros da Coiste deram testemunho da sua contribuição para a resolução do conflito irlandês e reivindicaram a transcendência que teve o reconhecimento do estatuto político dos presos e a sua intervenção nas negociações que frutificaram no acordo de Sexta-feira Santa. E destacaram que o Governo britânico e todos os agentes implicados se esforçaram por encontrar uma solução política, o que contrasta com a aposta “repressiva” empreendida pelo Estado espanhol depois do falhanço do processo de negociações, como criticou Arzuaga.
O director da Coiste, Michael Coulbert, explicou que a associação a que pertence representa os interesses de aproximadamente 16 000 ex-prisioneiros republicanos e das suas famílias, e assinalou que a realidade que puderam conhecer de Euskal Herria “é algo que sucedeu na Irlanda, onde a vontade das autoridades britânicas era criminalizar todo o movimento republicano”. Não obstante, ressaltou que o Governo britânico “teve que mudar de parâmetros e passar dessa ideia de criminalização para um cenário de diálogo e, posteriormente, de negociação”.
Coulbert especificou que a organização de que faz parte é “reconhecida” pelos partidos políticos, agentes sociais e instituições internacionais, e que a sua actividade é “pública”.
Impossível ilegalizar
Segundo indicou, participa abertamente em conferências e encontros que se organizam no parlamento de Stormont ou nos que realiza o Governo da Irlanda do Norte. O ex-preso republicano declarou que os “contactos” que mantém com os restantes agentes sociais e políticos lhe outorga o “reconhecimento” e a “legitimidade” para fazer propostas e fazer política na sua condição de ex-preso político. “É algo que aconteceu antes e depois da minha libertação”, acrescentou.
Na sua perspectiva, é “impossível” ilegalizar a actividade a favor dos presos políticos, e deu como exemplo o facto de a organização que representa receber fundos e financiamento do Parlamento Europeu desde 1997, um ano antes de se terem cristalizado os acordos de resolução.
Coulbert trouxe à colação a visita de um ministro da África do Sul, no ano passado, que lhes fez saber que o principal escolho que encontraram para dar uma solução ao conflito foi a desmilitarização e a entrega das armas, que se resolveu também nesse caso com o reconhecimento das raízes políticas do conflito. “O que ajudou a superar essas reticências foi o reconhecimento expresso da natureza política da resolução”, declarou. Por isso, insistiu na ideia de que, sem a participação activa dos prisioneiros políticos, não teria sido possível que “as armas se fossem embora” e houvesse “métodos de trabalho baseados noutros parâmetros e se desse um impulso decisivo a um processo de paz aberto”.
Diálogo e negociação
Por seu lado, Sean Lynch recordou que, quando foi detido e gravemente ferido pelo exército britânico, em 1986, o condenaram como “criminoso” a uma pena de 29 anos de prisão, mas que, com o avanço das negociações, se começaram a libertar os presos políticos e, dessa forma, “se superou a criminalização e se passou a atribuir o estatuto político aos presos”. Lynch destacou ainda que, para que o processo de paz tivesse êxito, uma das chaves foi “a inclusão de todos os agentes e sujeitos do conflito, e a abordagem de todos os problemas que estavam na sua origem”. O ex-preso republicano opinou também que, para que a experiência da Irlanda possa funcionar em Euskal Herria, os três elementos básicos são “comunicação, diálogo e negociação”.
Fonte: Gara