segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As denúncias de tortura dos jovens encarcerados aumentam


Os relatos de tortura dos jovens encarcerados no sábado à noite juntam-se às denúncias realizadas pelos seus companheiros nos dias anteriores. Estes relatos evidenciam que quanto maior é o período de incomunicação maior é o número de denúncias de tortura e inclusive mais grave a natureza dos maus tratos a que submetem os detidos. Tocamentos, agressões físicas e armas apontadas contra si foram alguns dos episódios vividos pelos jovens independentistas.

Tocamentos, simulação de violações, socos contínuos na cabeça e nos órgãos genitais, ameaças com injecções de droga, horas em posturas forçadas, insultos e pressões psicológicas. Estes são alguns dos testemunhos recolhidos pelos familiares e advogados dos 31 jovens independentistas encarcerados por ordem do juiz Fernando Grande Marlaska.

Conforme eram presentes ao magistrado do tribunal de excepção e abandonavam o regime de incomunicação em que tinham estado, sob controlo da Guarda Civil ou da Polícia espanhola, os jovens encarcerados iam dando conta da forma como tinham sido tratados nas mãos dos seus captores. Os maus tratos iam-se agravando à medida que se alargava o período de incomunicação e, enquanto a maioria dos jovens enviados para a prisão na quinta-feira davam conta de torturas psicológicas, os que estiveram quatro dias nas mãos dos seus captores já alertavam para o facto de as torturas não terem sido apenas psicológicas.

As donostiarras Maialen Eldua e Garazi Rodríguez, encarceradas no sábado, relataram ter sido apalpadas pelos agentes, bem como ter sofrido «ameaças de violação e assassinato». Ambas indicaram, de acordo com o primeiro resumo das denúncias de tortura efectuadas por estes jovens que o Movimento pró-Amnistia emitiu, que tinham sido obrigadas a permanecer apenas com a parte de baixo da roupa interior durante os interrogatórios e que «foram tocadas e beijadas da cintura para cima» pelos polícias.

Neste resumo afirma-se também que outro dos jovens encarcerados no sábado, sem que se especifique a sua identidade, foi vítima de «uma simulação de violação». E refere-se com detalhe que outro foi picado nas costas com uma seringa, depois de lhe terem dito que o iam drogar.

A maior parte dos jovens que foram mandados para a prisão no sábado - além das donostiarras, o elorrioarra Ibai Esteibarlanda, o sestaoarra Mikel Totorika, o tolosarra Haritz López, o andoaindarra Euken Villasante e os jovens gasteiztarras Aitor Liguerzana, Unai Ruiz e Jagoba Apaolaza -, denunciaram ter levado socos sem parar na cabeça, terem sido ameaçados com «o saco» e sido forçados a permanecer em posturas forçadas.

O Movimento pró-Amnistia recolhe também as denúncias realizadas pelos gasteiztarras Néstor Silva, Zumai Olalde e Jon Anda; os donostiarras Eihar Egaña e Aitziber Arrieta; os sestaoarras Idoia Iragorri e Nahaia Aguado; a habitante de Barañain Garbiñe Urra; a amezketarra Irati Mujika; Xumai Matxain, de Zaldibia; e o iruindarra Oier Zuñiga, todos eles encarcerados na sexta-feira. Nas denúncias de tortura também se incluem agressões sexuais, obrigação de realizar exercícios físicos, «o saco» e agressões repetidas na cabeça com um livro, entre outras formas de maus tratos.

Um jovem denunciou ainda, segundo o relatório emitido, que a caminho a Madrid os agentes pararam o veículo e disseram que iam ver o local em que se encontra o militante político desaparecido Jon Anza. Outro testemunho afirma-se que um jovem foi «obrigado a pegar numa arma em jeito de chantagem», e outros garantem que lhes apontaram armas durante os interrogatórios.

O Movimento pró-Amnistia também relata que «um jovem foi forçado a deitar-se numa cama, onde os agentes lhe caíram em cima».

Em Andoain 120 personas denunciaram esta operação ontem e hoje realizarão outra marcha, tal como em Sestao.
Notícia completa: Gara
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ERREPRESIORIK EZ! TORTURARIK EZ!