As 34 detenções ocorridas no princípio desta semana no País Basco Sul visaram o movimento de jovens independentistas Segi. Amaia Elixiri e Eneko Aldana abordam novamente essa questão e apresentam a nova campanha, que se baseará num trabalho realizado com o conjunto da juventude do País Basco Norte.
Entrevista a Amaia Elixiri e Eneko Aldana, membros do movimento juvenil SEGI.
Antes de mais, que leitura fazem das detenções no País Basco Sul?
Para nós, estas detenções são uma resposta à iniciativa do processo democrático apresentada recentemente pela esquerda abertzale. São um sinal de que o Governo espanhol não quer dialogar de forma alguma e responde com uma repressão selvagem.
O seu objectivo é fazer desaparecer a esquerda abertzale e não caminhar em direcção à resolução do conflito. O que só vem confirmar o que as detenções de membros da esquerda abertzale ocorridas há um mês atrás pressagiavam, quando foram presos, entre outros, Arnaldo Otegi e Rafa Diez.
Estas detenções inscrevem-se num processo de criminalização de toda uma juventude que se organiza e propõe alternativas para o conflito que o País Basco vive. Com a concentração que convocámos na sexta-feira, quisemos mostrar que este acto se destina ao conjunto da população e que a nossa resposta visa naturalmente apoiar as pessoas detidas mas também continuar a trabalhar da mesma maneira e encontrar soluções.
A imprensa espanhola fala de golpe contra a direcção do movimento. O que é que vocês pensam?
É evidente que não prenderam ao acaso. Trata-se de jovens que lutam e trabalham todos os dias. O Governo espanhol teme estas pessoas e entende que desta forma está a mostrar o destino reservado a todos os jovens ou pessoas que desejem lutar por todos os meios contra ele.
Por outro lado, vocês anunciaram o início de uma nova campanha. Em que consiste?
Esta nova campanha vai durar quatro meses e terminará em Fevereiro. Estrutura-se à volta do slogan «Pour l'avenir du Pays Basque, Euskal Gazteria Aintzina» e tem como meta encontrarmos pelo menos 300 jovens em todo o País Basco Norte. Jovens que estão em associações como o EHZ Festibala, do domínio cultural, desportivo, dos gaztetxes, etc. Convém deixar claro que nós não vamos até eles com o propósito de os convencer, mas para discutir com eles a situação que a juventude vive no País Basco. Nos últimos meses, fomos confrontados com algumas acções que visam criminalizar uma juventude que se organiza e vimos como Junho quatro jovens foram encarcerados: Xan, Gilen, Ibai e Eneko.
Desejamos estar com jovens que trabalham em diferentes áreas porque todos, à sua maneira, contribuem para a construção de uma identidade abertzale. Consideramos que hoje é necessário unir toda esta juventude de forma a responder ao Estado francês. Para além da repressão, o Estado francês pôs em prática dispositivos que conduzem ao esmagamento da nossa identidade. É o caso, por exemplo, das federações francesas para o desporto, mas também para os grupos de dança, que se encontram numa situação de impasse face ao folclore.
Assim, em Fevereiro vamos organizar, para marcar o final da campanha, um Gazte Eguna que tem por fito reunir o conjunto de pessoas que tivermos encontrado. Será um dia da juventude, com diversas actividades e concertos à noite. Mas, antes disso, vamos organizar dois encontros: este sábado [ontem] no gaztetxe de Donaixti, em que participarão as bandas musicais Moho, Vicepresidentes e Naizroxa, e a 5 de Dezembro, em Ustaritze, haverá uma reunião pública em que a Askatasuna fará um balanço da repressão, dos ataques contra a juventude, seguido de um debate, em que a Segi intervirá, para analisar estas últimas detenções.
Por outro lado, não acham que existe um desfasamento em relação a uma parte da juventude no País Basco Norte?
É evidente que os problemas dos jovens no País Basco Norte são os mesmos para todos, seja a nível social, económico, escolar, de emprego e, claro está, de habitação. Actualmente, só uma parte dos jovens é que se mobiliza e nós queremos dar as ferramentas, reflectir em conjunto sobre estes problemas, e por isso fazemos um apelo a todos os jovens no sentido de participarem nos encontros.
F.O.
Fonte: lejournalPaysBasque - EHko Kazeta
Entrevista a Amaia Elixiri e Eneko Aldana, membros do movimento juvenil SEGI.
Antes de mais, que leitura fazem das detenções no País Basco Sul?
Para nós, estas detenções são uma resposta à iniciativa do processo democrático apresentada recentemente pela esquerda abertzale. São um sinal de que o Governo espanhol não quer dialogar de forma alguma e responde com uma repressão selvagem.
O seu objectivo é fazer desaparecer a esquerda abertzale e não caminhar em direcção à resolução do conflito. O que só vem confirmar o que as detenções de membros da esquerda abertzale ocorridas há um mês atrás pressagiavam, quando foram presos, entre outros, Arnaldo Otegi e Rafa Diez.
Estas detenções inscrevem-se num processo de criminalização de toda uma juventude que se organiza e propõe alternativas para o conflito que o País Basco vive. Com a concentração que convocámos na sexta-feira, quisemos mostrar que este acto se destina ao conjunto da população e que a nossa resposta visa naturalmente apoiar as pessoas detidas mas também continuar a trabalhar da mesma maneira e encontrar soluções.
A imprensa espanhola fala de golpe contra a direcção do movimento. O que é que vocês pensam?
É evidente que não prenderam ao acaso. Trata-se de jovens que lutam e trabalham todos os dias. O Governo espanhol teme estas pessoas e entende que desta forma está a mostrar o destino reservado a todos os jovens ou pessoas que desejem lutar por todos os meios contra ele.
Por outro lado, vocês anunciaram o início de uma nova campanha. Em que consiste?
Esta nova campanha vai durar quatro meses e terminará em Fevereiro. Estrutura-se à volta do slogan «Pour l'avenir du Pays Basque, Euskal Gazteria Aintzina» e tem como meta encontrarmos pelo menos 300 jovens em todo o País Basco Norte. Jovens que estão em associações como o EHZ Festibala, do domínio cultural, desportivo, dos gaztetxes, etc. Convém deixar claro que nós não vamos até eles com o propósito de os convencer, mas para discutir com eles a situação que a juventude vive no País Basco. Nos últimos meses, fomos confrontados com algumas acções que visam criminalizar uma juventude que se organiza e vimos como Junho quatro jovens foram encarcerados: Xan, Gilen, Ibai e Eneko.
Desejamos estar com jovens que trabalham em diferentes áreas porque todos, à sua maneira, contribuem para a construção de uma identidade abertzale. Consideramos que hoje é necessário unir toda esta juventude de forma a responder ao Estado francês. Para além da repressão, o Estado francês pôs em prática dispositivos que conduzem ao esmagamento da nossa identidade. É o caso, por exemplo, das federações francesas para o desporto, mas também para os grupos de dança, que se encontram numa situação de impasse face ao folclore.
Assim, em Fevereiro vamos organizar, para marcar o final da campanha, um Gazte Eguna que tem por fito reunir o conjunto de pessoas que tivermos encontrado. Será um dia da juventude, com diversas actividades e concertos à noite. Mas, antes disso, vamos organizar dois encontros: este sábado [ontem] no gaztetxe de Donaixti, em que participarão as bandas musicais Moho, Vicepresidentes e Naizroxa, e a 5 de Dezembro, em Ustaritze, haverá uma reunião pública em que a Askatasuna fará um balanço da repressão, dos ataques contra a juventude, seguido de um debate, em que a Segi intervirá, para analisar estas últimas detenções.
Por outro lado, não acham que existe um desfasamento em relação a uma parte da juventude no País Basco Norte?
É evidente que os problemas dos jovens no País Basco Norte são os mesmos para todos, seja a nível social, económico, escolar, de emprego e, claro está, de habitação. Actualmente, só uma parte dos jovens é que se mobiliza e nós queremos dar as ferramentas, reflectir em conjunto sobre estes problemas, e por isso fazemos um apelo a todos os jovens no sentido de participarem nos encontros.
F.O.
Fonte: lejournalPaysBasque - EHko Kazeta