sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eurodeputados do grupo Friendship pedem à UE que promova um processo de paz em Euskal Herria

O «grupo de apoio a um processo de paz em Euskal Herria» apresentado no Parlamento Europeu em 2006 considera que a declaração da esquerda abertzale representa «um passo de grande importância para alcançar um cenário de paz», pelo que exorta todas as partes envolvidas no conflito a «reagirem com responsabilidade». À UE, pede-lhe que «apoie e promova um processo» de resolução.

A eurodeputada irlandesa Bairbre de Brún (Sinn Féin) e a letã Tatjana Zdanoka, dos grupos GUE-NGL e Verdes-ALE, respectivamente, deram na quarta-feira passada uma conferência de imprensa no Parlamento Europeu em representação do Friendship «Para um Processo de Paz no País Basco», na qual saudaram «calorosamente» a declaração política apresentada no sábado passado em Altsasu por uma centena de destacados militantes da esquerda abertzale.

Na sua opinião, trata-se de «um passo de grande importância» que «possibilita um cenário positivo que pode resultar num processo de paz», pelo que pediram a todas as partes envolvidas no conflito político que «reajam com responsabilidade» e se comprometam «num processo que se encaminhe para conversações de paz».

Para o Friendship, a «única solução válida» para todos é aquela que se alcançar através de um acordo multilateral e «que se baseie no diálogo, na utilização de vias pacíficas e democráticas e que outorgue aos bascos o direito de decidirem livremente sobre o seu futuro».

Petição à União Europeia
Tendo em vista a cimeira que os chefes de Estado e de Governo da União Europeia tinham ontem em Bruxelas, as eurodeputadas aproveitaram para pedir à UE e aos Vinte e Sete que «apoiem e promovam um processo de paz no País Basco», manifestando simultaneamente a sua esperança de que a próxima presidência espanhola «seja frutífera na busca de uma solução pacífica» para o conflito político.
O «grupo de apoio para um processo de paz» reclamou também a libertação de Arnaldo Otegi e de todos os militantes independentistas detidos pela sua actividade política e fez especial menção ao caso de Karmelo Landa, cuja detenção foi considerada «arbitrária» pelo Grupo de Trabalho sobre a Detenção Arbitrária da ONU.
O Friendship expressa o seu desejo de continuar a trabalhar para a resolução do conflito.
Fonte: lahaine.org

Ver também:
«O Friendship coloca a declaração de Altsasu na agenda da UE»
http://www.gara.net/paperezkoa/20091119/167431/es/El-Friendship-coloca-declaracion-Altsasu-agenda-UE
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O comboio de Altsasu chega a Estrasburgo sem passar por Madrid

Alguns meios etiquetaram a declaração de Altsasu de «proposta», outros de «oferta»... Mas, tendo em conta o texto, parece mais acertado falar de «iniciativa». A novidade reside no facto de que nesta ocasião não existe acordo prévio com ninguém: nem com o Governo espanhol, como em 2005, nem com as formações abertzales, como em 1998. Mas, por outro lado, há uma vontade de acordo futuro com todos. Há um caminho que se fará andando. Por isso, iniciativa é a palavra que melhor define o movimento, na medida em que é unilateral.

Que não exista acordo prévio pode parecer mau à partida, mas também apresenta uma vantagem extra: não depender de ninguém, só das próprias forças e da capacidade de convencer o resto. Por trás de etiquetas como «proposta» ou «oferta» esconde-se uma pequena armadilha: conceder a Madrid a capacidade de a vetar (e disso os bascos já têm exemplos de sobra). Que o Governo espanhol optaria pelo desprezo inicial era mais que sabido, mas o comboio que começoou a andar no sábado em Altsasu tem muito caminho pela frente e diversos carris para poder circular. E, como prova disso, chegou já a Estrasburgo sem passar por Madrid. Que o Estado se sente numa mesa de negociação será só uma mais estação, porventura a última. Para o conseguir será imprescindível acertar no trajecto e encher as carruagens, até que se sinta sozinho na plataforma.

Ramón SOLA
Fonte: Gara