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Foi há quatro anos que a Ahaztuak 1936-1977 e a Comissão de Festas de Erromo decidiram realizar pela primeira vez um acto em memória de Félix, no decorrer do qual foi afixada uma placa evocativa dos factos ocorridos a 2 de Agosto. Em simultâneo, a Ahaztuak 1936-1977 lutava para que Félix Arnaiz Maeso fosse reconhecido como vítima do franquismo, pelos seus direitos, bem como o dos seus familiares à verdade, à reparação e à justiça.
Esta luta deu os seus frutos. Há alguns meses, Félix Arnaiz foi reconhecido como «vítima da violência policial», no âmbito do «Decreto de Vítimas Policiais» implementado pelo Governo de Gasteiz, e os seus familiares receberam a verba estipulada ao abrigo desse decreto - o que, para a Ahaztuak, constitui mais um incentivo para continuar a lutar pelo esclarecimento completo do crime e pelo apuramento de responsabilidades. / Ver: ahaztuak 1936-1977
[Retirado, com alterações, de «Homenagem em Erromo: Félix Arnaiz, um pouco menos esquecido»]
Os factos ocorreram no dia 2 de Agosto de 1969, por volta da uma da manhã. Um grupo de jovens cantava e divertia-se frente ao Bar Vega, ao lado da antiga estação ferroviária de Areeta. O então vice-presidente da Câmara Municipal de Getxo, que residia no local, chamou a Polícia Municipal. De acordo com testemunhas, os agentes apareceram no local «bastante alterados».
Confrontados com a situação, os jovens decidiram ir até ao Bar Pako, na Kale Nagusia, perto da Ponte Suspensa. Pouco depois, os jovens regressaram novamente às festas e, quando chegaram à passagem de nível, «apareceu numa esquina um agente da Polícia Municipal de pistola na mão», e apontou-a a um dos jovens. Este agarrou-lhe a mão de forma instintiva, conseguindo assim desviar os dois disparos efectuados pelo polícia. Foi preso de imediato e metido numa viatura policial.
Testemunhas recordam que, pouco depois de o detido ser metido na viatura, se ouviu um disparo, efectuado pelo referido polícia municipal - ao que parece, um antigo agente da Guarda Civil que vivia no bairro. «Encostou a pistola ao peito de Félix Arnaiz e matou-o», dizem as testemunhas.
Esta versão não coincide com a das autoridades - a que foi divulgada pelos jornais -, que chegaram a qualificar a morte como «acidente fortuito», dizendo que o polícia municipal tinha disparado a arma numa «disputa» com outra pessoa e que Félix Arnaiz Maeso tinha sido atingido como «mero espectador».
Depois da morte do jovem morador de Erromo/Itzubaltzeta, as festas foram suspensas em sinal de luto, de protesto e solidariedade. / Ver: aseh