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Entre as várias preocupações manifestadas, uma diz respeito ao facto de se «manter em vigor a Lei da Amnistia de 1977, que impede a investigação das violações dos direitos humanos do passado, em particular dos crimes de tortura, desaparecimentos forçados e execuções sumárias». Neste sentido, o Comité faz uma série de recomendações com vista à eliminação de «lacunas e deficiências», à facilitação do trabalho de localização e identificação de desaparecidos e à reparação das vítimas. Da mesma forma, recomenda ao Estado espanhol que proceda à identificação dos responsáveis dos crimes do passado, bem como ao seu processamento judicial.
Maus-tratos e tortura
Outra questão que preocupa o Comité são «as denúncias de uso excessivo da força, incluindo tortura e maus-tratos, por parte de agentes do Estado, em particular no âmbito de protestos de cidadãos». Os membros do Comité criticam «as debilidades nas investigações das queixas e as sanções», e mostram-se preocupados pela concessão de indultos a polícias condenados pelo crime de tortura, «facto que contribui para uma sensação de impunidade por parte dos agentes do Estado».
Além de instar Madrid «a redobrar esforços para prevenir e eliminar a tortura e os maus-tratos», apela para que a investigação de «todas as queixas de tortura ou maus-tratos seja realizada de forma rápida, completa e independente» e para que «os responsáveis destes actos sejam presentes à justiça». O Comité recomenda que se garanta a reparação adequada às vítimas de maus-tratos, pede ao Estado espanhol que «proíba a concessão de indultos a culpados do crime de tortura» e recomenda, mais uma vez, que sejam tomadas medidas para acabar com o regime de incomunicação.
«Devoluções a quente»
Sobre as chamadas «devoluções a quente» de migrantes em Ceuta e Melilla, o Comité mostra-se preocupado pela falta de garantias que envolvem essas expulsões sumárias. Assim, insta o Estado espanhol a rever» a Lei de Segurança Cidadã, por forma a «garantir que todas as pessoas que solicitam protecção internacional tenham acesso a processos de avaliação justos e individualizados».
Neste contexto, os membros do Comité mostram-se preocupados sobre os «relatórios frequentes que dão conta de denúncias de maus-tratos durante as operações de expulsão de imigrantes, incluindo solicitantes de asilo em Ceuta e Melilla, tanto pelas autoridades espanholas como pelas marroquinas que actuam em território espanhol». / Ver: naiz