sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Três histórias para levar «os nossos temas» a um público mais vasto

Riomundo, de Jon Maia; Ecce Homo, de Laura Mintegi; e El año del Tifus são três obras inicialmente escritas em euskara que a editorial navarra Txalaparta publicou em versão castelhana. Os autores concordaram que estas edições vão dar uma segunda vida a livros que escreveram a pensar no público euskaldun, aumentando-lhes o espectro de leitores.

«Traduzir Riomundo implica construir mais uma ponte entre dois mundos: o dos falantes de basco e o dos falantes de castelhano», explicou ontem Jon Maia, «e não me refiro unicamente ao idioma, mas ao conteúdo da obra: a história de uma família emigrante, uma viagem da Extremadura para Euskal Herria, uma história de integração».

O romance, como referiu Maia, foi escrito para dar a conhecer ao leitor euskaldun o esforço que centenas de famílias realizaram nos tempos de Franco, quando emigraram para Euskal Herria, como é o seu próprio caso. «Agora, o leitor de fala castelhana poderá identificar-se com esta história».

O protagonista é o tio de Maia, Tito, que se encontra preso numa prisão francesa. José Campo Barandiaran, também encarcerado, foi quem traduziu «carta a carta». Maia terminou a sua intervenção dizendo que, «da mesma forma que a sua versão em euskara foi uma ponte a partir da margem dos que vieram até aos euskaldunes, alegra-me que essa ponte tenha agora duas direcções. A situação de Euskal Herria jamais se normalizará se não existir uma aproximação entre as duas margens e não nos conhecermos».

Movimentos sociais
Ecce homo, de Laura Mintegi, versa sobre «um fenómeno muito nosso: os movimentos sociais». A história centra-se num grupo que quer evitar uma construção em Urdaibai, «mas no momento da escrita tive em mente Lemoiz, o TGV...». Traduzido por Bego Montorio, Mintegi manifestou ter grande interesse e curiosidade em saber como será entendida esta história fora das nossas fronteiras.
«Com este livro aprendi que, no momento de fazer política, do ponto de vista do género - e não do sexo -, há que o fazer no feminino: isto é, uma política horizontal e não vertical, e é isso que se dá nos movimentos sociais».

A caça à baleia
El año del Tifus, de Edorta Jimenez e traduzido por José Luis Padrón, é a segunda parte da trilogia «El mar de las bestias», cuja primeiro volume também se encontra traduzido (Voces de ballena).
Jimenez viaja até ao século XVI e faz-nos entrar na vida dos bascos na caça à baleia, a sua presença na Invencível Armada e na época dos grandes conflitos religiosos. Na tentativa de reconstruir a história, o autor depara com histórias como a de Mihurubi. «Entre os mortos da Armada figura um Mihurubi, de Gipuzkoa», relatou. «Pus-me a olhar e imaginei um lugar chamado Mihurubi, em Getaria. Bem, en Azkizu, Getaria precisamente, existe uma quinta que se chama assim».

Ane ARRUTI
Fonte: Gara

Na foto, da esquerda para a direita, Jon Maia, Mikel Soto e Laura Mintegi.